34º
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Nosso Senhor Jesus
Cristo, Rei do Universo, Solenidade
22 de novembro de 2015
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“Tu dizes que
eu sou Rei”
Jo 18,37
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Leituras:
Daniel 7, 13-14;
Salmo 93 (92), 1ab.1c-2.5 (R/1a);
Apocalipse
1, 5-8;
João 18, 33b-37.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Encerrando hoje o ano litúrgico, proclamamos
Cristo, Senhor e Rei do Universo, que vence o anti-Reino deste mundo, fazendo-se
servo, entregando sua vida em defesa dos pobres e humilhados e reconciliando a
humanidade com Deus. Hoje é também o “Dia do Leigo(a)” chamado a transformar o
mundo no “reino da verdade e da vida, reino de santidade e da graça, reino da
justiça, do amor e da paz” (cf. Prefácio da Festa de Cristo rei).
1. Situando-nos
Na sociedade civil temos o ano
civil, marcado pela contagem do tempo cronológico. Na comunidade eclesial temos
o ano litúrgico, marcado pela vivencia do tempo da salvação em Cristo vivido na
liturgia. Tem início no 1º domingo o Advento, em preparação para o Natal do
Senhor, e termina com o domingo de “Cristo, Rei do Universo”. Portanto, hoje
celebramos o último domingo do ano litúrgico, no qual damos destaque especial “realeza”
de Jesus: “Ele oferece o Reino de Deus e se oferece a si mesmo como referência,
como aquele que devemos seguir para fazer parte deste Reino” (ROMAGUETTA, J.,M. El evangelio em médio a
la vida. Domingos y fiestas del ciclo < Op. Cit., p. 176)
Fizemos todo um caminho com Jesus,
nos domingos precedentes, com Ele aprendendo qual é o projeto de Deus em
relação ao seu Reino de vida plena para todos, feliz e saudável. O modelo deste
projeto é o próprio Jesus de Nazaré, Filho de Deus, que, desapegado de tudo,
passa a vida só fazendo o bem e, depois, em sua total entrega de amor por nós,
tem que passar pelo sofrimento, pela dor, pela cruz, pela morte, culminando,
enfim, com a ressurreição como vitória desse amor sobre toda maldade. Esse é o
Messias verdadeiro, que não mente. Esse é o Caminho certo que nos conduz a um
fim feliz. Nem todos entendem isso. Outros, mesmo entendendo, não se arriscam
e, consequentemente, se vão “tristes” por aí, como foi o caso do moço “rico”
(cf. Mt 10, 17-30).
2. Recordando a Palavra
Final do caminho. Jesus em
Jerusalém, agora preso, humilhado. É o momento do Messias verdadeiro, acusado
de se fazer de rei, é interrogado por Pilatos (Jo 18, 33b-37).
Então Jesus expõe claramente qual a
dimensão do Reino ao qual sempre se referiu em sua pregação: “O meu reino não é
deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para
que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui” (v.36).
“Então, tu és rei?”, pergunta o
governador. Jesus, certo de ser Ele mesmo a verdade do Reino de Deus – pois de
Deus Ele veio -, não titubeia: “Tu dizes
que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (v.37). E qual é a
verdade? A verdade Reino de Deus, totalmente diferente dos limitados padrões
dos reinos deste mundo.
Trata-se de um Reino que está acima
de todos os outros reinos. E neste Jesus, pela sua Páscoa, se concretiza a
visão do profeta Daniel, como ouvimos na primeira leitura. Daniel viu “um como que filho do homem“, a quem lhe
foram dados “poder, glória e realeza, e
todos os povos, nações e línguas o serviam: e seu poder é um poder eterno que
não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (cf. Dn
7,13-14). Por isso que, iluminados pela Páscoa de Jesus, é que hoje podemos
cantar o Salmo 93, cujo refrão soa assim: “O
Senhor reina, de esplendor se veste!” (v. 1a).
Ou como proclama solenemente a
Palavra de Deus no livro do Apocalipse: “Jesus
Cristo, a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos, o soberano dos reis
da terra (...), e que fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai” (Ap
1, 5-6).
3. Atualizando a Palavra
Jesus diz abertamente diante de
Pilatos que seu reinado não é deste mundo. Em outras palavras, “não deve seu
reinado a nenhuma instancia deste mundo. Ele não é como os reis locais, no
Oriente, que eram nomeados pela Imperador de Roma; nem como o Imperador, cujo
poder dependia de seus generais, os quais por sua vez dependiam do poder de
quem? De uma estrutura que se chama ‘este mundo’. Como hoje. Os governantes
deste mundo – estabelecidos por ‘este mundo’ – dependem de toda uma constelação
de poderes, influências e trâmites escusos. Devem pactuar, conchavar,
corromper. E, no fim, caem de podres. Pensam que são donos do mundo, enquanto,
na realidade, o mundo é dono deles” (KONINGS,
J. Liturgia dominical. Mistério de Cristo e formação dos fiéis. Op., cit.,
p.350).
Os reinos deste mundo são
representados por uma visão do profeta Daniel (cf. Dn 7,11-12): feras tomando
conta deste mundo e se digladiando entre si. É aí que, como vimos na primeira
leitura, o profeta vê “uma figura com rosto humano, um ‘como que filho do homem’,
que desce do céu, de junto de Deus, e que representa o reinado de Deus que
domina as feras, os reinos deste mundo. Jesus na sua pregação se autointitula
“filho do homem’ no sentido de ser ele aquele que traz esse reinado de Deus ao
mundo” (Ibidem).
Como podemos entender, pois, o
reinar de Jesus? Primeiro, “não pertence a este mundo, nem lhe é concedido por
este mundo. É reinado de Deus. Deus é seu dono. Mas, embora não sendo deste
mundo, este reino não está fora do mundo. Está bem dentro do mundo, mas não
depende deste por uma relação de pertença, nem procura impor-se ao mundo por
aqueles laços que o prenderiam: força bruta, astúcia, diplomacia, mentira.
Jesus ganha o mundo para Deus pela palavra da verdade” (Ibidem).
Jesus mesmo o disse, diante de
Pilatos: “Eu nasci e vim ao mundo para
isto: para dar testemunho da verdade” (Jo, 18,37). De que verdade se trata?
“Jesus é a palavra da verdade em pessoa. Nele a verdade é levada à fala. E que
verdade? A verdade lógica, cientifica? Não. Na Bíblia, a verdade significa
firmeza, confiabilidade, fidelidade, Jesus é a palavra ‘cheia de graça e
verdade’ (Jo 1,14), a palavra em que o amor leal e fiel de Deus vem à tona e se
dirige a nós: amor e fidelidade e palavras e atos. É Deus se manifestando. Essa
‘verdade’, Jesus a revela dando sua vida até o fim. Esse é o sentido desta
declaração, feita três horas antes de sua morte, ao ser interrogado por
Pilatos, que não entende” (Ibidem).
Jesus mesmo é a própria
personificação do Reino de Deus. “Não o
reino da opressão, mas o reino do amor fiel, reino de rosto humano – humano de
Deus por nós, manifestado no dom da vida de Jesus, que reina desde a cruz. A
opressão exercida pelos reinos deste mundo, Jesus a venceu definitivamente pela
veracidade do amor fiel de Deus. Ora, quem faz existir o amor fiel de Deus no
mundo de hoje somos nós. Por isso Jesus nos convida: ‘Quem é da verdade escuta
a minha voz’” (Ibidem).
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Por isso que, já no início desta
celebração nos colocamos com um pedido ao “Deus eterno e todo-poderoso” que se
dispôs “restaurar todas as coisas” no seu amado Filho, Rei do Universo. E o
pedido é este: que todas as criaturas, livres de qualquer escravidão e servindo
ao Rei verdadeiro, o glorifiquem na eternidade (Oração do dia).
Então, depois de ouvida a Palavra,
manifestamos nossa profunda gratidão pela Páscoa de Jesus, que inaugurou neste
mundo “um Reino eterno e universal, reino
da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor
e da paz”, a ser vivido pelos cristãos redimidos e um dia entregue completo
à infinita majestade” de Deus.
Finalmente, uma vez alimentados na
Ceia pascal, no banquete no Reino nesta Eucaristia, fazemos a Deus este pedido:
“que, gloriando-nos de obedecer na terra
aos mandamentos de Cristo, Rei do universo, possamos viver com ele ternamente
no reino dos céus” (Oração depois da comunhão).
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