Vinho novo em odres novos...
18/01/2016 Segunda-feira
2ª Semana do Tempo Comum - 2ª Semana do Saltério
Marcos 2,18-22
Naquele tempo, os discípulos de João Batista e os fariseus estavam
jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: "Por que os discípulos de João e
os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?"
Jesus respondeu: "Os convidados de um casamento poderiam, por acaso,
fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com
eles, os convidados não podem jejuar. Mas vai chegar o tempo em que o
noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.
Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo
novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho
novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o
vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos". -
Palavra da Salvação.
*******************
Em todas as
épocas, as pessoas sempre valorizaram as práticas religiosas, e, entre
essas práticas, o jejum. Na época de Jesus, não era diferente. Por isso,
os fariseus procuram Jesus e o questionam sobre a prática do jejum por
parte dele e dos seus discípulos. Jesus nos mostra que as práticas
religiosas só têm sentido enquanto são manifestações do relacionamento
que temos com Deus, e que o Novo Testamento apresenta essa grande
novidade em relação ao Antigo. Assim, percebemos que Jesus veio nos
trazer algo realmente novo, e não apenas colocar rótulos novos nas
coisas velhas que já existiam antes da sua vinda ao mundo.
A
intransigência dos fariseus, quanto à prática do jejum, foi firmemente
rejeitada por Jesus. Para darem prova de piedade, certos fariseus e
certos discípulos de João Batista exageravam na prática de jejuns não
obrigatórios.
E se admiravam por que os discípulos de Jesus não faziam o mesmo.
O jejum tem uma forte conotação de penitência, de recolhimento e de
interiorização. Em torno desta prática, cria-se um clima especial que
ajuda o jejum a atingir seu objetivo: levar a pessoa a se tornar senhora
de si mesma, dominar seus instintos e suas paixões.
Embora
desejando que os discípulos tivessem autocontrole, Jesus preferia que,
em torno dele, houvesse um clima festivo de alegria. Daí ter falado de
sua presença no meio deles servindo-se da metáfora da festa de
casamento. Era assim que a piedade popular entendia os tempos
messiânicos. Os ditados a respeito de vestidos e vinhos novos e velhos
também situam-se neste ambiente de festa.
A presença do Messias
Jesus deveria levar o discípulo a superar toda tristeza. Com o Mestre,
renascia a esperança, pois a boa-nova do Reino descortinava um horizonte
novo. Por conseguinte, seria insensato ficar multiplicando jejuns e
penitências, quando era tempo de empenhar-se, festivamente, na vivência
do amor e da fraternidade.
Os judeus só jejuavam uma vez no ano
no “Dia da Expiação”, já os fariseus cumpriam esse ritual três vezes por
semana alegando ser um gesto de piedade, mas que piedade seria essa que
marginalizava o irmão, que nega a participação no banquete celestial. O
jejum por via de regra estava ligado ao luto ou arrependimento, sendo
assim seria incoerente essa pratica já que o momento era de festa (a
chegada da Boa Nova), como se mortificar na presença de Jesus (o noivo).
Mais uma vez vem a afirmação de que para fazer parte do novo tempo não
adianta maquiar a aparência (remendo novo), é preciso uma completa
transformação uma mudança radical (odres novos).
Nenhum comentário:
Postar um comentário