À ESCUTA DA PALAVRA.
“Effata!”
“Effata!” “Abre-te!” Esta palavra
tão simples é na realidade muito perigosa.
Como diz o dicionário, abrir é fazer
com que o que está fechado não o fique mais.
Óbvio, mas cheio de consequências!
Os Judeus de Jerusalém tinham consciência de serem o Povo eleito por Deus,
posto aparte pelos outros povos.
Nem pensar misturar-se aos outros povos, aos
pagãos, aos estrangeiros! E eis que Jesus faz o contrário. Sai das fronteiras
de Israel, vai junto dos pagãos, fazendo mesmo milagres em seu favor. É o mundo
ao contrário! Ele não teme mesmo ter contato físico com este surdo-mudo,
impuro aos olhos dos Judeus fiéis. Antes de abrir os ouvidos do infeliz, é
Jesus que Se abre aos estrangeiros, tornando-Se um impuro aos olhos dos Judeus.
Evidentemente, é muito arriscado,
ainda hoje, abrir a sua porta, mas primeiro o seu coração aos estrangeiros.
Porque é preciso olhá-los ultrapassando os preconceitos, aceitando outras
maneiras de pensar e de viver. Aquele que segue Jesus não pode esquivar-se à
interrogação: E eu, onde estou quanto à minha abertura de coração?
Jesus quer
sempre vir até mim, tocar os meus ouvidos para que eu ouça melhor o grito dos
meus irmãos em angústia, tocar os meus olhos para que procure encontrar o olhar
de Deus sobre os outros.
A um visitante que lhe perguntava
para que servia um concílio, João XXIII respondeu: “ o concílio é a janela
aberta.
Ou ainda, é tirar a poeira e varrer a casa, e pôr flores e abrir a
porta dizendo a todos: Vinde e vede, aqui é a casa do bom Deus!”
Na manhã de
Páscoa, já houve uma abertura, quando a pedra que fechava o túmulo de Jesus foi
retirada. E antes ainda, tinha havido já uma abertura, quando o soldado romano
tinha aberto o lado de Jesus com um golpe de lança.
Estas duas aberturas nunca
foram fechadas.
Participando em cada Eucaristia, vimos beber a água e o sangue
que brotam para que o grito de Jesus seja eficaz também em nós: “Effata!”
“Abre-te!”
Cada Eucaristia é uma passagem de Cristo Ressuscitado: deixemo-nos
tocar por Ele para nos abrirmos ao abismos de sua misericórdia.
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