O caminho da santidade é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos e santas nos ensinam está verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor. Eles só atingiram a santidade porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos; alegrias e tristezas; luzes e trevas.
O que é ser santo? Ser santo não é ser perfeito! Se fossemos perfeitos não era preciso buscar a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe a buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o mistério da morte a tal ponto de chamá-la de irmã morte. Santa Terezinha do Menino Jesus trilhou seu caminho de santidade na obediência.
Hoje vivemos um tempo em que a busca da santidade está em alta. Tal atitude não é errada. E devemos sim buscar a santidade. Porém, muitos têm buscado a santidade sem se reconciliar com seu lado humano. E quando descobrem que enquanto não forem humanos não conseguirão chegar à santidade entram em complexas crises de identidade.
O caminho da santidade passa essencialmente pelos territórios humanos que compõe o nosso ser. Buscar a santidade e esquecer-se de se reconciliar com o humano é fonte de problemas psicológicos sérios. Muitos têm trilhado este caminho perigoso.
Olham para os santos como se estes nunca tivessem pecado na vida. Os santos só conseguiram chegar à santidade porque foi através de suas próprias imperfeições que eles buscaram a cada dia serem melhores. O caminho da santidade começa a ser trilhado quando o presente se torna um lugar de reconstrução. O passado nos ensina o erro cometido, o presente é lugar por excelência de recomeçar e o futuro é morada da esperança.
Muitos querem ser santos mais ainda não aprenderam a serem humanos. Desejariam serem robôs programados para fazerem somente o bem, mas a realidade é permeada de imperfeições. Acordam com o olhar no ideal perfeito de uma vida sem erros, mas adentram a noite perdidos nas trevas do erro.
Buscam a perfeição e esquecem-se de se reconciliarem com o que ainda está em construção. Andam pelas margens da estrada da vida e se desviam das pedras necessárias para o amadurecimento. As pedras que se encontram no meio da estrada só serão prejudiciais se nada aprendermos com elas.
O primeiro passo para sermos santos é identificarmos as nossas imperfeições. É ainda preciso ter consciência que nunca seremos 100% perfeitos. Nem mesmo São Francisco de Assis o foi. Ele só foi santo porque buscava a cada refazer a sua história. Nos erros da vida São Francisco de Assis descobria em cada nova manhã a chance de recomeçar.
O segundo passo para o caminho da santidade é fazermos de cada novo dia uma oportunidade de recomeçar. Quem nunca encara os seus pecados dificilmente conseguirá encontrar meios para vencê-los. É mais fácil maquiarmos o erro do que olhar no espelho de nossa alma e reconhecermos o seu verdadeiro rosto.
Às vezes é mais fácil e bonito vivermos com um ideal de santidade do que nos esforçarmos para mudarmos atitudes que não contribuem em nada com nosso crescimento humano e cristão. Ser santo não é fácil, mas também não é impossível.
O terceiro passo é buscarmos a santidade no cotidiano da nossa vida. Amar mais aqueles que vivem ao nosso lado. Exercitar a paciência quando estamos a ponto de descarregar nossa raiva em quem não tem culpa dos nossos fracassos. Ser solidário quando todos pensam apenas em si mesmos.
Ser santo é fazer a diferença no mundo! Cristão é aquele que transforma a realidade onde vive com gestos de amor e fraternidade.
Deus não quis robôs. Eles nos fez humanos para que descobríssemos a felicidade escondida nos mistérios mais simples e bonitos da vida. Seremos santos à medida que a santidade não for um peso ou uma imposição, mas sim um estilo de vida.
Pe. Flávio Sobreiro
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