E quando entrarmos no Tempo que não tem
Tempo (Eternidade)
Somente o que vai contar é o Amor!
Você tem medo da morte? Teme a morte quem não vive bem e para o Bem
...Portanto
NO TEMPO: Amorizá-lo,
Humanizá-lo, Eternizá-lo…
Costumamos andar muito distraídos a todas as coisas simples da vida.
Talvez seja por nos terem metido na cabeça, pouco a pouco, que as coisas
simples são pouco importantes, exatamente por serem simples. Todos dão muito
valor ao “fogo de artifício” das coisas, ao fantástico e complicado, e vão
perdendo dia após dia a capacidade de saborear a beleza das coisas
discretas.
Há pessoas que só olham
para o céu uma ou duas vezes por ano, quando há foguetes e fogos de artifício,
porque “é um espetáculo bonito”. Mas nem se lembram que durante todo o resto do
ano, todos os dias e todas as noites, houve amanheceres fantásticos,
pores-do-sol que pintaram o céu inteiro de vermelho, lua cheia, estrelas…
Vivemos muito distraídos… E o pior é que
esta lógica entra-nos pela vida dentro e invade todas as dimensões.
Entramos num ritmo de corre-corre que nos faz crescer escamas nos
olhos. As crianças é que nos podem ensinar muito bem esta arte de prestar
atenção… Por exemplo, há quanto tempo não paramos para nos darmos conta de que
estamos a respirar? Passamos 24 horas por dia em permanente movimento de
inspiração-expiração, e nem por um momento tomamos consciência disso! Nem por
um momento paramos para ter o prazer de “sentir” a nossa respiração,
alegrarmo-nos por inspirarmos e expirarmos.
Estamos permanentemente a
alimentar-nos de oxigênio, indispensável à vida, e nem nos damos conta. A não
ser, claro… que nos falte o ar! Aí sim, damo-nos conta… quando um problema
respiratório bate à porta, damo-nos imediatamente conta… como quase tudo na
vida! Infelizmente, só costumamos dar-nos conta das coisas verdadeiramente boas
da vida quando as perdemos. Podia-te contar tantas histórias… Conheço tantos
corações que despertaram tarde demais…
O discreto oxigênio é como um outro permanente discreto no nosso
dia-a-dia, que nos vai alimentando, mas não costuma ter a nossa atenção… o
TEMPO! Vivemos no tempo, e vivemos um tempo, e nem nos costumamos perguntar
sobre o modo como nos “alimentamos” dele. Porque o tempo existe na nossa vida
em função da nossa construção pessoal. Vivemos no tempo e vivemos um tempo,
para nos construirmos no tempo, e para construirmos o tempo.
O tempo não pode ser simplesmente a sucessão
de momentos que passam por nós. Isso significa um desperdício de vida! O tempo
tem que ser a dinâmica continuada da nossa construção pessoal, em que umas
opções se realizam e abrem possibilidades a outros seguintes, e essas, ao
realizarem-se, vão criar novas possibilidades de ser e optar, e assim sucessivamente.
É a marcha do Homem em construção.
Não podemos perder tempo! Perder tempo é perder eternamente
possibilidades novas de ser. Mas esta urgência de aproveitar o tempo, de não o
perder, esta consciência de que ele não volta nem se repete, não pode ser vista
numa perspectiva utilitarista, econômica ou carreirista! Não, não… não tem nada
a ver com o famoso “tempo é dinheiro”.
Os que “não perdem tempo porque tempo é
dinheiro”, estão a perdê-lo de maneira ainda mais escandalosa, porque estão a
gastá-lo e a gastar-se em função de uma realidade que não nos constrói como
pessoas.
Para nós, tempo não é dinheiro. “Tempo é possibilidade de ser!” Há que aproveitá-lo, por isso, não na tal
perspectiva econômica, mas numa perspectiva Humanizante. Onde tudo tem lugar e
espaço, mas o tempo não se investe no fazer pelo fazer, ou no ter pelo ter, mas
no fazer e ter para SER!
No tempo estamos chamados a construir o que seremos
eternamente. É agora o tempo da nossa
construção. Temo-nos nas mãos! Não nos falte tempo para pegarmos em nós
próprios e construirmos o que estamos chamados a ser. Temos “tempo” para tantas
coisas… Tantas coisas “urgentes” exigem todos os dias o nosso tempo… Aprendamos
no dia-a-dia a sabedoria de Viver para Ser. Apostemos a nossa vida no que pode
ser eternizado. Tudo o que “temos” faz parte do nosso cadáver. Só o que “somos”
não é cadáver. O SER é o único que na
batalha com a irmã morte entra na luta sem sair a perder!
Por isso é importante construirmos… construirmo-nos!
E o tempo é o
espaço vital da nossa construção pessoal. É o segundo útero da nossa
existência. O primeiro útero gerou-nos nas entranhas da nossa mãe para nos dar
à luz do tempo dos Homens; este segundo útero gera-nos para nos dar à Luz da
Eternidade de Deus. O primeiro útero, o da nossa mãe, possibilitou a nossa
gestação. O segundo útero, o tempo, possibilita a nossa Construção para a
Eternidade. Um poema do povo Azteca, diz
assim: “O vento passa, passa, e nunca cessa. O rio passa, passa, e nunca cessa.
A Vida passa, passa, e nunca regressa…”
O tempo não existe para prolongarmos a
vida que morre; o tempo existe para construirmos a Vida que não morre!
E no fim
do tempo, a irmã morte nos dará à luz para a Festa Eterna da Vida, onde cada um
é à medida que amou. E quando entrarmos no Tempo que não tem Tempo (Eternidade)
somente o que vai contar é o Amor com que aqui vivemos sendo e não fazendo.
Tudo aqui tem peso para a Eternidade.
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