SER
UMA BÊNÇÃO
O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor te mostre seu rosto brilhante e tenha piedade
de ti!
O Senhor te mostre seu rosto e te conceda a paz!
(Nm 6,24-26).
É curioso como hoje em dia,
muitos correm atrás de bênçãos.
O que a maioria das pessoas
desconhece é que a bênção, como um sacramental que é, aponta para uma
realidade de mão dupla: assim como eu recebo bênçãos, também devo abençoar.
A bênção –é um sacramental – e não
é exclusividade do padre; qualquer batizado pode abençoar. Há dias eu estava em
uma igreja e uma senhora apareceu com uma imagem enorme de Nossa Senhora, quase
uma estátua, para “benzer”. Como o vigário não estava presente, me indicaram
para aquela tarefa, que fiz com simplicidade, devoção e alegria. Soube depois
que, no dia seguinte a senhora voltou com a imagem para que o pároco desse
outra bênção. Isto mostra o quão pouco os católicos entendem de bênçãos.
Quando recebem de presente um
objeto sacro, imagem, terço, medalha, a primeira coisa que querem saber, antes
dos efeitos da devoção ou o significado do objeto, é saber “já está bento?”.
Tem gente que vive atrás de
bênçãos mas é incapaz de ser uma benção para os outros... É sobre isto que
vamos falar a partir de agora: como tornar-se uma bênção para os outros.
Para se tornar uma bênção para os
irmãos, hoje, o cristão necessita ter certeza nessa realidade de fé, em nome de
Jesus. É preciso verbalizar, com fé: eu sou uma bênção!
Se você afirma isto, com fé e
humildade, você já é uma bênção, queiram ou não queiram, os inimigos da fé, os
descrentes, os pessimistas e o próprio diabo. Pela autoridade do nome e do
sangue de Jesus eu não serei outra coisa que não seja uma verdadeira bênção.
No seio da família observa-se como é
preciosa bênção dos pais. Eles são os primeiros mensageiros de Deus na vida
dos filhos. Quando eu era
criança, recordo, que se pedia, antes de dormir ou em qualquer outra
circunstância do dia, a bênção aos nossos pais, avós e padrinhos, beijando,
não-raro, suas mãos. Sem a bênção, parecia-nos que faltava algo à nossa
segurança ou ao sucesso de nossos planos diários. Até hoje peço a benção a
minha mãe.
Hoje, passados os anos, tenho profunda
consciência da importância da bênção dos pais na vida dos filhos. É a Sagrada
Escritura que nos alerta sobre a necessidade dessa bênção.
Os batizados são chamados a abençoar e a ser
uma bênção, que está intimamente ligada ao sacerdócio batismal. Todo batizado é chamado a participar do processo
de “bênção”, eis por que os leigos podem presidir a maior parte das bênçãos. É
preciso um despertar para essa missão e compromisso.
Quando nos tornamos bênção?
Quando promovemos a paz e a fraternidade (cf. Rm 12,18); quando pregamos o
evangelho e ganhamos almas para Jesus (cf. Tg 5,20); quando tudo o que temos,
somos e fazemos concorre para a maior glória de Deus.
Por que Abraão foi uma bênção
para sua família e toda a posteridade de Israel? Simplesmente pela fé; ele creu
e isto lhe foi imputado em justificação (cf. Hb 11,8).
É importante que o cristão tenha fé no Deus Uno e Trino, que não admita
palavras de maldição nem de baixo astral para sua vida.
Dissipamos as coisas negativas e
o pessimismo, aceitando as bênçãos de Deus e transmitindo-as, com palavras,
gestos e atitude de amor aos nossos irmãos. Existem alguns passos que devemos
observar para sermos bênçãos para os outros. É preciso estar atento. Vamos a
eles?
1.
Obediência-
seguir as leis de Deus, cumprir os mandamentos e reconhecer-se pecador;
2.
Fé- são
as pessoas que querem entregar suas vidas a Cristo; os caídos querem se
levantar; as cadeias da opressão vão ser quebradas; vai haver alegria no céu
pelos pecadores que se arrependem.
3.
atitude
positiva- para seguir a Jesus e se tornar uma benção para o mundo é
preciso uma sensível mudança de comportamento: renúncia ao pecado e conversão aos valores do evangelho;
4.
perseverança-
persistir nas opções escolhidas: persistir e insistir.
Vemos em Gn 12,1s a bênção que o
Senhor Javé estende a Abraão. Ela é, primeiro um favor divino, depois um meio
de felicidade a todos os contemplados.
Javé disse a Abrão: “Saia de sua terra, do meio de
seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Eu
farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de
modo que se torne uma bênção. Abençoarei os que abençoarem você e amaldiçoarei
aqueles que o amaldiçoarem. Em você, todas as famílias da terra serão
abençoadas” (Gn 12, 1ss).
Nessa bênção derramada sobre
Abraão, que o torna patriarca (patér, pai + arché,
primeiro, principal) de uma nação, há que se observar a incidência de dois
ingredientes que se tornam diferenciais absolutos: 1) a ação de Deus; 2) a
atitude humana decorrente dessa ação. Para Deus operar em nossa vida, ele vai
observar como são as nossas atitudes. Quando se pergunta, numa assembléia
religiosa, quem quer ir para o céu, todos levantam a mão e respondem sim.
Quando, indo adiante, se pergunta se querem beber do cálice do sofrimento e
carregar a cruz, todos baixam a mão e ficam em silêncio.
Na história bíblica observamos
que, depois da ordem de Javé, Abraão sai (obediência). Quem não obedece
nunca será uma bênção. Você quer ser uma bênção no mundo? Liberte-se do pecado,
do egoísmo, da vaidade, das ideias preconcebidas. Dê prioridade à vontade de
Deus. Vamos ver o que a Palavra de Deus nos diz sobre essa obediência:
Samuel, porém, replicou: “O que é que Javé prefere?
Que lhe ofereçam holocaustos e sacrifícios, ou que obedeçam à sua palavra?
Obedecer vale mais do que oferecer sacrifícios. Ser dócil é mais importante do
que a gordura de carneiros. A rebelião é
um pecado de feitiçaria, e a obstinação é um crime de idolatria. Você rejeita a
palavra de Javé. Por isso, ele rejeita você..." (2Sm 15, 22s).
Como me apresentarei a Javé? Como é que eu vou me
ajoelhar diante do Deus das alturas? Irei a ele com holocaustos, levando
bezerros de um ano? Será que milhares de carneiros ou a oferta de rios de
azeite agradarão a Javé? Ou devo sacrificar o meu filho mais velho para pagar
os meus erros, sacrificar o fruto das minhas entranhas para cobrir o meu
pecado? Ó homem, já foi explicado o que é bom e o que Javé exige de você:
praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar humildemente com o seu Deus
(Mq 6, 6ss).
Pois
eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim para fazer a
vontade daquele que me enviou (Jo 6,38).
Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou
mandando. Eu já não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que
seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo o
que ouvi de meu Pai (Jo 15,14s).
Hoje, invertem-se os papéis,
valores e princípios na nossa sociedade. Em geral as pessoas querem um Deus que
supra as suas necessidades. Ao invés do homem ser imagem e semelhança do
Criador, querem um deus à imagem e semelhança dos desejos humanos.
Quem diz que ama a Deus, mas não cumpre os seus
mandamentos, é mentiroso, e a Verdade não está nele (1Jo 2,4).
O fato é que, se nós priorizarmos
o Reino, nunca faltará bênçãos em nossa vida. Essa prioridade se resume em três
movimentos concêntricos: 1) obedeça; 2) priorize; 3) coloque-se no centro da
vontade de Deus.
Será que a gente sabe qual é a
vontade de Deus com relação à nossa vida e ao nosso trabalho missionário? Eu
arriscaria perguntar, agora? Você está onde Deus quer que você esteja? Olhe o
exemplo do profeta Jonas! Até a adversidade (tempestade, rejeição, incerteza,
alto risco) se transforma em bênção. Igualmente Paulo
e Timóteo decidiram acatar (obediência) a vontade de Deus, e isto lhes foi
imputado como justiça e santidade.
Paulo e Timóteo atravessaram a Frígia e a região da
Galácia, uma vez que o Espírito Santo os proibira de pregar a Palavra de Deus
na Ásia. Chegando perto da Mísia, eles tentaram entrar na Bitínia, mas o
Espírito de Jesus os impediu. Então atravessaram a Mísia e desceram para
Trôade. Durante a noite, Paulo teve uma visão: na sua frente estava de pé um
macedônio que lhe suplicava: “Venha à Macedônia e nos ajude!”. Depois dessa
visão, procuramos imediatamente partir para a Macedônia, pois estávamos
convencidos de que Deus acabava de nos chamar para anunciar aí a Boa Notícia
(At 16, 6-10).
Todo cristão, templo do Espírito
Santo, portador de Jesus no seu coração, deve lutar para se tornar uma bênção.
Os pais devem ser bênção para os filhos, e este, reciprocamente sê-lo para os
pais. Igualmente marido e mulher precisam estar atentos à necessidade de
fazerem circular as bênçãos em seu lar. Em todo tipo de relação se deve descobrir
a forma de ser bênção para o outro.
A partir do Novo Testamento,
constata-se que a verdadeira felicidade está em ser amigo de Jesus. Quem segue
o Cristo recebe bênçãos e se torna bênção. É salutar entender que onde Jesus
toca, tudo é abençoado. Quando nos convertemos e desejamos ser bênção, ele nos
toca e nos transforma. Nós somos o barco e ele é o mar... Você se torna uma
bênção ao receber Jesus como o Senhor, o Salvador, o Libertador, Aquele que
resgata. Trata-se de saber que Jesus é meu e eu sou dele... escutar a Palavra e
colocá-la em prática.
Nesse processo é fundamental
transformar adversidades, conforme já falamos, em bênçãos. Isto
implica em estar preparado, nas tribulações e provações que
invariavelmente acontecem em nossa vida. Trata-se de um ponto a mais para
aquele que crê.
A nossa vida é cheia de
problemas. São as derrotas, os fracassos, as decepções, gastos de tempo e
energia, o super-dimensionamento de nossos sofrimentos. Como enfrentar tudo
isto? Como sair vencedor em tantas lutas?
A
palavra bênção, no hebraico tem a raiz semita b-r-k que dá origem ao termo beraká, que traduz uma oferta, oportunidade ou chance. Com ela
se exprimem dois elementos essenciais do pensamento bíblico: a felicidade
humana e o dom divino que é sua fonte. O verbo “abençoar” traz consigo o
significado de uma comunicação dos bens divinos garantidos por um mediador: o
pai (para a família), o rei (para a nação), o sacerdote (para os que frequentam
o templo), o ministro (para a comunidade religiosa).
Vários eventos humanos são
vistos na Bíblia como bênçãos, tais como a fecundidade da esposa, a vitalidade dos
filhos, a felicidade da comunidade, as boas safras e abundância das colheitas,
o convívio com os amigos, etc. No Antigo Testamento, a bênção, em geral, se refere
a algum tipo de bem-estar terreno, segurança, poder, riqueza, descendência,
etc., e essa bênção está expressamente condicionada à obediência aos
mandamentos de Deus:
Vejam! Hoje eu estou colocando diante de vocês a
bênção e a maldição. A bênção, se vocês obedecerem aos mandamentos de Javé seu
Deus, que eu hoje lhes ordeno. A maldição, se não obedecerem aos mandamentos de
Javé seu Deus, desviando-se do caminho que eu hoje lhes ordeno, para seguir
outros deuses que vocês não conheceram (Dt 11,26ss).
Deus tem um plano para nós. Ele
nos convoca, independente da nossa condição e estado de vida, para uma missão.
Ele quer que sejamos uma bênção. Você só poderá ser uma benção se Deus o
abençoar. Nessa convocação o Senhor faz coisas magníficas:
Povos estrondam, reinos se abalam, mas ele ergue sua
voz, e a terra estremece. Javé dos Exércitos está conosco, nossa fortaleza é o
Deus de Jacó! (Sl 46, 7s).
Deus se levanta: seus inimigos debandam, seus
adversários fogem de sua frente.
Tu os dissipas como a fumaça se dissipa; como a cera
se derrete diante do fogo, assim perecem os injustos diante de Deus. Os justos
ao contrário se alegram, exultam na presença de Deus e dançam de alegria.
Cantem a Deus, toquem ao seu nome, atapetem o caminho daquele que avança pelo
deserto. O nome dele é Javé: alegrem-se na presença dele (Sl 68, 2-5).
Talvez seja uma palavra de
profecia, isto não é impossível, mas eu gostaria de afirmar que, quando Deus
quer abençoar alguém, uma (ou todas) dessas quatro maravilhas acontece:
1.
Deus concede
bens- devemos compartilhá-los sem reter nada:
Abraão era muito rico em rebanhos, prata e ouro. Do
Negueb, ele se transferiu, em etapas, para Betel, no lugar onde outrora havia
acampado, entre Betel e Hai, no lugar onde tinha construído um altar. E invocou
aí o nome de Javé. Ló, que acompanhava Abraão, também possuía ovelhas, bois e
tendas, de modo que não podiam viver juntos na terra, porque suas posses eram
tão grandes que não podiam morar juntos. Por isso, houve discussões entre os
pastores de Abraão e os de Ló. Nesse tempo, os cananeus e ferezeus habitavam
nessa terra. Abraão disse a Ló: “Não haja discussões entre nós, nem no meio de
nossos pastores, porque somos irmãos. A terra inteira está diante de você. Por
isso lhe peço que se separe de mim. Se você for para a esquerda, eu irei para a
direita; se você for para a direita, eu irei para a esquerda” (Gn 13, 2-9).
2.
Ele
concede o que não se espera-Deus tem bênçãos que a gente nem imagina;
Deus,
por meio do seu poder que age em nós, pode realizar muito mais do que pedimos
ou imaginamos (Ef 3,20).
3.
Ninguém
pode tirar aquilo que é seu- Deus tira a riqueza dos ímpios e a coloca na
mão dos pobres; Deus vai restituir aquilo que você perdeu: o filho nas drogas,
o marido na bebida, a filha no mau caminho, alguém no desemprego; Deus tudo
restitui;
4.
Deus
opera milagres- Vemos no Antigo Testamento, que Sara era estéril, Abraão
era velho, e Deus criou um povo numeroso a partir dos dois;
Haveria alguma coisa difícil para o Senhor? (Gn
14,18).
Prepare-se! O extraordinário de Deus vem para você!
Para que eu me torne uma bênção,
tenho que crer em Deus e professar a doutrina dos seus mandamentos. Não julgue
os outros; julgue a você mesmo! Eu sou bênção quando cuido da minha família?
Se
alguém não cuida dos seus e principalmente dos que são de sua própria casa,
esse renegou a fé e é pior que um incrédulo (1Tm 5,8).
A mulher passa na igreja, de
domingo a domingo, enquanto sua casa parece um chiqueiro. O irmão se acha
consagrado e o filho está na mão do traficante. Você se torna bênção quando é
honesto (cf. 2Cor 8, 21); você é dizimista fiel quando não se corrompe, não se
vende por dinheiro, um carro ou favor pessoal. Quem engana o marido, a mulher é
igual ao sonegador e ao trambiqueiro. Quem age assim nunca será uma bênção do
céu; será, quem sabe, uma maldição da parte de satanás! Só a fidelidade produz
a bênção. No capítulo 28 do Livro do Deuteronômio encontramos as bênçãos com as
quais o Senhor Javé cumula os que lhe são fiéis:
Se você obedecer de fato a Javé seu Deus, cuidando de
colocar em prática todos os mandamentos que eu hoje lhe ordeno, Javé seu Deus
tornará você superior a todas as nações da terra. São estas as bênçãos que
virão sobre você e o acompanharão, se você obedecer a Javé seu Deus: Você será
abençoado na cidade e abençoado também no campo. Será abençoado o fruto do seu
ventre, o fruto do seu solo, o fruto de seus animais, a cria de suas vacas e a
prole de suas ovelhas. Será abençoado o seu cesto e a sua amassadeira. Será
abençoado ao entrar e abençoado ao sair. Javé entregará, já vencidos, os
inimigos que se levantarem contra você; eles sairão contra você por um caminho,
e por sete caminhos fugirão. Javé mandará que a bênção fique com você em seus
celeiros e em tudo o que você fizer. E o abençoará na terra que Javé seu Deus
lhe dará. Javé fará de você um povo a ele consagrado, conforme prometeu, se
você observar os mandamentos de Javé seu Deus e andar pelos caminhos dele.
Todos os povos da terra verão que sobre você foi invocado o nome de Javé, e ficarão
com medo de você. Javé lhe concederá abundância de bens, com o fruto do seu
ventre, dos seus animais e da sua terra, essa terra que Javé prometeu a seus
antepassados que daria a você. chuva para a terra e abençoando todo trabalho
que você realizar. Desse modo, você emprestará a muitas nações, e nunca tomará
emprestado. Javé fará de você a cabeça e não a cauda; você estará sempre por
cima, e não por baixo. Isso, porém, com a condição de que você obedeça aos
mandamentos de Javé seu Deus, que hoje eu lhe ordeno observar e colocar em prática. Não se
desvie para a direita nem para a esquerda, em tudo o que eu hoje lhes ordeno,
indo atrás de outros deuses para servi-los (vv. 1-14).
Na contrapartida, a infidelidade
traz maldição. Nenhum ímpio se tornará benção nem obterá graças de Deus (cf. Dt
28, 15-68).
Por ser um embaixador em nome de Cristo,
Paulo podia dizer: “E bem sei que, ao visitar-vos, irei à plenitude da
bênção de Cristo” (Rm 15,29). Anunciando todo o desígnio de Deus, o
apóstolo ministrava toda a bênção de Cristo às pessoas e às comunidades. Quando
crentes abençoam outras pessoas, isso significa que imploram a bênção de Deus
sobre suas vidas. Quando crianças são abençoadas na igreja, ou sem casa pelos
pais, em nome de Jesus,
nós as colocamos sob a bênção do Senhor e as entregamos à fidelidade e à
direção de Deus. Igualmente, a bênção que se dá aos enfermos implica em
colocá-los sob a proteção divina. Ao abençoarmos o cálice e o pão na Eucaristia,
consagramos essas dádivas naturais da videira e do trigo para uso divino.
O profeta Daniel é um exemplo de
como a bênção é capaz de atuar na vida de quem é fiel a Deus. Qual foi o
segredo de Daniel? Ele enfrentou a “cova dos leões” (cf. Dn 6,16ss) e saiu
ileso! O segredo do jovem profeta estava no antes. Ele sempre teve fé no
poder de Deus e na sua intervenção salvadora. Hoje, na hora da tempestade é que
alguns decidem voltar para a Igreja, para a oração, para os sacramentos. Aí as
coisas melhoram... cinco minutos de oração... não lêem a Bíblia mas tiram uma
mensagem na caixinha. As coisas não melhoram? Aumenta o tempo da oração, meia
hora de joelhos... O fato é que eles não se prepararam para enfrentar os
embates da vida, não demonstraram fé na providência de Deus nem na ajuda de
Jesus, e não hora em que a água subiu, eles pereceram.
Daniel, que era uma bênção para
seus amigos, como ele exilados na Babilônia, sempre esteve em contato com o seu
Deus. Quando o rei mandou matar todos os sábios do país, essa pena ia recair
sobre todos eles. De repente Daniel se viu dentro da cova dos leões. Este é o
ápice do problema. Na solidão aparece a depressão. A pessoa se vê sozinha,
mesmo que seja importante (um general, um gerentes, um diretor, um magistrado),
ela não tem como dominar seus medos; não sabe como “enfrentar os leões”. Suas
adversidades têm peso de “pena de morte”, tudo porque ela não se preparou para
esta hora, guardando bênçãos em seu coração. É nesta hora que o cristão deve se
tornar uma bênção para quem está oprimido. A benção que eu sou prepara o outro
para a hora amarga. O que essa preparação produziu em Daniel? É assim
que age quem quer se tornar uma bênção:
1. homem
de coragem- não perdeu o controle emocional; permaneceu espiritualmente
equilibrado;
2. homem
de fé- Em Mc 5, 34ss (episódio da morte da filha de Jairo), os “amigos”
vêm dissuadir quem tem fé. Daniel teve fé, e está como a nos dizer:
·
tenha fé!
·
não deixe o medo te dominar!
·
não te deixa influenciar pela opinião dos
outros;
·
ao contrário, anime os demais.
3. homem
de discernimento- Foi a fé de Daniel que moveu Deus a tapar a boca dos
vorazes leões; ele sentiu que só Deus podia salvá-lo, como efetivamente
aconteceu.
O fato marcante na vida das
bênçãos é que Deus abre portas que ninguém fecha; e as que fecha, ninguém abre.
O mundo (a obra do diabo)
perverte o ensino de Deus para bombardear a nossa fé. É preciso muitos cristãos
com espírito de bênção para vencer a enorme batalha, levada a efeito pelo mal,
para produzir a mediocridade e a incredulidade. Todos os dias aparecem, na
Internet, na mídia, nas conversas das pessoas, teorias esdrúxulas que querem
assumir foros de verdade. É preciso escutar a Palavra de Deus:
Ora, como poderão invocar aquele no qual não
acreditaram? Como poderão acreditar, se não ouviram falar dele? E como poderão
ouvir, se não houver quem o anuncie? Como poderão anunciar se ninguém for
enviado? Como diz a Escritura: “Como são belos os pés daqueles que anunciam
boas notícias”. Mas, nem todos obedeceram ao Evangelho. Isaías diz: “Senhor,
quem acreditou em nossa pregação?”. A fé depende, portanto, da pregação, e a
pregação é o anúncio da palavra de Cristo (Rm 10, 14-17).
Além de não escutar a Palavra,
existem pessoas que só vão à igreja nas necessidades, em dias de festa ou
missas de sétimo dia. Para quem vive desse jeito, como tornar-se bênção?
Procuram a Igreja qual um supermercado espiritual, quando precisam de algum
favor sobrenatural.
Quem
tem fé e olhos repletos de discernimento, chega ao conhecimento da sua missão.
Na verdade, Deus quer “usar” você! Ele quer que você se torne uma bênção, para transformar
seus filhos, como pediu Francisco, em “instrumentos de sua paz”, pessoas
repletas de unção, que possam se converter em bênçãos para todos. Ora, a
constatação da obrigatoriedade da missão desperta em nós algumas questões:
1. o que? ser uma bênção para os irmãos (Is 6,8);
2. por que? porque são poucos os
operários que ajudam a construir o Reino:
3. onde? em todo o lugar (em
Jerusalém, na Judéia, na Samaria e em todos os confins da terra. At 1,8);
4. quando?
agora! (Jo 4,35; Rm 13,11; 2Tm 4,2);
A bênção ocorre pela invocação do
nome do Senhor, por quem tem fé, em favor dos que crêem:
O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre
seu rosto brilhante e tenha piedade de ti!O Senhor te mostre seu rosto e te
conceda a paz!
A invocação pessoal, contida na bênção franciscana acima, mostra uma
preocupação quase materna de Francisco por seus amigos. Ela foi usada pela
primeira vez quando Francisco abençoou frei Leão, um sacerdote que passava por
grandes dificuldades. O pobrezinho de Assis é apenas um não-sacerdote
que abençoa o sacerdote. Ao proferir a benção, ele se põe – e talvez de forma
muito consciente – na linha dos que, como no Antigo Testamento, mediavam a
bênção de Javé e na liturgia da Igreja invocavam, em situações especiais, a
bênção de Deus sobre uma pessoa ou sobre o povo. Fazendo isso, o Santo de Assis
põe em prática uma habilitação dada pelo batismo.
A bênção de Deus, e a capacidade de nos tornarmos agentes dela está na humildade,
na disponibilidade, na fé e no senso de partilha dos dons recebidos.
Assim
eles invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei (Nm
6,27).
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