O cristão não é somente alguém que tenta fazer a vontade de Deus,
observar sua lei, mas alguém que, antes de tudo, avalia a qualidade de
sua fé ao reconhecer a graça de Deus que está nele. Paulo pede aos
coríntios: “Examinai a vós mesmos se estais na fé. Provai-vos a vós
mesmos. Não reconheceis que Jesus Cristo está em vós?” (2Co 13,5).
Ter a fé cristã para Paulo é operar esse reconhecimento, ter a
consciência da presença de Cristo em nós. Tal aspecto é fundamental para
a vida espiritual. Muitos cristãos não têm consciência dessa nobreza.
Pensam que tal é reservado para os místicos. Devemos dizer que em vários
lugares do Novo Testamento aparece a afirmação. Cristo vive no coração
do cristão (Gl 2,20) e cria comunhão com Deus, o Pai (cf Jo 14,20 e 17,23).
“Evidente que esta ‘incorporação no Cristo’, esta
incorporação do Cristo no cristão é a grande obra do Espírito Santo
(“ o outro Paráclito”) que manifesta como fruto do seguimento de Cristo o
fato que Deus habita no cristão e o cristão em Deus, nisto consistindo o
ágape, o amor. O Espírito derramado em nossos corações como caridade (cf Rm 5,5)
faz do cristão uma sarça ardente, na qual os outros homens podem
contemplar a figura no amor que os cristãos sabem viver. “Verifica tuas
entranhas: se estão repletas de caridade, então o Espírito de Deus está
em ti” (Agostinho) (E. Bianchi, p. 49).
Podemos sentir melhor o que foi dito quando
contemplamos a postura dos mártires quando entregam sua vida ao Senhor. O
mártir testemunha que o amor vivido por Cristo é uma amor que vai ao
extremo, que o cristão pode viver por graça: sua morte pode ser
vivida como um Páscoa e o dom de sua vida por seus irmãos é razão pela
qual vale a pena morrer. Felicidade, a mártir romana, no momento de
morrer dirá: É Cristo que sofre em mim”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário