Parece um pouco estranho que a distração seja o princípio de qualquer mal, mas a verdade é que a experiência do dia de hoje me mostrou que tal é de fato verdade, pode ser de fato verdade.
Retirado para um mosteiro beneditino no norte de Portugal, com mais quatro irmãos que me acompanham, tinha-me proposto viver o dia de hoje em silêncio e atento ao bater do meu coração e aos convites do Senhor a estar com Ele. Lá fora o tempo invernal de chuva, trovoada e vento convidava à interiorização, ao silêncio interior, que o próprio mosteiro por si só também já convida.
Queria aproveitar esta oportunidade para viver uma Páscoa mais espiritual, de maior intimidade com Deus .
Mas qual não foi a minha surpresa, ou se calhar nem tanto, quando dei comigo neste silêncio a pensar num conjunto de coisas que tenho para fazer quando regressar a Lisboa, na viagem de regresso e mesmo depois das festas que se aproximam a uma velocidade vertiginosa.
A distração invadiu-me completamente e assim o silêncio que me tinha proposto fazer para um encontro mais íntimo com Deus acabou por ser povoado por um conjunto de preocupações que neste momento de nada me adiantam, uma vez que não as posso solucionar.
É difícil fazer silêncio na nossa vida, não nos deixarmos invadir pelas distrações que nos cercam por todo o lado e impedem o encontro silencioso e profundo com Deus.
Necessitamos disciplina, ordem, como também diz Poimén, uma alma sóbria, que não se alcança sem a graça de Deus e sem o exercício quotidiano deste mesmo silêncio e sobriedade de vida.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos conceda a graça de encontrarmos o silêncio, nem que seja momentâneo, para experimentarmos o encontro com Ele nesta Páscoa ( Tempo Pascal) .
inserido por Padre Emílio Carlos+
Nenhum comentário:
Postar um comentário