1 Cor 7,29
1.
Em pouco tempo, falemos do tempo, que nos parece sempre pouco, numa
vida que é breve e fugaz, e que se anuncia, para já, com menos férias e
feriados, sem pontes de descanso, para algumas pausas sonhadas! Tão
breve é o tempo que nos foge, que de repente, nos acordamos com a
pergunta: Qual é afinal o sentido que podemos dar aos nossos dias
inquietos, de fadiga e de dor, em “tempos de crise”?
2.
Há uma resposta simples, para esta pergunta: Deus eterno entrou na nossa
história e permanece presente, de modo único e permanente, na pessoa de
Jesus, o seu Filho feito Homem! Por isso, a Boa nova de Jesus resume-se
nestas palavras: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus”
(Mc.1,15).
Em Cristo e com Cristo, o Reino de Deus aproximou-se de nós!
Onde Deus está, onde Cristo chega, o Reino de Deus também se aproxima de
nós!
E aproxima-se de nós, para que O possamos acolher e receber, de
mão beijada! Portanto, com Jesus, o tempo chega à sua plenitude,
completa-se, alcança o seu cumprimento, adquire aquele significado de
salvação e de graça, pelo qual foi querido por Deus antes da criação do
mundo!
3. Portanto, já não há mais lugar para a
angústia, diante do tempo que passa e não volta para trás. Agora é o
momento de confiar infinitamente em Deus, por quem sabemos ser amados,
no qual “vivemos, somos e existimos” (At.17,28) e para quem a nossa vida
se orienta!
É muito importante descobrir este valor sagrado, inscrito
no tempo: cadenciado nos seus ritmos anuais, mensais, semanais e
diários, o nosso tempo é habitado pelo amor de Deus, pelos dons da sua
graça.
O tempo que nos é dado viver, este e não outro, é, em si mesmo,
um sinal fundamental do amor de Deus: um dom dissipar; de
compreender no seu significado, ou, por desgraça, descuidar com fácil
superficialidade!
Mesmo se é de crise, este é também e necessariamente
um tempo de graça e de salvação, para todos e para cada um de nós.
4.
Acolhamos, então, este tempo de “crise”, como um tempo de crescimento,
como uma espécie de “espelho austero”, onde nos podemos ver, rever e
reencontrar, para lá das nossas ilusões e expectativas!
A crise é uma
oportunidade, para nos vermos e testarmos por dentro, para deixarmos
tantas coisas, em que facilmente nos enredamos, para nos “convertermos
do mau caminho” (Jon,3,10) a novos estilos de vida, mais próximos da
simplicidade do evangelho.
O momento da “crise”, em linguagem médica, é
precisamente aquele em que a doença se decide: ou nos precipita na
morte, ou nos encaminha para a recuperação!
Neste sentido, a crise
representa, para cada um, o ponto de passagem, o nó de viragem, o
instante da transformação, que nos faz crescer e fortalecer, renunciando
ao acessório, para descobrir a alegria maior, do que é essencial.
Alguém escreveu: «O homem que não passa por nenhuma crise não está capaz
de julgar coisa nenhuma».
Ora aí está, como as “desgraças da crise”
podem abrir caminho ao tempo favorável da conversão e a tantas “graças”
de vida nova e de transformação!
5. Como havemos,
queridos irmãos e irmãs, na prática, de viver este tempo, no cenário
deste mundo, que é tão passageiro?
Chiara Lubich ensina-nos, de maneira
simples, numa oração em que reza assim: “Ó Jesus, faz-me falar sempre,
como se fosse a última palavra que digo. Faz-me agir sempre, como se
fosse a última coisa que faço. Faz-me sofrer sempre, como se fosse a
última dor que tenho para Te oferecer.
Faz-me rezar, sempre como se
fosse a última possibilidade que tenho, aqui na terra, de conversar
contigo”
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