A maturidade afetiva I
Por Rafael Llano Cifuentes
No nosso mundo altamente técnico
e cheio de avanços científicos, pouco se tem progredido no conhecimento das
profundezas do coração. “Vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o
fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que
diz respeito aos sentimentos humanos”
A afetividade não está por assim
dizer encerrada no coração, nos sentimentos, mas permeia toda a personalidade.
Estamos continuamente sentindo
aquilo que pensamos e fazemos. Por isso, qualquer distúrbio da vida afetiva
acaba por impedir ou pelo menos entravar o amadurecimento da personalidade como
um todo.
Observamos isto claramente no
fenômeno de fixação na adolescência ou na adolescência retardada. Como já anotamos,
o adolescente caracteriza-se por uma afetividade egocêntrica e instável; essa
característica, quando não superada na natural evolução da personalidade, pode
sofrer uma fixação, permanecendo no adulto: este é um dos sintomas da
imaturidade afetiva.
É significativo verificar como
essa imaturidade parece ser uma característica da atual geração. No nosso mundo
altamente técnico e cheio de avanços científicos, pouco se tem progredido no
conhecimento das profundezas do coração, e daí resulta aquilo que Alexis
Carrel, prêmio Nobel de Medicina, apontava no seu célebre trabalho O homem,
esse desconhecido: vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o
fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que
diz respeito aos sentimentos humanos.
Mesmo em pessoas de alto nível
intelectual, ocorre um autêntico analfabetismo afetivo: são indivíduos
truncados, incompletos, mal-formados, imaturos; estão preparados para trabalhar
de forma eficiente, mas são absolutamente incapazes de amar. Esta desproporção
tem conseqüências devastadoras: basta reparar na facilidade com que as pessoas
se casam e se descasam, se juntam e se separam. Dão a impressão de reparar
apenas na camada epidérmica do amor e de não aprofundar nos valores do coração
humano e nas leis do verdadeiro amor.
Quais são, então, os valores do
verdadeiro amor? Que significado tem essa palavra?
O amor, na realidade, tem um
significado polivalente, tão dificil de definir que já houve quem dissesse que
o amor é aquilo que se sente quando se ama, e, se perguntássemos o que se sente
quando se ama, só seria possível responder simplesmente: Amor. Este círculo
vicioso deve-se ao que o insigne médico e pensador Gregório Marañon descrevia
com precisão: O amor é algo muito complexo e variado; chama-se amor a muitas
coisas que são muito diferentes, mesmo que a sua raiz seja a mesma.
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