«É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei».
São João 15,12-17.
A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o
sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para
a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não
é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o
sofrimento seja compartilhado e assumido, mesmo interiormente é uma
sociedade cruel e desumana. […]
A palavra latina «consolatio»,
consolação, exprime isto de forma muito bela, sugerindo um estar-com a
solidão, que desse modo deixa de ser solidão. Mas a capacidade de
aceitar o sofrimento por amor do bem, da verdade e da justiça é também
constitutiva da grandeza da humanidade, porque se, em definitivo, o meu
bem-estar, a minha incolumidade, é mais importante que a verdade e a
justiça, então vigora o domínio do mais forte; então reinam a violência e
a mentira. […]
Sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da
justiça, sofrer por causa do amor e para vir a ser uma pessoa que ama
verdadeiramente: estes são elementos fundamentais de humanidade; o seu
abandono destruiria o próprio ser humano. Entretanto, levanta-se uma vez
mais a questão: somos capazes disto? […] Na história da humanidade,
cabe à fé cristã precisamente o mérito de ter suscitado no ser humano,
de maneira nova e com uma nova profundidade, a capacidade dos referidos
modos de sofrer que são decisivos para a sua humanidade.
A fé cristã
mostrou-nos que verdade, justiça, amor não são simplesmente ideais, mas
realidades de imensa densidade. Com efeito, mostrou-nos que Deus – a
Verdade e o Amor em pessoa – quis sofrer por nós e conosco.
Bento XVI
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