Quinta-feira
Isto diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração, prefere vegetar-se na secura do ermo, em região salobra e desabitada.
Comentário: Em quem se deve esperar? No homem, afirmam muitos de nossos contemporâneos, que sonham libertar o mundo das tutelas religiosas para confiá-lo totalmente às mãos do homem. Sua confiança no homem é comovedora, mas segundo a linguagem do profeta eles seriam malditos, iludidos. Acabam por serem homens sem esperança porque lhes falta a confiança na ressurreição. Além disso, constatando a maldade humana, concluem amargamente que o homem não merece confiança. Só existe uma possibilidade de esperar no homem: esperar no homem Jesus Cristo. Nele Deus nos dá a possibilidade de tornar tudo novo e de crer no futuro. Nele a vida humana torna-se possível e vale a pena ser vivida. É possível, então, esperar também nos outros homens, porque sua graça pode transformá-los e torná-los corresponsáveis, mediante um engajamento fiel no mundo, pela construção de um futuro melhor.
Salmo: 1,1-2.3.4.6 (R. Sl 39,5a) É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31
Comentários:
O tempo santo da quaresma é tempo de conversão. Quando falamos de conversão, precisamos pensar antes de tudo nas suas motivações, pois delas depende a sua perseverança. O Evangelho de hoje nos mostra um dos principais elementos que devemos levar em consideração no que diz respeito à motivação para a conversão que é a questão dos valores. Para o homem rico, os valores fundamentais eram a quantidade de bens materiais e os prazeres do mundo. De nada lhe adiantaram Moisés e os Profetas porque, como não havia comunhão de valores, estes se tornaram discursos vazios e a religião foi reduzida a ritualismos. Nesta quaresma, precisamos assumir como próprios de todos nós os valores do Evangelho para que de fato nos convertamos.
A desventura dos egoístas consiste em não perceber que estão construindo sua própria condenação. Recusar-se a viver em comunhão com o próximo revela uma recusa mais fundamental: a de viver em comunhão com Deus. Idolatrando os bens deste mundo, acreditam ser supérflua a presença de Deus em suas vidas. Na raiz da incapacidade de fazer-se servidor, numa atitude de generosidade e desprendimento, está a perigosa pretensão de ocupar o lugar reservado unicamente a Deus. Sua autossuficiência leva-os a prescindir do Criador, e a recusar-se a recorrer a ele. Em suma, fecham as portas para a sua salvação. Engana-se quem conta com uma segunda possibilidade de alcançar a salvação. Quando o rico da parábola, naquele lugar de tormento dá-se conta de sua insensatez, pretende que Deus mande alguém para advertir seus cinco irmãos, a fim de que não tenham sorte semelhante. Seu pedido, porém, não é aceito.
A história humana está repleta de apelos ao amor e ao serviço. Basta um pouco de atenção e disponibilidade para escolhermos este caminho exigente. Caso contrário, só nos restará um castigo inadiável.
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