A nova comunidade nasce na fé
Jesus é homem como nós; tem amigos e aceita o convite para
um casamento, com sua mãe e seus primeiros discípulos. Esta semelhança torna-o
"acessível", "conhecível" a nós.
Mas Cristo é também "mistério", se ele não se
revela, se não manifesta sua identidade. Revelação que fará pouco a pouco, com
sábia pedagogia.
Tudo começa com uma festa de núpcias...
Repensando, à luz do Espírito, em tantos fatos em que
estivera envolvido, João descobre que Jesus começou a revelar a própria
identidade em Caná; verá culminar esta revelação na morte, a hora de Jesus. Do
mesmo modo, a adesão dos discípulos a Cristo tem uma história; a fé começa a
esboçar-se exatamente em Caná. É ai que nasce um novo tipo de relação com
Cristo e, em consequência, novas relações entre eles. O laço que deles faz uma
comunidade é a fé comum em Jesus.
Cristo começa a revelar sua identidade não de modo verbal,
explícito, como uma fórmula dogmática, mas através de uma linguagem dos gestos.
... e termina nas núpcias eternas
Os profetas haviam descrito as relações entre o homem e Deus
em termos de relação nupcial . O povo de Israel, esposa escolhida
por Deus, foi muitas vezes infiel e teve que ser purificado através de duras
provas como o exílio. Nestes momentos de provação e abandono, o profeta anuncia
a fidelidade de Deus, que ama apesar de tudo, virá o momento em que Deus se
unirá indissoluvelmente e para sempre à humanidade. Esta união definitiva será
Jesus. Caná é vista por João como o banquete nupcial da união definitiva do
homem com Deus, a inauguração dos tempos messiânicos. O sinal de Caná revela a
glória de Jesus, desvela o seu ser divino.
Caná, início da Igreja, como comunidade
de fé
Paralelamente à primeira revelação de Jesus se dá a passagem
do antigo ira o novo povo de Deus, não mais fundado sobre a carne e o sangue,
mas sobre a fé em Jesus. Este é o primeiro dos sinais leitos por Jesus; sinal
visível, pelo qual manifesta sua glória e os discípulos creem nele.
Este grupo dos que creem em Jesus, nascido em Caná, se
tornará a Igreja. Na 2ª leitura encontramos essa Igreja viva, que, em Corinto,
está às voltas com o problema fundamental: a unidade que deriva da fé comum em
Jesus e a diversidade dos carismas. Deus cumula de dons naturais e
sobrenaturais os membros da comunidade.
Esses dons não devem ser um privilégio pessoal, um meio para
a autoafirmação, mas um serviço aos outros. Devem ser usados com critério e
para o bem comum. São fruto não das forças humanas, mas do Espírito. Essa
revelação do Cristo implica questionamento também para nós. Quais são os sinais
pelos quais pode um homem de hoje "conhecer" o Cristo? A fé de Maria
leva Jesus a "manifestar-se". Os discípulos creem em sus; chegam, de
certo modo, até à fé de Maria. Não é esta também a missão da Igreja hoje, a
missão de cada cristão, comunicar a fé?
Hoje, a humanidade também está em situação de exílio:
guerras, medo, justiças... De onde virá a salvação? Unicamente do esforço
humano, que é necessário, ou também da aliança (esponsais) com Deus?
Nesta obra de salvação divino-humana, a Igreja e todos os
que creem têm obrigação de pôr a serviço tudo o que são e que têm. A pequena
Igreja, n que estamos inseridos, aguarda talvez o momento de estar
"unida" por na fé mais viva no Cristo que se revela.
“A fé é virtude, atitude habitual da alma, inclinação
permanente a julgar agir segundo o pensamento do Cristo, com espontaneidade e
vigor, como convém a homens "justificados". Com a graça do Espírito Santo,
cresce a virtude da fé, se a mensagem cristã é entendida e assimilada como “boa
nova", no sentido salvífico que tem para a vida cotidiana do homem".
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