8º.
DOMINGO DO TEMPO COMUM
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“Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o
primeiro e amar o outro, ou aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não
podeis servir a Deus e ao dinheiro”
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Leituras:
Isaías 49, 14-15;
Salmo 61;
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 4, 1-5;
Mateus 6, 24-34.
COR LITÚRGICA: VERDE
Nesta Páscoa semanal de Jesus aprendemos duas lições: a
impossibilidade de servir a dois senhores; e a atitude do cristão diante das
preocupações e trabalhos na vida. Peçamos a Deus que nossa vida cristã possa
corresponder àquilo que Deus deseja de nós.
1. Situando-nos
brevemente
Neste oitavo domingo do Tempo Comum, que neste ano
antecede o início da quaresma, ainda no contexto das bem, aventuranças., o
Senhor nos propõe romper com o culto ao dinheiro, que é uma idolatria e ter
confiança em Deus Pai, sempre solícito amorosamente às nossas necessidades e
preocupações, para que, disponíveis concentremos todas as energias na busca do
seu Reino.
A antífona de entrada já nos inspira: O Senhor se tornou
o meu apoio, libertou-me da angustia e me salvou por me ama. O conjunto das
orações nos ajudam a entrar no espírito deste domingo: confiar no amor
providente ao Pai e não ficarmos divididos entre dois senhores.
Em quase todas as regiões do Brasil, acontece, nestes
dias, as festas de carnaval que revela a carência de festa que existe nas
pessoas. Para nós, um convite a dar às nossas celebrações um sabor pascal, um
clima de festa, de convívio alegre de irmãos que, na liberdade de filhos e
filhas entram na intimidade amorosa do Pai.
Assim, pedimos na oração inicial deste domingo: Fazei ó
Deus que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais; e como
Igreja vos possa servir, alegre e tranqüila.
2. Recordando a
Palavra
Nos capítulos 5 a 7 de Mateus, encontramos o primeiro
grande discurso de Jesus, chamado de “Sermão da Montanha”, ele faz parte do
Gênesis alternativo (Mt 3-7). Trata-se do começo que nos diz o que vem a ser o
Reino, onde ele está e como se constrói. Jesus está cercado por seus prediletos
– os pobres, doentes, marginalizados – e lhes fala da justiça do Reino que deve
ser a prática de suas discípulas e de seus discípulos. O capitulo 6 começa com
Jesus denunciando a hipocrisia de quem se diz seu seguidor. Depois diz que o
Reino exige decisões radicais, ensina a orar, impõe o desapego das coisas
terrenas, apela para que todo corpo seja luz e termina exigindo serviço
exclusivo ao projeto de Deus. É a Palavra de Deus na liturgia deste domingo.
Jesus é claro com quem o segue: não dá para servir a
Deus e ao dinheiro. O “deus do dinheiro e da cobiça” é “Mamon”, que se opõe a
Deus verdadeiro, e é todo poder econômico que produz a morte e destrói a vida.
A ganância é uma idolatria. Quem só pensa em acumular não possui os bens, mas é
possuído por eles, dominando e escravizado pela riqueza, diante do que está
encurvado. A preocupação em acumular, deteriora todas as relações e chega a deteriorar
a saúde do ser humano (Cf. Eclo 31, 1-2).
Nosso Deus verdadeiro é doador generoso e nos ensina a
doar, a partilhar. A correta relação com os bens também nos ajuda a uma atitude
de confiança diante de Deus e das outras pessoas. O “Reinado de Deus e a sua
justiça” promovem relação harmoniosa entre os seres humanos e entre a
humanidade e a natureza. As aves do céu, os lírios dos campos não deturpam a
própria natureza.
Jesus demonstra sua sensibilidade contemplativa e
ecológica. Revela uma exigência atualíssima para aqueles que o seguem. É
necessário mudar o objeto de nossas preocupações. Não à ganância, sim à busca
do reinado de Deus sobre todas as pessoas, todas as coisas e sobre toda
natureza, todo o universo criado.
Deus nos ama com amor de mãe. A palavra de Deus no
Deutero Isaías é um consolo tanto para os exilados da Babilônia, como para os
pobres que haviam permanecido na Palestina, em tempo de desânimo, perda de fé e
de esperança. O povo estava sem Templo, sem rei e sem lideranças. Tudo parecia
perdido e o povo sentia-se abandonado por Deus. Isaías já havia argumentando
com o poder de Deus, mas agora consola o povo, afirmando que o amor de Deus
superar todo amor e bondade. Mesmo que uma mãe se esqueça de seu filho, Deus
jamais se esquecerá de seus filhos. Maior que as injustiças humanas são o amor,
a ternura, o carinho de Deus.
3. Atualizando a
Palavra
Hoje, Jesus nos pede para escolhermos entre os bens
econômicos, o dinheiro e Deus. A nossa resposta fundamental ao chamado de Deus
é a confiança total no Pai. Viver a justiça do reinado de Deus é deixar-se
guiar pela palavra de Jesus. Ele não ensina uma vida de “sombra e água fresca”,
mas luta pela justiça, que é o bem para toda a humanidade e toda a criação.
A palavra de Jesus é muito atual para esse tempo de
desrespeito às matas, às águas, à natureza. Viver em concordância com as regras
naturais está mais de acordo com o projeto de Deus. O que a ganância humana
criou não se compara com a sabedoria da natureza, criada e mantida por Deus.
Como mãe que jamais abandona seus filhos, Deus acompanha
abençoa e ama seu povo que sofre debaixo da ganância dos opressores. Sempre
haverá uma saída, esperança de que a justiça reinará. A menos desigualdade é
possível e o dia de amanha não causará preocupações, mas haverá possibilidades
e alternativas de a humanidade se aproximar da vida sabia das aves e dos
lírios, mantendo confiança ilimitada em nosso Deus e Pai. A justiça torna-se
sinônimo de amor misericordioso, de solidariedade fraterna, de perdão
reconciliados, de igualdade respeitosa.
Quem vive calculando como ganhar e enriquecer mais, não
pode viver confiante na generosidade e cuidado de Deus. A confiança na providencia
divina não é alienante, mas libertadora e formadora de uma solidariedade
comprometida especialmente com os mais necessitados. Quanto maior a confiança,
maior a responsabilidade e o engajamento na luta contra o consumismo, a
submissão ao mercado e o endeusamento das coisas materiais. O que sustenta
nossa confiança é a certeza da fidelidade de Deus à sua aliança.
4. Ligando a Palavra
com ação litúrgica
Experimentamos a presença viva do Senhor na reunião de
irmãos e na Palavra proclamada, saciando nossa fome e sede de justiça.
Ele continua fiel em sua presença salvífica na ceia
eucarística e continuará conosco até o fim dos tempos como nos lembra, uma das
antífonas de comunhão, indicadas hoje.
Nossa participação na Eucaristia manifesta nossa confiança
em estabelecer com o Pai uma aliança de amor e compromisso, fazendo uma escolha
irrestrita por seu Reino. A Eucaristia nos impõe a opção radical por ele.
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