O caminho para o Pai
O Senhor não deixou pairar dúvidas nem incertezas sobre tão grande mistério.
[...] Escutemo-Lo a revelar aos apóstolos o que é preciso saber para
acreditar: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão
por Mim. Se ficastes a conhecer-Me, con
hecereis também o Meu Pai. [...] Quem
Me vê, vê o Pai. Como é que Me dizes, então, 'mostra-nos o Pai'? Não crês que
Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?» [...] Assim, portanto, Aquele que é o
caminho não nos conduz a becos sem saída nem a um deserto sem destino; Aquele
que é a verdade não nos quer enganar com mentiras; Aquele que é a vida não nos
deixará cair num erro que levaria à morte. [...] «Ninguém pode ir ao Pai senão
por Mim»: o caminho para o Pai passa pelo Filho. [...]
«Se ficastes a conhecer-Me, conhecereis também o Meu Pai.» Vemos o homem Jesus
Cristo [...], o Seu aspecto exterior, quer dizer, a Sua natureza humana [...];
como é então que conhecê-Lo é também conhecer o Pai? No mistério do corpo que
tomou, o Senhor manifesta a divindade que está no Pai, mantendo uma certa
ordem [...]: «se ficastes a conhecer-Me, conhecereis também o Meu Pai. E já O
conheceis, pois estais a vê-Lo.» [...] Ele distingue o tempo da vista e o do
conhecimento; diz que terão de reconhecer Aquele que lhes fala e que eles vêem
[...]; é preciso que aprendam a reconhecer a natureza divina que está Nele.
Estas palavras inesperadas perturbaram Filipe. Ele vê um homem e esse homem
afirma ser o Filho de Deus [...]; o Senhor diz que viu o Pai e por isso que O
conhece, uma vez que O viu.
A sua limitada condição humana não permite a
Filipe compreender tal afirmação. [...] Por isso responde que não viu o Pai e
pede ao Senhor que lho mostre. Não que o queira contemplar com os olhos do
corpo, mas pede que lhe faça compreender Quem é Aquele que vê. Exprimindo um
desejo, mais de compreender que de ver, acrescenta: «E isso nos basta!»
Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja
A Trindade, VII, 33-35
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