O amor heroico
O ápice do testemunho cristão acontece no amor aos inimigos, que atinge as raias do heroísmo. Este é a pedra de tropeço de muitos discípulos que consideram absurda uma tal exigência. Por que Jesus não omitiu de sua pregação este elemento? Seria possível considerar o amor aos inimigos como um componente opcional de sua doutrina?
O Mestre buscou aproximar, o máximo possível, o modo de agir dos discípulos com o modo de ser de Deus. Portanto, eles devem amar seus inimigos, porque é assim que o Pai age em relação à humanidade que constantemente o ofende pelo pecado. Ele, no entanto, sempre está pronto a refazer os laços de amizade. A misericórdia do Pai deve pautar a ação dos discípulos de Jesus. Sem isto, o discípulo em nada se diferenciaria dos pagãos. Estes gostam apenas daqueles que lhe fazem o bem, e estão sempre prontos a revidar a ofensa recebida, até o ponto de destruir a vida de quem os ofendeu.
Os discípulos do Reino devem agir de maneira diferente. Não sendo passivos, nem agindo por medo, mas sim com plena consciência e liberdade. Eles sabem que, agindo assim, estarão dando testemunho do amor característico do Reino, e quebrando a espiral de violência que arruína o projeto de Deus para a humanidade.
O amor heroico tem, portanto, uma vertente missionária. Tem a força de converter para o Reino e para o amor pessoas de boa vontade, em busca dos caminhos de Deus.
Para sua reflexão: O amor ao próximo, em particular aos inimigos, ocupa boa parte do discurso programático de Jesus. Dirige-se a todos os que escutam. Embora esteja formulado em imperativos, não deve ser entendido como novo código legal para regular uma conduta em determinados casos, mas como expressão de um espírito que anima de dentro toda a vida cristã. A motivação não deve ser interesseira; busca precisamente refrear o egoísmo interesseiro. A motivação é o exemplo de Deus Pai, que seu Filho vem revelar, para devolver sua imagem aos homens. No centro da regra de ouro, que outros textos e culturas formularam em termos negativos e Jesus exprime em forma positiva, muito mais exigente: “fazer”; porque o amor inculcado não se esgota em sentimentos. Aqui se vai à raiz da idéia: fazer o bem/fazer o mal nas relações recíprocas com os outros. (Bíblia do Peregrino)
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