SOLENIDADE DO PENTECOSTES
O tema deste domingo é,
evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá
vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de
Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva,
recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos
crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que
Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que
orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de
Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças
e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e
culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde
brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a
comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons
não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de
todos.
LEITURA I – At 2,1-11
Já vimos, no comentário aos
textos dos domingos anteriores, que o livro dos “Atos” não pretende ser uma
reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os
cristãos – desiludidos porque o “Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e
a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu Batismo.
No que diz respeito ao texto que
nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não
existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma
clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às
imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos
descodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese
primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste
relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da
mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o
fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a
comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a
testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.
Antes de mais, Lucas coloca a
experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa
judaica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa
agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no
séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no
Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito,
Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo
da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova
comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei
inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez 36,26-28).
Vem depois a narrativa da
manifestação do Espírito (At 2,2-4). O Espírito é apresentado como “a força de
Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os
símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e
constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex 19,16.18; Dt 4,36). Estes símbolos
evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com
o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.
O Espírito (força de Deus) é
apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da
identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de
estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar
outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o
egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de Babel
(cf. Gn 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que
conduziu à separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à
relação, à construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação.
É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da
mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A
comunidade messiânica é a comunidade onde a ação de Deus (pelo Espírito)
modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao
amor.
É neste enquadramento que devemos
entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf. Act 2,5-13): todos “os
ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus”. O elenco dos
povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo
antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaan, pela Ásia Menor, pelo norte
de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que
faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de
Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a
anti-Babel. A possibilidade de ouvir na própria língua “as maravilhas de Deus”
outra coisa não é do que a comunicação do Evangelho, que irá gerar uma
comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura, as suas diferenças, todos os
povos escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a
comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão
experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos.
O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e
pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes dos “Atos” é,
podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia aquilo que será o
resultado da ação das “testemunhas” de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel,
nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se
relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei
suprema, como fonte de amor e de liberdade.
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as
seguintes indicações:
Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma
comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do
Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Jesus.
Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e
na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos
parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está
reunida por causa de Jesus e à volta de Jesus? Tem consciência de que o
Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente,
a proposta libertadora que Jesus deixou?
Nunca será demais realçar o papel do
Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do
Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz
de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho;
depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações
humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência
de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos
suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?
Para se tornar cristão, ninguém deve ser
espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os
sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as
suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens
deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que
fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos
encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras
raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do
nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104)
Refrão 1: Enviai, Senhor, o vosso
Espírito, e renovai a face da terra.
Refrão 2: Mandai, Senhor, o vosso
Espírito, e renovai a terra.
Refrão 3: Aleluia.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois
grande!
Como são grandes, Senhor, as
vossas obras!
A terra está cheia das vossas
criaturas.
Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito,
retomam a vida
e renovais a face da terra.
Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.
LEITURA II – 1 Cor 12,3b-7.12-13
A comunidade cristã de Corinto
era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à
vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e
rivalidades, perturbavam a comunhão e constituíam um contra-testemunho. As
questões à volta dos “carismas” (dons especiais concedidos pelo Espírito a
determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com
especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os
“escolhidos” de Deus, apresentavam-se como “iluminados” e assumiam com
frequência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a
fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados
destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como
“cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.
Paulo não pode ignorar esta
situação. Na Primeira Carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta, dá conselhos,
mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o Evangelho. No texto
que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos “carismas”.
Em primeiro lugar, Paulo acha que
é preciso saber ajuizar da validade dos dons carismáticos, para que não se fale
em “carismas” a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os
privilégios de certas figuras. Segundo Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que
leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois não pode haver oposição entre
Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.
De resto, é preciso que os membros
da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons
espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de
funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da
diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há,
portanto, “cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante é
que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para
melhorar a própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a
comunidade.
Paulo conclui o seu raciocínio
comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da
diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros
circula a mesma vida, pois todos foram batizados num só Espírito e “beberam” um
único Espírito.
O Espírito é, pois, apresentado
como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele
fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses
diversos membros que formam a comunidade.
ATUALIZAÇÃO
Para refletir e atualizar a
Palavra, considerar os seguintes elementos:
Temos todos consciência de que somos
membros de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos
alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não mais dignas ou mais
importantes, mas diversas). No entanto, encontramos, com alguma frequência,
cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da sua situação “à
parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham, seja em razão
das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de se fazerem notar. Às
vezes, vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo por parte daqueles
que se consideram depositários de dons especiais; às vezes, a Igreja continua a
dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma pirâmide no topo da
qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja base está o rebanho
silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido, à luz da doutrina
que Paulo expõe?
Os “dons” que recebemos não podem gerar
conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a
vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna,
ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes
egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
É
preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá
vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que
conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos
os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença
do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos
consciência de que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não
somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?
(Em vez desta leitura, pode
escolher-se a leitura seguinte: Gal 5,16-15)
SEQUÊNCIA DO PENTECOSTES
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.
Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:
Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.
ALELUIA
Aleluia. Aleluia.
Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos
fiéis
e acendei neles o fogo do vosso
amor.
EVANGELHO – Jo 20,19-23
Este texto (lido já no segundo
domingo da Páscoa) situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição.
Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da ação criadora e
vivificadora do messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com
Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da
ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer
a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua
missão no mundo e dar testemunho do projecto libertador de Jesus.
Nos “Atos”, Lucas narra a descida
do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinquenta dias após a
Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do
Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da
constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a
recepção do Espírito pelos discípulos.
João começa por pôr em relevo a
situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (vers.
19a): é o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio
de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade
que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se
agarrar.
Entretanto, Jesus aparece “no
meio deles” (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a
experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o
seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade
se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe
de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa por saudá-los,
desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é um dom messiânico;
mas, neste contexto, significa sobretudo a transmissão da serenidade, da
tranquilidade, da confiança, que permitirão aos discípulos superar o medo e a
insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a
hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado
está “no meio deles”.
Em seguida, Jesus “mostrou-lhes
as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de Jesus, o amor total
expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no amor oferecido até
à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O fato de esses
“sinais” permanecerem no ressuscitado indica que Jesus será, de forma
permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega
alimentará a comunidade.
Vem depois a comunicação do
Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de
Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o
mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o homem
tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a
vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em
plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de
amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova
aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de
Jesus.
Finalmente, Jesus explicita qual
a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus
não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou
a sua disposição – perdoar os pecados. Significam apenas que os discípulos são
chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os
homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem
não a aceitar continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte, isto é, de
pecado. A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de
salvação.
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as
seguintes coordenadas:
A
comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua
identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as
nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de
testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de
mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o
nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer
ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a
referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não
essenciais, que às vezes dividem os crentes?
Identificar-se como cristão significa dar
testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor
partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando
para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e
reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
As comunidades construídas à volta de Jesus
são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o
barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado,
que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer
os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a
desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética,
testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da
presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos
aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.
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