«Dá-nos sempre desse pão»
S. João 6,30-35.
Naquele
tempo, disse a multidão a Jesus: «Que sinal realizas Tu, então, para nós
vermos e crermos em ti? Que obra realizas Tu?
Os nossos pais comeram o
maná no deserto, conforme está escrito: Ele deu-lhes a comer o pão vindo do
Céu.»
E Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi
Moisés que vos deu o pão do Céu, mas é o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão
do Céu,pois o pão de Deus é aquele que desce do Céu e dá a vida ao
mundo.»
Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!»
Respondeu-lhes Jesus: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá
fome e quem crê em mim jamais terá sede.
Comentário :
«Dá-nos sempre desse pão»
O primeiro sinal do amor foi Jesus ter-nos dado a Sua carne a comer e o Seu
sangue a beber: eis uma coisa inaudita que exige de nós admiração e
estupefacção.
O que é próprio do amor é dar sempre e sempre receber. Ora o amor de Jesus é,
ao mesmo tempo, pródigo e ávido: dá tudo o que tem e o que é; e recebe tudo o
que nós temos, tudo o que somos.
Ele tem uma fome imensa. [...] Quanto mais o nosso amor O deixa agir, mais O
desfrutamos amplamente. Ele tem uma fome imensa, insaciável. Ele bem sabe que
somos pobres, mas não tem isso em conta. Faz-Se a Si mesmo pão em nós, fazendo
desaparecer no Seu amor, antes de mais, as nossas más inclinações, as nossas
faltas e os nossos pecados. Depois, quando nos vê puros, chega ávido de tomar
a nossa vida e de a transformar na Sua, a nossa cheia de pecados, a Sua cheia
de graça e de glória, totalmente preparada para nós, bastando para isso que
renunciemos a nós próprios (cf Mt 16,24). [...] Todos os que amam
compreender-me-ão. Ele faz-nos o dom duma fome e duma sede eternas.
A essa fome e essa sede Ele dá a comer o Seu corpo e o Seu sangue. Quando O
recebemos com dedicação interior, o Seu sangue, pleno de calor e de glória,
jorra de Deus para as nossas veias. O fogo pega dentro de nós e o gosto
espiritual penetra-nos a alma e o corpo, o gosto e o desejo. Ele permite-nos
assemelharmo-nos às Suas virtudes; vive em nós e nós Nele.
Beato Jan van Ruysbroeck (1293-1381), cónego regular
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