“E vós, quem dizeis que que sou?”
A cada dia, a
cada hora, somos chamados a nos posicionar a favor ou contra Jesus Cristo.
Por
meio de pedidos que nos fazem, de desafios que enfrentamos ou problemas que
exigem de nós uma decisão imediata, estamos testemunhando o quanto sua pessoa e
sua mensagem representam em nossa vida. É Ele próprio quem, de certa maneira,
continua nos dirigindo a mais inquietante das perguntas: “E vós, quem
dizeis que eu sou?” (Mt 16,15).
Antes de tê-la
feito pela primeira vez, Jesus promoveu uma pesquisa informal junto aos
apóstolos. Perguntou-lhes: “No dizer do povo, quem é o Filho do homem?” A
interrogação era tão despretensiosa que eles se sentiram animados a contar-lhe
o que tinham ouvido de seus amigos e conhecidos: “Uns dizem que é João
Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas”.
Calaram-se quando
o Mestre lhes perguntou diretamente: “E vós, quem dizeis que que sou?”
Perceberam que
lhe responder era posicionar-se, pois acabariam revelando-lhes os próprios
projetos de vida, os valores que agitavam seus corações de pescadores e o
centro de interesses que prendiam sua atenção.
Quem cortou o
silêncio do ambiente foi Pedro. Sua resposta foi tão brilhante que recebeu até
um elogio de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Mais tarde
esse apóstolo sentiu como é fácil falar e quanto é difícil ser fiel; de maneira
mesquinha afirmou, repetiu e reafirmou a desconhecidos: “Não o conheço!”
O olhar de Cristo é que o fez perceber a própria miséria (Lc 22,61) e o levou
ao arrependimento. Depois da
ressurreição de Jesus, ao ouvir pela terceira vez a pergunta do Mestre: “Tu
me amas?” respondeu-lhe, muito humilde e triste: “Senhor, tu sabes tudo,
sabes que te amo”. E Jesus, num gesto de confiança que só poderia nascer de
um coração divino, o confirmou em sua missão: “Apascenta as minhas ovelhas”
(Jo 21,17).
Esta pergunta
ecoa dentro do nosso coração: “Quem dizeis que eu sou?”
Inquieta-nos.
Temos que dar
uma resposta! Como os apóstolos, sabemos que temos que nos
posicionar e revelar-lhe os nossos projetos de vida, os nossos valores e já
sabemos que isto implica também deixar “nossas redes” que nos prendem, os
nossos interesses...
Mas Ele insisti
em sua interrogação: “Quem dizeis que eu sou?”
E já nos vai
dando a resposta e seduzindo nossos corações, mesmo em meio as nossas
resistências, nossos medos e porque não, nossa covardia...
Sabemos que
responder é comprometer-nos, mas também não responder causa em nós uma
grande tristeza e uma profunda sensação de “Jovem rico”. Quanto já
temos recebido!
E na sua afável e
doce voz o questionamento: “Quem dizeis que eu sou?”
Em outras palavras:
“Em que a sua vida é diferente por minha causa?”
A fim de que
nossa resposta seja verdadeira, verificamos, antes de tudo, em que esta
preso nossos corações. Relembrar nossos atos e palavras, nossos pensamentos
e projetos.
Dar respostas
bonitas só para acalmar nossas consciências é muito pouco.
É preciso
perceber qual a influência que o Senhor realmente tem em nossas decisões. Só
seremos felizes quando estivermos convictos, e essa convicção se traduzir em
gestos concretos de que Jesus Cristo é o único Salvador.
Ele não quer
muita coisa. Ele quer tudo. Ou tudo, ou nada, “tudo ou tudo”.
Então ele nos
fala em nossas consciências: “Eu sou o Alpha e o Ômega, o começo e o
fim” (Apoc. 21,6).
“Eu sou o Alpha e o Ômega, diz o Senhor Deus,
Aquele que é, que era e que vem, o Dominador” (Apoc. 1,8)...
O único capaz de
nos revelar Deus em condições de conduzir-nos aos seus braços; o único que tem
palavras de vida eterna e pelo qual vale a pena perder a vida.
“E vós, quem
dizeis que eu sou?” A pergunta
de Jesus continua no ar.
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