«Filho, os teus pecados estão perdoados.»
S. Marcos 2,1-12.
Quando
Jesus entrou de novo em Cafarnaúm e se soube que estava em casa, juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e
anunciava-lhes a Palavra.
Vieram, então, trazer-lhe um paralítico,
transportado por quatro homens.
Como não podiam aproximar-se por causa
da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma
abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico.
Vendo Jesus a fé
daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão
perdoados.»
Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que
discorriam em seus corações:
«Porque fala este assim? Blasfema! Quem
pode perdoar pecados senão Deus?»
Jesus percebeu logo, em seu íntimo,
que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos
corações?
Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão
perdoados’, ou dizer: 'Levanta-te, pega no teu catre e anda’?
Pois bem,
para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os
pecados,
Eu te ordeno disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre
e vai para tua casa.»
Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à
vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus,
dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»
Comentário :
«Filho, os teus pecados estão perdoados.»
«Creio na remissão dos pecados»: O Símbolo dos Apóstolos liga a fé no perdão
dos pecados à fé no Espírito Santo, mas também à fé na Igreja e na comunhão
dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo ressuscitado
lhes transmitiu o Seu próprio poder divino de perdoar os pecados: «Recebei o
Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e
àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos» (Jo 20, 22-23).
«Um só Batismo para a remissão dos pecados»: Nosso Senhor ligou o
perdão dos pecados à fé e ao Batismo: «Ide por todo o mundo e proclamai a
Boa-Nova a todas as criaturas. Quem acreditar e for batizado será salvo» (Mc
16, 15-16). O Batismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos
pecados, porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e
ressuscitou para a nossa justificação, a fim de que «também nós vivamos numa
vida nova» (Rm 6, 4). «No momento em que fazemos a nossa primeira profissão de
fé, ao receber o santo Batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão
pleno e total, que não fica absolutamente nada por apagar, quer da falta
original, quer das faltas cometidas de própria vontade por acção ou omissão;
nem qualquer pena a suportar para as expiar [...]. Mas apesar disso, a graça
do Batismo não isenta ninguém de nenhuma das enfermidades da natureza. Pelo
contrário, resta-nos ainda combater os movimentos da concupiscência, que não
cessam de nos arrastar para o mal» (Cat. Rom).
Neste combate
contra a inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante
para evitar todas as feridas do pecado? «Portanto, se era necessário que a
Igreja tivesse o poder de perdoar os pecados, [...] era necessário que fosse
capaz de perdoar as faltas a todos os penitentes que tivessem pecado, até
mesmo ao último dia da sua vida» (Cat. Rom.). É pelo sacramento da Penitência
que o batizado pode ser reconciliado com Deus e com a Igreja. [...]
Não há nenhuma falta, por mais grave que seja, que a santa Igreja não
possa perdoar. «Nem há pessoa, por muito má e culpável que seja, a quem não
deva ser proposta a esperança certa do perdão, desde que se arrependa
verdadeiramente dos seus erros» (Cat. Rom.). Cristo, que morreu por todos os
homens, quer que na Sua Igreja as portas do perdão estejam sempre abertas a
todo aquele que se afastar do pecado.
Catecismo da Igreja Católica
§§ 976-982
Nenhum comentário:
Postar um comentário