FESTA LITÚRGICA
"AS CINCO CHAGAS DE CRISTO"
Celebra-se hoje, dia 7 de Fevereiro, o culto das Cinco Chagas do Senhor,
isto é, as feridas que Cristo recebeu na cruz e manifestou aos
Apóstolos depois da ressurreição.
Este foi sempre uma devoção muito
viva entre os portugueses, desde os começos da nacionalidade.
Disso
testemunham a literatura religiosa e a onomástica referente a pessoas e
instituições.
Até Camões canta esta devoção tão Portuguesa, que,
tradicionalmente, relaciona as armas da bandeira nacional com as Chagas
de Cristo: «Vede-o no vosso escudo, que presente / Vos amostra a
vitória já passada, / Na qual vos deu por armas e deixou / As que Ele
para si na Cruz tomou.» (Lusíadas, 1, 7).
Esta é uma festa litúrgica
portuguesa e do mundo português que nos foi concedida pelos Romanos
Pontífices, a partir de Bento XIV.
A festa das Cinco
Chagas do Senhor celebra a expressão da salvação em Cristo, remédio para
a Humanidade, que sofreu por nosso Amor; As feridas que Senhor teve na
paixão e morte, revela-as aos Apóstolos, após a Ressurreição,
nomeadamente, a Tomé que ainda não acreditava. Alguns santos
receberam-as, como sinal de graça, em estigmas na própria vida.
Divinas mãos e pés, peito rasgado,
Chagas em brandas carnes imprimidas,
Meu Deus, que por salvar almas perdidas,
Por elas quereis ser crucificado.
Outra fé, outro amor, outro cuidado,
Outras dores às vossas são devidas,
Outros corações limpos, outras vidas,
Outro querer no vosso transformado.
Em Vós se encerrou toda a piedade,
Ficou no mundo só toda a crueza;
Por isso cada um deu do que tinha.
Claros sinais de amor, ah saudade!
Minha consolação, minha firmeza,
Chagas do meu Senhor, redenção minha!*
(* Hino de Laudes da Liturgia das Horas)
Uma religiosa do
Mosteiro da Visitação, falecida em odor de Santidade, em Charnbery, na
França, em 21 de Março de 1907, assegurava ter-lhe Nosso Senhor ensinado
duas invocações em honra das Cinco Chagas, ligadas a várias promessas
de graças a quem as fizesse.
Estas duas invocações foram indulgenciadas pela Santa Sé no tempo de Pio
XI, pela Sagrada Penitenciária em 16 de Janeiro de 1924, o que quer
dizer que, embora não se comprometendo com a declaração da autenticidade
das aparições, quis mostrar não haver erro teológico nestas invocações
às Santas Chagas e isto basta para a piedade privada de cada um.
As invocações são estas:
«PAI ETERNO, EU VOS OFEREÇO AS CHAGAS DE
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO PARA CURAR AS CHAGAS DAS NOSSAS ALMAS»; e «MEU
JESUS, PERDÃO E MISERICÓRDIA PELOS MÉRITOS DAS VOSSAS SANTAS CHAGAS».
Jesus teria dito: «O Meu Pai compraz-se no
oferecimento das minhas Santas Chagas... oferecer-Lhas é oferecer-Lhe a
Sua Glória, é oferecer o Céu ao Céu; as minhas Chagas sustêm o mundo;
das minhas Chagas saem frutos de santidade; as minhas Chagas repararão
as vossas: em qualquer desgosto, qualquer sofrimento, recorrei logo às
minhas Chagas que a dor será suavizada; deve-se recorrer às minhas
Chagas em favor dos doentes; oferece-mas muitas vezes pelos pecadores,
porque eu tenho fome das almas. O pecador que disser a oração seguinte:
“Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo para
curar as chagas das nossas almas» - obterá a sua conversão. As Santas
Chagas são o tesouro dos tesouros para as almas do purgatório; é
necessário recorrer sem cessar às minhas Chagas para o triunfo da
Igreja; concederei tudo o que me pedirem pela invocação das minhas
Santas Chagas.
À Santa Igreja competirá declarar a autenticidade destas revelações, mas
privadamente, na nossa piedade particular, podemos usar destas
jaculatórias e até, para maior facilidade, agrupá-las, passando-as pelas
contas do nosso Terço. Como piedade privada, pois nas igrejas, em
público, as orações que se façam têm de obedecer às normas e à aprovação
oficial da competente autoridade eclesiástica.
Nas contas grandes, em vez do Pai-Nosso, diremos: «Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de
Nosso Senhor Jesus Cristo para curar as chagas das nossas almas»; e nas
pequeninas, em vez da Avé-Maria, diremos: «Meu Jesus, perdão e
misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas». Terminamos este
conjunto de jaculatórias dizendo três vezes: «Pai Eterno, eu Vos ofereço
as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo para curar as chagas das nossas
almas».
Podemos ainda marcar para cada dezena uma
intenção ou intenções:
a primeira, por exemplo, seria: em reparação dos
pecados do mundo, especialmente de Portugal e para obter a sua salvação;
a segunda, pela conversão dos pecadores, especialmente os da nossa
família e outros que queiramos recomendar a Deus; a terceira, pelas
almas do Purgatório; a quarta, pelos agonizantes e moribundos,
especialmente os daquele dia e daquela noite; a quinta, pelo Santo
Padre, pelos nossos Bispos, Sacerdotes e almas consagradas a Deus e
pelas nossas intenções particulares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário