A justificação pela fé
A justificação se tornou ponto central de algumas doutrinas ao longo da história. A expressão maior dessa verdade é o protestantismo no século XVI. Lutero acreditava que a justificação mediante a fé é a essência do que se deve crer para a salvação. A Lutero se “junta” Calvino e outros. De fato, a teologia da justificação foi o grande parâmetro ante uma doutrina marcada pela relação de troca-justificação pela obras estabelecida pela cultura religiosa medieval.
O apóstolo Paulo foi quem tratou de maneira mais profunda a questão da justificação pela fé. Teologicamente, é a expressão dessa verdade mais altamente desenvolvida. Foi a sua maneira característica de formular a verdade central do evangelho: Deus perdoa os pecadores crentes. Assim, das 39 vezes que o verbo justificar aparece no Novo Testamento, 29 estão ligadas às epístolas do apóstolo ou em palavras registradas como suas.
São muitas as passagens nas quais desenvolve a justificação pela fé. Parece que as palavras do Apóstolo ganham tonalidade diversa. Paulo, outrora fariseu, rigoroso, sabe que a transgressão de um só mandamento torna o homem culpado com referência a toda lei (Gl3, 10; 5,3; Rm2, 25). O Paulo apocalíptico transfere o nexo de fazer e acontecer para o futuro escatológico: quem faz o mal e transgride a lei já encaminhou para si alguma desgraça futura (Rm 2,2-8). O Paulo escriba confirma o apocalíptico pessimista também ao dizer que todos sem exceção, judeus e gentios, vivem na escravidão do pecado e só podem por si esperar iniludível desgraça (Rm 2,24; 3,4. 10-18). O Paulo cristão convertido sabe que à redenção universal operada por cristo deve corresponder o desvio universal na escravidão do pecado (Gl 2,21; Rm5, 12.21).
Dentre os vários textos referentes à justificação pela fé escolhemos o de Romanos 3, 21-26. Somente Paulo entre os escritores do Novo Testamento faz do conceito de justificação o elemento básico de sua sotereologia. Começa, pois, seu evangelho da salvação afirmando que “agora” (v.21) esta vontade salvadora de Deus se revela e se realiza “pela fé em Jesus Cristo” (v.22). Agora se está oferecendo a todos sem distinção, sob a única condição de que creiam.
Deus quis agraciar a toda a humanidade, judeus e não judeus, da mesma maneira: unicamente pela fé. Agora a ira de Deus está se transformando em presença de amor salvador para os que aceitam Jesus pela fé. Ninguém pode se atribuir méritos nem exigir direitos, pois trata-se de um dom de Deus, absolutamente gratuito.
A justificação para Paulo é o ato de Deus que redime os pecados dos homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por sua graça mediante a fé em Jesus Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei, que derramou seu sangue a favor dos mesmos, o Senhor Jesus Cristo.
O apóstolo quer deixar claro que a “lei judaica” foi substituída pela “lei da fé”, com a qual descobrimos o verdadeiro semblante de Deus, semblante de um pai que é amor infinito e que ama a todos de igual modo. As barreiras que dividem e discriminam as pessoas foram derrubadas. A fé abre-nos para o evangelho da salvação universal revelada em Jesus, o Messias. Paulo conclui disto que o homem pode ser justificado mediante a fé em Cristo (Rm 3,26. 28; 5,1; Gl2, 16). Isto é, mediante o confiar exclusivamente na graça de Deus, a qual, por sua definição, tem que ser um dom gratuito (v.24).
Por que sem a lei? Porque, como lembra Paulo na sua carta aos Romanos, o Messias é o fim da lei como “porque o Messias é o fim da lei, para a justiça de todos os que crêem” (10,4). Ou, como em Segundo Coríntios “mas seus espíritos se obscureceram. Sim, até hoje, quando lêem o Antigo Testamento, este mesmo véu permanece. Não é retirado, porque é em Cristo que ele desaparece” (3,14). A circuncisão e a lei distinguem; a fé não distingue, ou seja, não exclui a ninguém.
E a questão das obras? Paulo insistia que o homem não é capaz de se tornar justo com suas próprias ações, mas só porque Deus lhe confere sua justiça, unindo-o a Cristo, através da fé. O ponto é que esta fé não é uma opinião ou uma idéia, mas comunhão com Cristo e, portanto se converte em vida, em conformidade com Ele. A fé, sendo verdadeira, real, converte-se em amor, em caridade e se expressa na caridade. Uma fé sem caridade, sem este fruto, não seria verdadeira fé. Seria morta. É de Paulo, na carta aos Coríntios, o mais belo hino sobre a caridade.
Cláudio Geraldo 1º ano de teologia e
Willis de Oliveira Gama 3º ano de teologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário