6º DOMINGO
DA PÁSCOA
13 DE MAIO DE 2012 –
N. SRA. FÁTIMA E DIA DAS MÃES
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“A Igreja se
reconhece servidora do Deus da vida. A nova época que, pela graça deste mesmo
Deus, haverá de surgir precisa ser marcada pelo amor e pela valorização da
vida, em todas as suas dimensões”
(CNBB DGAE.
DOC 94, n.66)
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Leituras:
Atos 10, 25-27.34-35.44-48;
Salmo 98 (97), 1.2-ab.3cd-4 (R/. cf 2b);
Primeira
Carta de João 4, 7-10;
João 15, 9-17.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Aleluia irmãos e irmãs! Recebemos hoje o mandamento de
Jesus: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Neste mundo em que vivemos
marcados muitas vezes pela intolerância e individualismo, acabamos nos
esquecendo do amor que devemos ter para com os outros. Que esta celebração de
hoje nos ajude nesta tarefa do amor. Hoje também lembramos nossas queridas
mães, as quais têm em Maria sua referência maior de doação, de presença silenciosa
e amorosa aos filhos.
1. Situando-nos
brevemente
Celebramos hoje o domingo como
evangelho do mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. O
amor é dom e missão. O Ressuscitado nos confia a missão de repartir e de
multiplicar seu amor, para que nossa alegria seja completa.
A liturgia deste 6º domingo do
Tempo Pascal convida-nos a contemplar o amor de Deus, revelado na pessoa, nos
gestos e nas palavras de Jesus e atualizado na vida e nas ações de seus
seguidores. As mães que, com carinho lembramos neste dia, são expressão do amor
de Deus para com seu povo.
Celebremos a páscoa de Jesus que se
revela em todas as pessoas e grupos que se deixam conduzir pelo Espírito do
amor. Dão continuidade à missão do Filho de Deus por seus gestos solidários em
favor dos excluídos da sociedade egoísta e concentradora de bens.
2.
Recordando a Palavra
Jesus e os discípulos estão em
Jerusalém. Eles estão apreensivos diante do que poderá acontecer com o Mestre.
Jesus, numa conversa bem franca, durante a ceia, lhes revela que ele os
escolheu, os considera seus amigos e colaboradores da missão. Em continuidade
ao domingo passado, Jesus insiste na unidade que deve haver entre ele e os
discípulos, a exemplo da relação cultivada entre ele e o Pai. O êxito da missão
está alicerçado na relação de amor: “Permanecei no meu amor. Se observardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu amor...”.
Os mandamentos se resumem na observância
do amor Amar-vos “uns aos outros como ele nos amou”! Jesus vai além dos
critérios do Antigo Testamento: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv
19,18). O novo mandamento consiste no “amai-vos uns aos outros como eu vos
amei”. A doação da própria vida por amor se traduz na prova de que os
discípulos são, de fato, amigos de Jesus. “Vós sois meus amigos se fizerdes o
que vos mando”.
Aos discípulos como amigos, Jesus
não esconde os segredos do Pai. “Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer
tudo o que ouvi de meu Pai”. Neste clima, Jesus e os discípulos convivem numa
perfeita confiança. Os discípulos foram escolhidos para doarem a vida pela
humanidade em perfeita unidade com ele.
Jesus lhes faz um último alerta: a
eficácia (frutos) e a credibilidade da missão não estão tanto condicionadas à
quantidade, quando à intensidade de relação de amor e da mútua colaboração. O
Pai enviará o Espírito e capacitará à missão aqueles que se identificarem com
Jesus na doação de sua vida. A marca registrada da missão dos discípulos é o
“amor mútuo” (Evangelho).
A Boa Nova do Reino anunciado por
Jesus difunde-se aos homens e mulheres de todas as raças e nações. O testemunho
que nos é narrado neste domingo tem como cenário a grande cidade de Cesareia,
na costa da Palestina. Pedro é acolhido por Cornélio, oficial romano
responsável, em Cesareia, por uma unidade básica das legiões romanas. Ouvindo a
palavra de Pedro, o oficial e sua família se convertem. Uma conversão que se
reveste de significação especial para a expansão do cristianismo entre os
gentios (1ª Leitura).
Diante da notícia de que o anúncio
da Boa Nova de Jesus suscita novos seguidores, o ministro do Salmo convida a
cantar: “Cantemos com alegria, pois ‘O Senhor fez conhecer a salvação, revelou
sua justiça às nações’” (Sl 98).
O Apóstolo João escreve às
comunidades da Ásia Menor. Ali, os cristãos, face às influencias de certas
seitas heréticas, estavam atravessando uma crise, vacilantes quando à
verdadeira fé. O mandamento do amor ao próximo era veemente negado por tais
seitas. Para João, o amor ao próximo é exigência básica para a fé cristã. Deus
é amor. Ninguém pode dizer que está em
comunhão com ele se não se deixar contagiar por seu amor, amando ao próximo (2ª
Leitura).
3.
Atualizando a Palavra
O sexto domingo da Páscoa dá
continuidade à temática da união vital e fecunda entre a videira e os ramos.
Esta é a união do amor que se expande do Pai ao Filho, do Filho aos discípulos
e dos discípulos a todas as pessoas. O Pai quer congregar a todos no mesmo amor.
Estamos no contexto de despedida de
Jesus. Tudo acontece naquela noite de despedida, durante uma “ceia”. Jesus está
se despedindo e deixando as suas recomendações. As palavras de Jesus soam como
um “testamento final”. Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos
vão continuar no mundo. Convida-nos a seguir o caminho de entrega a Deus e de
amor radical aos outros.
“Amai-vos uns aos outros como eu
vos amei”. Traduzidos em vida pela comunidade dos seguidores de Jesus, os
mandamentos deixam de ser normas externas, obrigações a serem cumpridas, para
se tornarem a expressão clara do amor dos discípulos e de sua sintonia com
Jesus.
O dialogo de Jesus com seus
discípulos, com tom de despedida, tem, no horizonte, o mistério da cruz e a
continuidade da missão. Uma cena que evoca a realidade de tantas mães que, na
eminência de sua partida, reúne os filhos e, com emoção, transmite-lhes as
últimas recomendações que se traduzem em verdadeiros referencias para a vida.
“Permaneçam unidos, no mútuo amor!”
Assim como a relação amorosa entre
irmãos eterniza as palavras de uma mãe, a relação de amor entre cristãos, em
determinada comunidade de fé, eterniza o mandamento novo: “amai-vos uns aos
outros como eu vos amei”. A comunidade eclesial é, por excelência, o lugar de
vivência do mandamento do amor deixado por Jesus. O que dá visibilidade à
vivência do amor são as obras de caridade solidária como expressão de doação
total de si mesmo. O amor não pode ser apenas com palavras, mas com fatos e na
verdade. “Vós sois meus amigos”.
Pertencer à comunidade dos “amigos
de Jesus” é aceitar o convite que ele nos faz para colaborar na missão que o
Pai lhe confiou e que consiste em testemunhar no mundo o projeto salvador de
Deus para a humanidade. Aos “amigos” de Jesus, cabe revelar, em gestos, o
grande amor de Deus a cada homem e mulher – e especial aos pobres, aos
marginalizado, aos doentes, aos pequenos, aos oprimidos.
Compete aos “amigos de Jesus” a
missão de eliminar o sofrimento, o egoísmo, a miséria, a injustiça, enfim tudo
o que oprime e escraviza os irmãos e desfigura a obra criada. É ainda missão
dos “amigos de Jesus” serem mensageiros da justiça, da paz, da reconciliação,
da esperança; Aos membros da comunidade dos amigos de Jesus compete labutar
contra os mecanismo que geram violência, medo e insegurança. O amor é dom e
missão.
Os cristãos “da comunidade dos
amigos de Jesus” são aqueles que testemunham no mundo, com palavras e gestos,
que o mundo novo que Deus deseja oferecer á humanidade se edifica através e no
amor. São aqueles que proclamam, em ações concretas, a cada homem e mulher: “tu
és amado e querido de Deus e salvo em Jesus Cristo”.
O amor é a forma mais alta e mais
deve animar todos os setores humanos. Consequentemente, o amor deve animar
todos os setores da vida humana. Só uma humanidade na qual reina a “civilização
do amor” poderá gozar de paz autêntica e duradoura. “A Igreja no mundo atual”
responde ao desafio de construir um mundo animado pela lei do amor, uma
civilização do amor, “fundada sobre os valores universais de paz,
solidariedade, justiça e liberdade, que encontram em Cristo sua plena
realização”.
A civilização do amor é a aplicação
prática, na vida da sociedade, do amor que provém de Deus. Se Deus é amor,
temos que colocá-lo como Senhor dessa civilização, mas infelizmente o que vemos
é uma luta tremenda para que o contrário aconteça. “Estamos diante de uma
realidade mais vasta, que se pode considerar como uma verdadeira e própria
estrutura de pecado, caracterizada pela imposição de uma cultura
antissolidária, que se configura em muitos casos como verdadeira “cultura de
morte” (João Paulo II).
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
Na liturgia, recordamos e
bendizemos o grande amor de Deus para com seu povo. Nós experimentamos seu amor,
sentimos sua presença e aprendemos, deste modo, também a reconhecê-la em nossa
vida quotidiana. Ele nos amou por primeiro, e continua a ser o primeiro a nos
amar. Ele nos ama, nos faz ver e experimentar seu amor. A participação ativa,
interna e externa na ação litúrgica, nos faz experimentar o amor de Deus,
sentido sua presença e aprendendo a reconhecê-lo nos acontecimentos da
história.
A Eucaristia é o sacramento do
amor. É o amor maior, que se exprime mediante do sacrifício, a presença e a
comunhão. O amor exige sacrifício. A Eucaristia significa e realiza o
sacrifício da cruz, na forma de ceia pascal. Nos sinais do pão e do vinho,
Jesus se oferece como Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo.
Na celebração eucarística,
renova-se para nós, as comunidades dos amigos de Jesus, a insistência para que
sejam estreitados os laços da comunhão com ele. Ouvindo sua Palavra e
participação de seu Corpo e Sangue repartidos, entramos em sua intimidade e o
Pai nos torna seus amigos.
Ter vida eucarística é amar como
Jesus amou. Não é simplesmente amar na medida dos seres humanos, o que chamamos
de filantropia. É amar na medida de Deus, o que chamamos de caridade. É a
capacidade de sair de si e colocar-se no lugar do outro com sentimento de
compaixão, ou seja, de solidariedade com o sofrimento do outro.
Caridade é ter com o outro uma
relação de semelhança e reconhecer-se no lugar em que o outro se encontra. “uma
Eucaristia que não se traduza em amor concretamente vivido, é, si mesma,
fragmentária” (Bento XVI, Deus caritas est. N.14). Por esta razão, a Igreja
reza: “Deus todo-poderoso...fazei frutificar em nós, o sacramento pascal, e
infundi em nossos corações a força desse alimento salutar” (oração depois da
comunhão).
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