3ª Semana do Tempo Comum - 3ª Semana do Saltério
Lucas 10,1-9
Naquele tempo, o Senhor escolheu outros setenta e
dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar
aonde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.
Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem
sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa
em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um
amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. Permanecei
naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o
seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes
bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e
dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’”. - Palavra da Salvação.
************************
Confrontando-se
com a grandiosidade da missão, Jesus reconhece a necessidade de contar com
colaboradores, para poder levá-la adiante, a contento. Depois de ter enviado os
doze apóstolos, o Mestre enviou, também, outros setenta e dois discípulos, com
a tarefa de preparar as cidades e povoados para a sua passagem, ou seja,
predispô-los para acolher a sua mensagem. Os discípulos são orientados a
suplicar ao Pai - Senhor da messe - para enviar muitas outras pessoas,
dispostas a assumirem a missão evangelizadora. É ele quem tem a iniciativa da
vocação e da missão. Devem evitar qualquer pretensão humana de querer
arrogar-se tais dons. Todos dependem de quem os chamou e enviou. Que tipo de
operário requer-se para o serviço do Reino? É preciso que seja uma pessoa cheia
de coragem, predisposta a viver na pobreza, capaz de adaptar-se a qualquer tipo
de acolhida que lhe for oferecida, disposta a partilhar a vida de quem a
acolhe, totalmente disponível para o serviço aos doentes e marginalizados,
pronta a viver a experiência do fracasso, com otimismo, sem deixar-se abater. Quem
tem estas disposições internas, deve estar atento. Pode ser que o Senhor queira
enviá-lo para trabalhar na sua messe. Por que não dizer um sim corajoso e
generoso?
Jesus
não enfeita as coisas. Ao enviar seus discípulos em missão, ele deixa claro que
as coisas serão difíceis. Sua preocupação maior é com a atitude de seus
enviados: vocês não são lobos, não são predadores, não vão viver da lã de seu
rebanho. Ao contrário, vocês é que serão a presa, os cordeiros entre lobos
famintos. Desarmados, inermes, sacrificados... Urs von Balthasar comenta: “No
grande discurso evangélico da missão, Jesus envia seus discípulos ‘como
cordeiros no meio de lobos’. Imagem aterrorizante quando concretamente representada.
Humanamente considerada, tal missão poderia parecer o ato de um irresponsável. Jesus
pode ousar algo semelhante unicamente porque o próprio Pai o enviou como “o
Cordeiro” entre os homens. Estes se comportam com ele como lobos, a fim de que
seja alcançada a vitória do “Cordeiro imolado”, que o torna digno e capaz de
quebrar todos os selos da história do mundo (cf. Ap 5).
Jesus veio entre os
homens completamente desarmado; sua única arma era sua missão que, enquanto
durasse, o protegeria do assalto dos inimigos, mesmo que, em certas
circunstâncias, ele precisasse escapar deles, fugindo. Desde o início, Jesus
desarma aqueles – ‘operários pouco numerosos’ – que devem anunciar sua
mensagem: eles devem primeiro desejar a paz, pouco importa que ela seja, ou
não, aceita. Se ela não for aceita, não deve ser imposta por alguma violência,
mas ir para outra parte. Porém, tanto aos que a acolhem, quanto aos que a
recusam, seus mensageiros devem anunciar que o Reino de Deus está próximo, a
fim de que todos, considerada a brevidade do tempo, se preparem para sua Vinda.
Eles não devem rejubilar-se com o sucesso, nem se perturbar com o fracasso.
O
sucesso não está incluído na missão, ele se encontra unicamente no Senhor das
missões, que por sua cruz arremessou Satã fora do céu. Somente o ‘Cordeiro de
Deus’ foi vencedor, o ‘Leão da tribo de Judá’ – é a ele que se cantam no céu os
grandes hinos de louvor (cf. Ap 5,5.9ss). Unicamente nele, e não neles mesmos,
que os enviados têm ‘pleno poder sobre todo o poder do Inimigo’. Esta certeza
deve bastar como consolação aos enviados.” E nós, os enviados de hoje, deixemos
de lado todo sonho de grandeza e de poder, de honras e retribuições humanas.
Nada de ilusões infantis...
Nenhum comentário:
Postar um comentário