Assunção de Nossa Senhora
Tudo o que você precisa saber sobre a Festa de hoje, em uma única reflexão:
Assunção da Virgem - Fra Angélico (1430)
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Plinio Corrêa de Oliveira – grande líder católico brasileiro.
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Um fato que chama a atenção é que Nosso Senhor, na História Sagrada,
Tenha
querido Ele mesmo subir aos céus aos olhos dos homens e depois também
tenha querido que a Assunção de Nossa Senhora para o Céu se desse aos
olhos dos homens. Por que esta Ascensão e depois esta Assunção deveriam
dar-se aos olhos dos homens?
A Ascensão tem várias razões e a mais protuberante dessas razões é de caráter apologético.
Era
preciso que os homens pudessem dar testemunho deste fato histórico
duplo: não só de que Nosso Senhor ressuscitou, mas de que tendo
ressuscitado Ele subiu aos céus, a sua vida terrena não continuou.
Ele
subiu ao Céu, e subindo ao Céu Ele abriu caminho para todas as
incontáveis almas que estavam no Limbo e que estavam esperando a
Ascensão dEle para irem se assentar à direita do Padre Eterno.
Quer
dizer, antes de Nosso Senhor Jesus Cristo entrar no Céu ninguém podia
entrar, só os Anjos estavam lá. Ele, na Sua Humanidade santíssima, foi a
primeira criatura – ao mesmo tempo em que Ele era Homem-Deus – a subir
aos céus como nosso Redentor; e Ele abriu o caminho dos céus para os
homens.
E
glória maior e mais evidente não pode haver para alguém do que o subir
aos céus, porque é o ser elevado por cima de todas as alturas.
Estar
acima de todas as coisas da terra e unir-se com Deus Nosso Senhor,
transcender de todo esse mundo de onde nós estamos e ir para o céu
empíreo onde Deus está, para unir-se a Ele eternamente.
Nosso
Senhor quis que Nossa Senhora tivesse a mesma forma de glória, e que
assim como Ela tinha participado de maneira única do mistério da cruz,
participasse também da glorificação dEle.
E
a glorificação dEla se dava por esta forma, sendo levada aos céus. Mas
era uma assunção e não uma ascensão. A ascensão era a subida de Nosso
Senhor ao Céu por Sua própria força, pelo Seu próprio poder.
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A assunção não é uma ascensão.
Nossa
Senhora não subiu ao Céu por um poder inerente à sua natureza: Ela
subiu ao Céu pelo ministério dos Anjos, Ela foi carregada, foi levada ao
Céu pelos Anjos.
E esta foi a grande glorificação dEla nesta terra, prelúdio da glorificação dEla no Céu;
porque no momento em que Ela subiu ao Céu, foi coroada como Filha
dileta do Padre Eterno, como Mãe admirável do Verbo Encarnado e como
Esposa fidelíssima do Divino Espírito Santo. Ela teve uma glorificação
na terra e depois uma glorificação no Céu.
E nós devemos conceber a Assunção como tendo sido um fenômeno gloriosíssimo.
Infelizmente,
os pintores da Renascença, e os que de lá para cá nos apresentaram a
Assunção, não souberam descrever de um modo adequado a glória que deve
ter cercado este espetáculo.
Nós
devemos imaginar o seguinte: é próprio às coisas da terra que quando se
quer glorificar alguém, todo mundo – vamos dizer numa casa, por exemplo
– se põe nos seus melhores trajes, na casa se exibem os melhores
objetos, se ornamenta a casa com flores, tudo o que há de mais nobre na
casa é exibido para glorificar a pessoa a quem se quer homenagear.
Esta
regra está dentro da ordem natural das coisas e é seguida também no
Céu. E é claro que o maior brilho da natureza angélica, o fulgor mais
estupendo da glória de Deus nos Anjos tem que ter aparecido exatamente
no momento em que subiu ao Céu Nossa Senhora.
E
deveriam estar – se for permitido aos mortais considerarem os Anjos com
seus próprios olhos – rutilantíssimos, com um esplendor absolutamente
invulgar.
E
se não foi dado a todos os mortais contemplar os Anjos nesta ocasião, é
certo pelo menos que a presença deles se fazia sentir de um modo
imponderável; porque muitas vezes na história a presença dos Anjos se
faz sentir de um modo imponderável, embora não seja propriamente uma
visão, ou uma revelação deles.
E
é natural também que nesta hora o sol tenha brilhado de um modo
magnífico, que o céu tenha ficado com cores variadas refletindo de modo
diverso, como numa verdadeira sinfonia, a glória
de Deus.
E
é natural que as almas das pessoas felizes que estavam ali presentes
tenham sentido essa glória em si de um modo extraordinário, de maneira
tal que tenha havido ali uma verdadeira manifestação do esplendor de
Deus em Nossa Senhora.
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O esplendor da Assunção
Mas nenhum desses esplendores podia se comparar com o próprio esplendor de Nossa Senhora subindo ao Céu.
À
medida que Ela ia subindo, com certeza, como numa verdadeira
transfiguração, como num verdadeiro monte Tabor, a glória interior dEla
ia transparecendo aos olhos dos homens.
Falando dEla diz o Antigo Testamento: omnis glória filia regis ab intos - toda [a] glória da filha do rei lhe vem de dentro, daquilo que está dentro dEla.
E
com certeza essa glória interna que Ela tinha se manifestou do modo
mais estupendo quando, já no alto de sua trajetória celeste, Ela olhou
uma última vez para os homens, antes de definitivamente deixar esse vale
de lágrimas e ingressar diante da glória de Deus.
Compreende-se
que tenha que ter sido, depois da Ascensão de Nosso Senhor, o fato mais
esplendorosamente glorioso da história da terra, comparável apenas ao
dia do Juízo Final, em que Nosso Senhor Jesus Cristo virá em grande
pompa e majestade, diz a Escritura, para julgar os vivos e os mortos e
que com Ele, toda reluzente da glória dEle, de um modo indizível,
aparecerá também Nossa Senhora aos nossos olhos.
Nós devemos considerar aí a impressão que tiveram os apóstolos e os discípulos quando A viram subir ao Céu.
Devemos
considerar o fato que todo mundo conta, que a tradição narra, a
respeito de São Tomé. São Tomé, como os senhores sabem, duvidou e porque
ele duvidou foi convidado por Nosso Senhor a meter a mão na chaga
sagrada do flanco dEle, para certificar-se que era realmente Nosso
Senhor.
Ele recebeu Pentecostes, se tornou um apóstolo confirmado em graça, tornou-se um grande santo.
Mas
conta uma tradição venerável que, porque duvidou, na hora da morte de
Nossa Senhora ele não estava presente, nem na hora da Assunção; e que
chegou quando Nossa Senhora já estava subindo ao Céu, já estava a certa distância da terra; foi aí que ele foi trazido pelos Anjos para contemplar o resto da Assunção.
Aí
os senhores vêem aquilo que nós poderíamos chamar a índole de Nossa
Senhora, a cuja qualificação a palavra materna não basta, seria uma
índole super materna, arqui-materna, incomparável.
Quando
Ela subia ao Céu e ele recebia esse castigo pungente – merecido por uma
culpa tão reparada – de não ter podido estar presente à morte e
Assunção de Nossa Senhora, ele chegou, olhou para Ela. Então, conta-se
que Ela sorrindo, concedeu uma graça a ele que não concedeu a
nenhum outro:
Ela
desatou o seu cinto e de lá de cima fez cair o cinto sobre ele, de
maneira tal que ele recebeu com – já não direi o perdão, porque ele já
estava perdoado – a remissão uma suprema graça, que era uma relíquia
direta dEla, atirada para ele do mais alto dos céus.
É assim Nossa Senhora quando tem algo a perdoar a algum filho muito dileto.
Ela
pune às vezes, porque às vezes Ela sequer pune, mas faz seguir essa
punição de um sorriso tão bondoso, de um perdão tão completo e de uma
graça tão grande que São Tomé, voltando para casa com os apóstolos,
quase poderia mostrar esse presente dado a ele e dizer: o felix culpa, ó culpa feliz!
Eu
tive a desgraça de duvidar de meu Salvador, mas em compensação eu tive a
felicidade de receber esta relíquia direta e celeste de minha Mãe
Santíssima.
O
último sorriso dEla, o último favor dEla, a amenidade mais extrema, a
bondade mais suave Ela deu exatamente a São Tomé e isto nos deve
encorajar.
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O que pedir a Ela nesta data?
Não há nenhum de nós que em relação a Nossa Senhora não tenha falhas, não tenha algum perdão a pedir.
Nós devemos pedir a Nossa Senhora, nesta preparação da festa da Assunção,
que Ela proceda assim maternalmente conosco, que Ela olhe para nossas
falhas, mas que Ela nos dê um perdão, e que esse perdão seja o seguinte:
É
possível que analisando as nossas próprias almas com aquela severidade
implacável que é a condição de seriedade de todo exame de consciência, é
possível que nós consideremos que estamos chegando um pouco atrasados
na nossa preparação espiritual para os fatos profetizados por Nossa
Senhora em Fátima.
Pois bem, nós devemos fazer a oração de São Tomé.
Se
chegarmos atrasados, que Ela nos dê essa graça, que Ela nos dê o
favor especial, particularmente rico, particularmente suave, por onde de
um momento para outro nós nos preparemos; de maneira tal que quando
bater à porta de nossas almas a graça dos dias terríveis que se
aproximam, estejamos prontos, cheios de enlevo.
Esta é a reflexão que me ocorre fazer por ocasião da festa da Assunção de Nossa Senhora.
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