1 – O primeiro domingo da
QUARESMA apresenta-nos a tentação, a provação e a maturidade da fé que,
alimentada pela oração e pela palavra de Deus, supera os limites da
nossa fragilidade humana.
O Espírito presente à hora do
Batismo, guia-O ao deserto e do deserto para a cidade dos homens.
“Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi
tentado pelo Diabo”.
A vida de Jesus assenta no cumprimento da vontade
de Deus. Nas situações mais delicadas afasta-Se para que a intensidade
do AMOR do Pai firme as Suas escolhas e torne luminosa a Sua missão.
No deserto, onde o clima é
desfavorável, onde se manifesta em demasia o calor e o frio e sobretudo a
solidão, Jesus não está só.
Nós não estamos sós nos desertos da nossa
vida que nos fragilizam.
O Espírito de Deus está com Ele. E está
conosco.
2 – As tentações de Jesus resumem e assumem as nossas tentações do egoísmo, do poder, do milagre em benefício próprio.
Tendo assumido a nossa
fragilidade e finitude, Jesus experimenta momentos de desencanto, de
solidão, de deserto, de cansaço. Nem tudo corre como esperado.
Vejamos o
texto de São Lucas:
“Nesses dias não comeu nada
e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de
Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um
lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e
disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque
me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante
de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor
teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a
Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és
Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará
ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na
palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’».
Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
Jesus responde com a Palavra de
Deus.
A opção de Jesus leva-O a usar o Seu poder como serviço aos
outros. Por ora não transforma as pedras em pão, mas há de transformar a
água em vinho.
Por ora não se atira do alto do Templo, mas logo será o
Templo de Deus para nós, n'Ele encontrar-nos-emos com Deus.
Por ora não
se curvará diante do poder, mas logo usará o poder do AMOR para nos
redimir, dando-nos todo o Reino de Deus, de uma vez para sempre.
3 – Na conjugação da fé e do
amor, sublinhado da Mensagem para esta Quaresma, Bento XVI prioriza a
Palavra de Deus como instrumento de caridade.
“A fé é
conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é
«caminhar» na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o
Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15,
14-15).
A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a
caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17).
Na
fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade
faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o
fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22).
A fé faz-nos reconhecer os dons
que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf.
Mt 25, 14-30)”.
Viver a fé sem a caridade e sem o
compromisso com os irmãos, seria como uma árvore de frutos sem frutos.
A
Palavra de Deus, acolhida, partilhada e testemunhada, é a primeira e
principal obra de caridade: “Não há ação mais benéfica e,
por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da
Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho,
introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção
mais alta e integral da pessoa humana”.
Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 26, 4-10; Rom 10, 8-13; Lc 4, 1-13.
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