O caminhar da família
No caminho de Abraão para a
cidade futura, a Carta aos Hebreus alude à bênção que se transmite dos pais aos
filhos (cf 11, 20-21). O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé
é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher
no matrimônio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus,
nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude
da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf Gn 2, 24) e são capazes de
gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do
seu desígnio de amor.
Fundados sobre este amor, homem e mulher podem
prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra
muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se
descobre um desígnio maior que os próprios projetos, que nos sustenta e permite
doar o futuro inteiro à pessoa amada. Depois, a fé pode ajudar a individuar em
toda a sua profundidade e riqueza a geração dos filhos, porque faz reconhecer
nela o amor criador que nos dá e nos entrega o mistério de uma nova pessoa; foi
assim que Sara, pela sua fé, se tornou mãe, apoiando-se na fidelidade de Deus à
sua promessa (cf Heb 11, 11).
Em família, a fé acompanha todas
as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no
amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé
comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo
os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante
para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade
eclesial no seu caminho de crescimento da fé.
Papa Francisco
Encíclica «Lumen fidei / Luz da
fé», §§52-53 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)
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