No decurso dos séculos, o Espírito sempre suscitou na Igreja
realidades novas que servem como uma resposta aos desafios da Igreja no
seu tempo. Podemos ver isso desde o surgimento das comunidades cristãs
já relatadas no Livro dos Atos dos Apóstolos, mas também no monaquismo
nos séculos III e IV, bem como no movimento mendicante no século XIII,
nas congregações missionárias nos séculos XV e XVI, nas congregações
voltadas para a caridade nos séculos XVII e XVIII e nos institutos
seculares nos século
XIX e XX.
Na modernidade, os ares do Concílio Vaticano II (1962-1965) favoreceram o surgimento de “novas formas de vida evangélica”, dentre elas, os Movimentos Eclesiais e as Comunidades Novas ou podemos chamar de Novas Comunidades.
As Novas Comunidades começaram a surgir na década de 1970 na França e nos EUA, tornando-se um fenômeno mundial.
No Brasil, as primeiras Comunidades Novas surgem na década de 80 e, na década de 90, vê-se o surgimento de inúmeras Novas Comunidades que hoje no Brasil superam o número de 500.
O Concílio pedia uma Igreja inserida no mundo, capaz de atraí-lo para Cristo e de dar respostas aos desafios de seu tempo. O
Papa João Paulo II, na memorável Vigília de Pentecostes de 1998, chamou os Movimentos Eclesiais e as
Novas Comunidades de “providencial resposta do Espírito”. Isso porque, através das
Novas Comunidadese Movimentos Eclesiais, leigos que se consagram a Deus a partir de um
carisma e, sob o dom e a radicalidade desse
carisma, vivem o seu Batismo de forma autêntica num mundo dilacerado pelo
secularismo.
Observo nas Comunidades Novas duas originalidades eclesiais:
– Outra originalidade é a consagração de leigos, inclusive casais, no
serviço do Reino. Embora isso não seja exatamente novo na Igreja –
vejam-se as ordens terceiras, os oblatos beneditinos – mas a consciência
de uma consagração de vida, que inclua pessoas casadas, que inclusive
fazem vínculos (promessas, compromissos etc.) de obediência, pobreza e
castidade, é, sim, uma originalidade na Igreja.
Assim, as Comunidades Novas são uma novidade do
Espírito na Igreja de Jesus Cristo e que por ela têm sido acolhidas,
através de seu Magistério, como uma esperança para a Igreja³.
O Documento de Aparecida dedica um sub-capítulo aos Movimentos Eclesiais e Comunidades Novas, que começa dizendo: “Os
novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a
Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar na fé
cristã, crescer e se comprometer apostolicamente até ser verdadeiros
discípulos missionários.”
As Novas Comunidades, quase sempre surgidas da Renovação Carismática Católica, trazem em si algumas características:
- Amor e reverência filial à Igreja através da obediência ao Papa e Bispos e da fidelidade à
doutrina católica;
- Forte missionaridade sob o impulso da nova evangelização;
- Chamado específico de pobreza e abandono na Providência Divina;
- Governo comum e organizado, vivido sob a graça da obediência;
- Intenso apelo à vivência moral segundo o
Magistério da Igreja, inclusive confirmado por vínculo de castidade segundo o estado de vida;
- Vida de oração intensa, tanto pessoal como comunitária.
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Notas
1. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata (1996), n. 62.
2. Exceção se faz à Comunidade Canção Nova, que começou em 1978.
3. Nas mensagens do Papa Bento XVI e nos pronunciamentos do Cardeal
Stanislaw Rylko, Prefeito do Pontifício Conselho Para os Leigos, nos
encontros da Catholic Fraternity, as Comunidades Novas têm sido chamadas de “Esperança da Igreja”.
4. Documento de Aparecida (2007), n. 311
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