Ascensão do Senhor - Solenidade
A origem da Solenidade da Ascensão do Senhor inspira-se nos
textos bíblicos que relatam a subida de Jesus aos céus, 40 dias depois de sua
Ressurreição. Os relatos Sagrados relacionam a Ascensão do Senhor com a vinda
do Espírito Santo. Jesus sobe aos céus prometendo que enviará o Espírito Santo
para sustentar os discípulos na tarefa evangelizadora (At 1,6-8). Este é um dos
motivos pelos quais, em algumas Igrejas, era comum celebrar a Ascensão e
Pentecostes numa única Liturgia. A separação entre as duas festas, contudo, já
é mencionada a partir do século IV, como consta em um Lecionário Armeno e em
dois sermões feitos pelo Papa Leão Magno. (catequisar.com.br)
A festa da Ascensão do Senhor e
sua solenidade remontam a antiguidade greco-romana, na tradição da chamada
celebração do triunfo.
Nesta, o imperador romano reunia uma multidão e lhe impunha algumas condições:
a partida para a campanha contra o inimigo, a luta, a vitória e o retorno. Em
seguida, preparava uma festa com a participação de todo o povo, nos jogos e na
partilha dos alimentos. Marchava-se pelo caminho sagrado e passava pelo arco do
triunfo, no qual o general vitorioso recebia a coroa e a palma.
Assim, vista sob o prisma da
mentalidade cristã, vê-se que o Filho de Deus, deixou o seio do Pai e veio a
este mundo. Deu combate ao inimigo, o pecado e a morte. Em seguida, vitorioso,
volta para junto do Pai e distribui os dons aos homens. Por isso, celebra-se
igualmente a vitória sobre a morte e o triunfo, a glorificação do Pai no Filho,
na solenidade da Ascensão do Senhor, quarenta dias após a Páscoa. No Brasil,
como não é feriado no quadragésimo dia após a páscoa, celebra-se esta
solenidade no 7o Domingo da Páscoa. Nela, já insere-se e prepara-se
para o grande mistério de Pentecostes.
E, eis que o
mistério pascal se plenifica. Ao celebrar a festa da Ascensão do Senhor, em
primeiro lugar recorda-se a subida gloriosa de Cristo ao céu onde “está sentado
à direita do Pai”. Jesus cumpriu a obra redentora pela qual viera a este mundo,
oferecendo um sacrifício de adoração, louvor e ação de graças a Deus, por todos
os homens. Na cruz, e, sobretudo, na ressurreição tornou todos os homens filhos
e filhas de Deus. Em seguida, apareceu várias vezes, cumprindo a promessa que
havia feito aos discípulos e falando-lhes do Reino de Deus.
Mas é chegado o
momento de voltar para o Pai! A promessa feita por Jesus: “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós”
(Jo 14, 18), parece ter sido esquecida, paira o silêncio diante da partida de
Cristo. É como se a luz de Cristo não fosse mais brilhar! Como se Jesus
estivesse totalmente ausente! A Igreja se encontra sozinha, como que passando
por sua viuvez! Se entendida a Ascensão numa maneira literal.
Mas, ao entendê-la
no sentido pleno, observamos que ocorre justamente o contrário. Neste dia é
intensificada a presença do ressuscitado, como descreve São Paulo aos Efésios: “O que desceu é também o que subiu acima de
todos os céus, a fim de plenificar todas as coisas”. Portanto, Cristo
subiu aos céus para encher tudo com a Luz de sua presença. Por isso a liturgia
deste domingo, mostra primeiramente a autoridade de Cristo.
Os chefes, ou os
donos deste mundo haviam abandonado a Jesus, mas Deus o exaltou. Comprovam
isto, os relatos das leituras, tanto na primeira leitura, onde Lucas escreve
que: “Jesus elevou-se à vista deles, e
uma nuvem o ocultou a seus olhos” (At 1-11). E, em seguida, Paulo na
segunda leitura, afirma que “Deus
ressuscitou a Jesus e tudo pôs debaixo de seus pés e o pôs acima de tudo, como
Cabeça da Igreja, que é o seu corpo” (Ef 1, 17-23). E Jesus afirma
solenemente no Evangelho: “Toda
autoridade me foi dada no céu e sobre a terra” (Mt 28, 16-20).
Outra experiência
que emerge deste dia, relembra que ao final os abençoou, supondo uma missão: os
enviou. Não a uma região determinada, mas a todos os povos: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a
observar tudo o que eu vos ordenei” (Mt 28, 19). Inaugura-se, então, o
tempo de anunciar Jesus como Senhor de todos os povos. Não como o ditador, mas
sim com poder daquele que tornou-se servo. Por isso, a exigência para que os
discípulos o imitem em sua humildade.
O verdadeiro
sentido da ascensão é uma verdade de fé, apenas acessível à fé de cada ser
humano que se deixa encantar pela novidade de Cristo, na oração, na meditação e
na leitura dos acontecimentos de sua vida. Jesus está vivo, A extensão da sua
influência é infinita, mesmo não tendo mais uma presença localizada, Ele está
presente agindo. Onde existe amor, a busca da verdade, a luta pela justiça, o
respeito e a promoção do homem, está Cristo atuante na história. A verdadeira
ascensão de Cristo é a ascensão de todos os homens que Ele inspira e leva a
construir uma terra nova, onde habite a justiça e todos se amem mutuamente.
Por isso, na
rememoração da subida de Cristo, após quarenta dias da ressurreição, os
cristãos se colocam como herdeiros e destinatários da promessa de Cristo, na
espera de sua vinda definitiva. Por isso, incessantemente pedimos que, o Cristo
que penetrou no mais alto céu, abrindo o caminho para a nossa ascensão,
manifeste a nós, como aos discípulos após a ressurreição, aparecendo em eterna
benevolência, e como cremos que está sentado com o Pai em sua glória,
possibilite a nós experimentarmos a alegria de tê-lo conosco até o fim dos
tempos, conforme a sua promessa: “E
eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt
28, 20b) Assim Seja!
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