Vamos
neste inicio de semana com o Domingo de Ramos iniciar nossa Semana Santa, ou
como antigamente a chamávamos Semana Maior.
A
Semana Santa evoca cruz e ressurreição. De fato, o evento maior é a Ressurreição,
mas isso não deve omitir uma reflexão sobre a cruz. Jesus retira o símbolo
horrendo de um mal irreversível, punição, e converte aquele instrumento em um
distintivo de amor, de vitória.
É
um dos grandes mistérios da humanidade, em todos os tempos, a constatação de um
Deus encarnado que através de uma forma cruel, efetua, por esse veículo, a
redenção da humanidade.
Ele pagou o preço
Esse
generoso sangue vertido na cruz é o preço do resgate. A obra da redenção de
reparação, que só pode ocorrer a partir de uma dádiva oferecida à justiça
divina. Ora, se o pecado rompe a ordem normal, torna-se necessária uma
retratação quanto ao pecado cometido. Cristo, qual um servo sofredor da antiga
profecia, assumiu sobre si o castigo que, pela desordem do pecado, a humanidade
merecia. Ao fazê-lo, cumpriu a justiça, restabeleceu o direito defraudado pelo
pecado, e reintegrou o homem a Deus. O castigo, no entanto, não teria nenhum
efeito redentor se não tivesse sido amorosa e voluntariamente aceito por
Cristo. A dignidade da vítima não deve ser entendida no sentido do valor mágico
do evento, mas compreendida pela visão do filho de Deus que se faz homem, e
assim humanado sofreu o castigo que nós merecíamos.
A morte na cruz
Fiel
e obediente ao projeto do Pai, Jesus se deixou pregar na cruz. Ele foi
obediente em tudo, humilhando-se até a morte. E morte de cruz! (cf. Fl 2,8). Em
tudo há que se ver a misericórdia de Deus, superando uma certa morbidez com
que às vezes revestimos a cruz do calvário. A cruz só seria compreendida após a
ressurreição, quando deixa de ser algo cruel fatalista para se tornar um ato de
entrega, coragem e amor.
Um gesto de partilha
Na
cruz, o ódio é destruído pelo amor, a solidão dá vez à vida comunitária e o
fechamento cede lugar à partilha. O sacrifício, no qual Cristo partilha sua
vida conosco, é definitivo e vicário. Definitivo, porque ele morreu uma vez por
todas e havendo ressuscitado não morre mais. É vicário, porque morreu em nosso
lugar. Os sacrifícios e os tormentos que pelo pecado nós merecemos, ele pagou.
Ele morreu pela remissão dos nossos pecados. Esse é um dos principais artigos
da nossa fé.
O
ódio do mundo fica definitivamente cancelado com o amor da entrega de Jesus na
cruz. Amando os seus até o fim (cf. Jo 13, 1), ele compreendeu a perseguição, o
sofrimento e a morte como partes integrantes de sua missão, que era dar a
própria vida pata a salvação de muitos. Uma vez entregue à vontade do Pai,
entregou-se, sem mais resistência, aos matadores, como a figura
veterotestamentária da ovelha diante do carneador(magarefe-açougueiro) .
Abandonado
por todos, ele não abandonou
ninguém. Forçado a ir
até o fundo da dor, da humilhação e da morte, aceitou o sacrifício, por amor e
solidariedade com todos os que sofrem.
A
cruz representa esse abismo contraditório de ódio e de amor. A cruz ensina o
itinerário do amor.
Uma
Santa Semana para que possamos chegar a Páscoa da Ressurreição.
Padre
Emílio Carlos
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