ANO DA FÉ
A BELEZA DA FÉ
«Que bela é a nossa Fé Católica! – Dá
solução a todas as nossas ansiedades, e aquieta o entendimento, e enche
de esperança o coração» («Caminho», 582).
E a primeira de «todas as nossas ansiedades» é precisamente a beleza.
Desde crianças, repugna-nos a confusão e atrai-nos a ordem; aflige-nos a
violência e esperamos a harmonia; enerva-nos o ruído e agrada-nos a
melodia… Não pode ser totalmente bom o que não seja belo. A fealdade não
repugna apenas à sensibilidade, mas também – e talvez em primeiro lugar
– ao entendimento. A sensibilidade segue a natural resistência da
inteligência a tudo o «que não está certo» dentro da harmonia universal.
E o que «não está certo» é «mau», diz-nos a consciência.
Que bela é a nossa fé católica, que nos anuncia o cumprimento e todos os
nossos «loucos» anseios: de amor, de paz, de ciência, de eternidade
felicíssima, de Deus! E luz capaz de dar sentido até ao que «não está
certo», recompondo a harmonia ferida pela ignorância ou culpa nossas!
Que chega a descobrir-nos beleza no próprio feio e no mau (que nunca o
são totalmente), como sombras que destacam a luz! E inclusive no pecado
humano, fruto da nossa fraqueza, mas que admite arrependimento e
redenção, e se torna ocasião de um prodígio do poder e do amor: o perdão
divino. «Oh, ditosa culpa!», canta a Igreja, «que nos mereceu tão
grande Redentor!»
A nossa fé é luz tão potente que vai ao ponto de descobrir verdade nos
«grandes erros», pois, além de conterem sempre alguma parte de verdade,
são autênticos gritos da alma ansiosa de Paz, profundas interrogações
lançadas ao Céu.
Que bela é nossa fé, pela qual o homem pode ser sincero consigo mesmo,
reconhecendo o desgarrado anelo de infinito que o consome - «porque será
consolado»! E abrir-se à beleza do mundo, sem temer desilusões, porque
está cheio de esperança: «Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem passou
pelo coração homem o que Deus tem preparado para os que O amam!»
Nada há mais belo na vida do que o amor, e a nossa fé é fé no Amor. «A
fé não significa apenas aceitar certo número de verdades abstratas
sobre os mistérios de Deus, do homem, da vida e da morte, das realidades
futuras. A fé consiste numa relação íntima com Cristo, uma relação
baseada no amor d’Aquele que nos amou primeiro (cfr. I Jo 4, 11) até à
entrega total de Si mesmo» (Bento XVI, hom. 26-V.06).
Que beleza a do Natal! Como dizia alguém, para sentirmos a sublime
beleza da Encarnação teríamos de ser pagãos, a quem contassem a história
de um deus que se fez homem para salvar os homens… – «Que história
maravilhosa!», diriam. «Nunca ouvimos nenhuma tão bonita!»
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