Sexta-feira de Cinzas
Dias virão em
que o esposo lhes será tirado
EVANGELHO Mt 9, 14-15
Naquele tempo, os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e
perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus
discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do
esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em
que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão-de jejuar».
Compreender a Palavra
A questão colocada pelos discípulos de João é pertinente. Para eles a
diferente actuação entre Jesus e João evidencia uma outra forma de
pensar a vida e não apenas uma questão prática. No fundo, fazemos aquilo
em que acreditamos, a vida fala das convicções. Ao não jejuar, os
discípulos de Jesus, manifestam uma convicção do seu Mestre. Jesus
esclarece essa diferente forma de actuar com palavra enigmáticas, mas
referindo-se à sua morte, “dias virão em que o esposo lhes será tirado e
nessa altura hão-de jejuar”.
Meditar a Palavra
Percebo em mim esta inquietação dos discípulos de João. Porque não
acontece na minha vida o mesmo que vejo na vida dos outros? Porque tem
que ser mais difícil para mim. O meu mestre é mais exigente do que
outros mestres. Esqueço que não consigo entender tudo o que se passa na
vida dos outros e não consigo entender tudo o que o Mestre me diz. O meu
olhar sobre os outros é superficial. Se conseguisse ver, talvez não
dissesse o mesmo. Sobretudo não tenho capacidade para absorver o seu
passado, o seu presente e o seu futuro. Os outros são um mistério onde o
sofrimento também está presente, por isso, a melhor atitude perante o
outro é a da contemplação. Nunca entenderei tudo quanto o Mestre me
ensina. Por isso, a vida não é apenas um dia e terei tempo de ir
absorvendo a verdade que Ele me revela em cada dia.
Rezar a Palavra
Porque me custa tanto cumprir os meus compromissos, Senhor? Porque
tenho que reclamar e exigir que todos façam o mesmo que eu e suportem o
mesmo peso que me toca a mim carregar? Confesso que às vezes não entendo
porque me acontece a mim e não aos outros. Tantas vezes dou comigo a
desejar o que não tenho. Não consigo perceber porque não me facilitas
mais o caminho. Também me apetece experimentar as facilidades, os
êxitos, as palmas. Também aprecio o sucesso e o estrelato. Porque tenho
que ser tão responsável e exigente? Porque me ensinaste a viver assim?
Ensina-me, Senhor, a apreciar a alegria da tua presença em mim e que
isso me baste.
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