Ani Ledodi Vedodi Li
Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”
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Deus o Abençõe !
E que possas crescer com nossas postagens.
É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!
A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.
Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.
E eu sei quanto resisto a escolher-te.
"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"
Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !
Pe.Emílio Carlos†
Quem sou eu
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. (Atos dos Apóstolos 5,29).
Daniel e seus companheiros tinham a consciência livre de ofensa para com Deus. Mas isto não se consegue sem luta. Que prova foi a que sobreveio aos três companheiros, de Daniel quando lhes foi exigido que adorassem a grande imagem erguida pelo rei Nabucodonosor nas planícies de Dura! Seus princípios lhes proibiam prestar homenagem ao ídolo; pois era um rival do Deus do Céu. Sabiam que deviam a Deus todas as faculdades que possuíam, e conquanto tivessem o coração cheio de generosa simpatia para com todos os homens, tinham também a elevada aspiração de demonstrar-se inteiramente leais ao seu Deus.
Declarou o rei aos três jovens hebreus: Se “vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se a não adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro do forno de fogo ardente; e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Disseram os jovens ao rei: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Daniel 3,15-18. … Aqueles jovens fiéis foram lançados na fornalha, mas Deus manifestou Seu poder, livrando os Seus servos. Alguém semelhante ao Filho de Deus andou com eles no meio das chamas, e quando os foram tirar, não apresentavam nem cheiro de leve queimadura.
Assim aqueles jovens, imbuídos do Espírito Santo, declararam a toda a nação a sua fé, que Aquele que adoravam era o único Deus vivo, e verdadeiro. Esta demonstração de sua fé foi a mais eloquente apresentação de seus princípios.
Para impressionar os idolatras com o poder e grandeza do Deus vivo, devem Seus servos revelar sua reverência para com Deus. Têm de tornar manifesto que é Ele o único objeto de sua honra e culto, e que consideração alguma, nem mesmo a preservação da vida, os pode induzir a fazer a menor concessão à idolatria. Essas lições têm influência direta e vital sobre nossa experiência nestes últimos dias.
Com a minha benção
Pe. Emílio Carlos +
- – Você já sente em as primícias do reino de Deus?
- – Você ainda continua procurando “pérolas preciosas” para comprar ou já encontrou este tesouro?
- - O que você tem feito com esse tesouro? O que existe em você que se compara à pérola preciosa?
- - Qual é a percepção do reino dos céus em você?
- – Você demonstra ao mundo que o reino de Deus está no seu coração?
terça-feira, 30 de julho de 2013
Há quem pense que ter fé é se jogar num buraco escuro, sem saber o que o espera embaixo; mas é exatamente o contrário.
Quem tem fé se joga no buraco escuro sim, mas ele sabe, através dos olhos espirituais, o que o espera e não duvida disso; ele constrói sua arca com a certeza que a chuva virá; ele abre os olhos para a promessa e fecha os ouvidos para os que tentam fazê-lo desistir com dúvidas; ele anda sobre as águas e sente terra firme sob os pés; ele vê saídas e continua a caminhar onde outros desistiram.
Temos fé quando temos a certeza absoluta que não estamos sós. Sabemos que uma Mão nos guia, Braços nos esperam e isso nos reconforta.
Perdemos bênçãos por que no meio do caminho, principalmente se este for longo, começamos a questionar. Mas não é fácil pra ninguém manter-se em posição de fé quando tudo parece contrário ao que se espera.
As pessoas mais próximas de Jesus duvidaram. Pedro começou a afundar ao andar sobre as águas, os discípulos todos entraram em pânico por causa de uma tempestade, mesmo tendo o Mestre do lado e Tomé quis tocar a ferida com as próprias mãos.
A fé é um exercício diário de confiança em Deus e é o resultado da convivência com Ele.
Meu Deus você já pensou o que é isso?
Confiança é assim que podemos resumir as palavras de Santa Teresa de Jesus neste caminho: «Importa muito, e acima de tudo, uma determinada determinação de não parar até chegar à fonte de água viva, venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar, quer chegue ao fim, quer morra no caminho, ou falte coragem para os sofrimentos que nele se encontram.
Podemos ainda pensar em Tomé que foi preciso ver para crer , quando é crendo que passamos a ver : “Se eu não vir nas suas Mãos a marca dos cravos, diz Tomé, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a minha mão no seu Lado, não acreditarei.” Espantoso endurecimento o deste discípulo: o testemunho de tantos irmãos e até a vista da sua alegria não bastam para lhe dar a fé.
E eis que, para tomar conta dele, o Senhor aparece. O bom Pastor não suporta a perda da sua ovelha, ele que tinha dito a seu Pai: “Não perdi nenhum dos que me deste” (Jo 17,12).
“Aproxima o teu dedo e vê as minhas mãos, mete a mão no meu lado e não sejas incrédulo mas fiel”.
Feliz mão que perscrutou os segredos do coração de Jesus! Que riquezas não terá encontrado! Foi ao repousar sobre esse coração que João penetrou nos mistérios do céu. Penetrando-o, Tomé descobriu nele grandes tesouros. Admirável escola que formou tais discípulos!
Graças a ela, o primeiro exprimiu acerca da divindade maravilhas mais altas do que os astros ao dizer: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1); o outro, tocado pelo raio da Verdade, lançou esse grito sublime: “Meu Senhor e Meu Deus!” (São Tomás de Vilanova, Bispo, foi eremita de Santo Agostinho)
Amados: A fé é o fundamento da esperança, é a certeza a respeito do que não se vê.( Heb.11,1)
Assim como Jesus entrou no templo de Jerusalém e de lá expulsou os vendedores que faziam da casa de Deus um lugar de “comércio”, Ele também se dispõe a entrar no nosso coração e nos ajudar a expulsar de lá, os ladrões que tentam roubar a nossa vida das mãos de Deus. Nós mesmos, é que na maioria das vezes permitimos que os “ladrões” invadam as áreas mais nobres do nosso ser. Por meio dos nossos pensamentos, da nossa memória, imaginação, da nossa afetividade e da nossa vontade nós consentimos em que os inimigos penetrem e se apossem do nosso coração. Assim sendo, nós demolimos o altar do Senhor, nos afastamos do Seu convívio, perdemos o contato com Ele e ficamos a mercê dos salteadores e ladrões.
A nossa casa também é casa de oração e não de comércio.
A nossa alma geme por causa da fome que nós sentimos, e, muitas vezes ela expressa isso, através da impaciência, da irritação, da revolta.
O motivo de tudo isso, é que nós transformamos a casa de Deus em morada de “bandidos” que nos levam para o mal. Mas Jesus deseja fazer uma varredura dentro de nós e, para isso, Ele pede passagem. Só Ele poderá fazer essa obra em nós com o poder do Seu Espírito. Portanto, peçamos ao Senhor que nos envie o Paráclito, o Advogado, o Purificador da nossa alma para reacender em nós o zelo, o fervor, o ardor, com o fogo do Seu Amor. Só assim os inimigos, ladrões e salteadores serão banidos da nossa vida.
“Vem Espírito Santo, vem fazer obra nova em meu coração, retirar o que está velho em mim, traz Salvação.”
Você quer que Jesus expulse também os “ladrões” do seu coração? Peça a Ele!
Quais são os salteadores que tentam tirar você da intimidade com Deus?
A sua casa é uma casa de oração?
Você cultiva o zelo, o ardor, o fervor pela oração?
Como está a sua oração pessoal? Ela tem feito você crescer?
Com a minha benção
Pe. Emílio Carlos +
Padre Emílio Carlos Mancini
Pérola do dia
CONSTANTES MUDANÇAS
Ao ver as mudanças tomando lugar, em vez de fazer um julgamento sobre elas, faça uma cuidadosa observação.
Você pode contar uma coisa como certo nesta vida: as constantes mudanças.
O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas, diz o salmista, porque ele é indulgente, é favorável, paciente e bondoso.
O Senhor nos trata como Seus filhos e filhas amados e quer salva a cada um de nós por meio do Seu amor. Basta que entendamos isso!
Ele não quer nos castigar, pelo contrário, Ele deseja que nós cultivemos uma confiança cega na Sua justiça e misericórdia. Somos oprimidos pelo pecado, pela mentalidade do mundo e o Senhor compreende a nossa situação.
Por isso, Ele não fica sempre repetindo as suas queixas nem guarda rancor contra nós.
A justiça de Deus é o amor vivendo sempre em nós.
Evangelho Mateus 13, 36-43
- – Faça uma reflexão sobre tudo o que você tem percebido aqui na terra: quem está vencendo o bem ou o mal?
- – O que você tem feito para difundir o reino de Deus?
- – Você se considera trigo ou joio?
- – Qual a influência que você está tendo para os seus amigos e suas amigas: você tem sido instrumento do bem ou do mal? Para onde você os (as) está levando?
segunda-feira, 29 de julho de 2013
A FORÇA DO AMOR
O amor pode fazer uma poderosa e positiva diferença, a cada vez que se faz presente. Ele é capaz de produzir maravilhas em qualquer área da vida. Dê amor a alguém, e você estabelecerá uma conexão que resultará numa enorme e surpreendente gratificação para toda a existência. Ame o mundo a seu redor, e esse mundo ganhará um pouco mais de beleza e harmonia.
Ame aquilo que você faz, e você se tornará muito mais feliz e eficiente. Acrescente amor ao conhecimento, e você terá sabedoria. Ame a vida preciosa que Deus graciosamente lhe tem dado, e você poderá encontrar significado e propósito até mesmo em seus momentos mais sombrios.
Pérola do dia:
PENSE ANTES DE AGIR
Arnold H. Glasgow
Em raras ocasiões, uma rápida e urgente resposta torna-se necessária.
Uma agitada e apressada reação emocional pode levá-lo para um retrocesso em toda a situação.
Certamente que você estará demonstrando sensibilidade ao responder prontamente a tudo o que a vida colocar à sua frente.
- – E você, crê nisto também?
- – É assim que você pensa e espera?
- - Como você entende isto que Jesus falou: ainda que morra, viverá?E aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais?
- – A que tipo de morte Jesus se refere? –
Lá, não haverá nada disso. Que haverá então? O que Maria escolheu: lá, seremos alimentados e não daremos alimento. Lá, há-de cumprir-se em plenitude aquilo que Maria aqui escolheu: daquela mesa opulenta, ela recolhia as migalhas da Palavra do Senhor. Quereis saber o que haverá lá? O próprio Senhor o diz a respeito dos seus servos: «Em verdade vos digo, que ele os mandará sentar à mesa e, passando no meio deles, os servirá» (Lc 12,37).
Sermão 103, 1.5; PL 38, 613 (trad. breviário 29/07)
Em um campo militar francês – Avor – no dia 18 de julho de 1880, nasce a primeira filha do Capitão Catez: Elisabeth. Herdeira de um temperamento pronto à réplica e próprio de oficiais militares, Elisabeth tem sua infância caracterizada por uma manifesta e irreprimível cólera. Contudo, a mãe soube dominar e trabalhar com energia e amor as reações violentas da filha.
Aos sete anos de idade, sofre a perda do pai, falecido repentinamente, ficando sua família reduzida apenas à mãe e à irmã mais jovem, Margarida. Em Dijon, para onde a família transladara-se desde 1881, Elisabeth segue uma vida normal, cristã e alegre, entre estudos, dedicação ao piano e passeios com famílias amigas.
Desde cedo a busca da vontade de Deus se fez notar em sua vida e, mais particularmente desde sua Primeira Comunhão, foi notável seu despertar para as coisas de Deus. Já no Carmelo, em uma carta à sua mãe, Elisabeth revela a influência materna sobre sua vida espiritual: “Mamãe querida, se o amo é porque foi a senhora que, de certo modo, orientou o coração de sua pequena para Ele. A senhora me preparou tão bem para o primeiro encontro, aquele grande dia em que nos demos totalmente um ao outro!... Muito obrigada por tudo o que fez” (C 150).
Começou desde cedo também uma acirrada luta contra seus defeitos dominantes: ira e sensibilidade. Contou para isso com a ajuda de três fatores: a graça divina, sua própria vontade – “vontade de ferro” – e a influência benéfica de sua mãe.
Ouvindo dentro de si o chamado ao Carmelo, Elisabeth sente-se atraída cada vez mais à oração e ao silêncio, e aos 14 anos faz seu voto de pertencer só a Jesus, consagrando-se virginalmente a Ele. Contudo, vive com naturalidade as exigências de uma vida social intensa entre festas e reuniões de toda sorte, sem que isto lhe desvie de seu ideal. Pelo contrário, sabe se comportar como se nada estivesse acontecendo em seu interior, participando de tudo com entusiasmo, dando sempre uma boa impressão e até sendo pedida em casamento várias vezes. Sabe adaptar-se maravilhosamente ao ambiente em que está, evitando sempre a singularidade. Suas cartas revelam-na alegre e festejada por onde passa, principalmente durante suas viagens de férias.
Parece um paradoxo ver esta jovem entre tantas festas pensar e até ansiar pela vida do Carmelo. Conta-nos Elisabeth, já como carmelita: “Recordo-me, querida mamãe, que enquanto dançava como as demais e bailava no amplo salão, estava como obcecada por este Carmelo que tanto me atraía e onde iria encontrar, um ano mais tarde, tanta felicidade” (Carta 156).
Aos 21 anos despede-se de seus passeios com uma viagem de três meses pela França, despede-se também de seu apostolado nas paróquias de São Miguel e São Pedro: cuidado dos filhos dos operários da fábrica de tabaco, a catequese, as visitas aos familiares das crianças da Primeira Eucaristia e aos enfermos, o coral etc. Deixa sua querida mãe e irmã e transpõe para sempre os umbrais do Carmelo de Dijon.
Nesse Carmelo viveu até a morte, aos 26 anos de idade, após prolongada doença. Numa vida escondida e silenciosa consumou sua sede de amor e transformação em Jesus Crucificado, numa profunda intimidade com a Santíssima Trindade. Aí descobriu sua vocação de “Louvor de glória da Santíssima Trindade”, dizendo ser este o seu nome novo, que traduz toda a sua vida. “Um louvor de glória é uma alma que permanece em Deus, que o ama com amor puro e desinteressado, sem procurar consolações; que o ama acima de todos os seus dons, e o amaria mesmo se nada tivesse dele recebido...é uma alma de silêncio que se mantém como uma lira sob o toque misterioso do Espírito Santo, que nele tange harmonias divinas. Sabe que o sofrimento é uma corda que produz sons ainda mais belos, e por isso gosta de vê-la em seu instrumento, porque assim agradará mais deliciosamente o coração de Deus” (CT 43).
Irmã Elisabeth sempre foi atraída para o seu interior. Com plena consciência de ser um templo habitado pelo próprio Deus, esforçou-se por aquietar seu mundo interior, numa atenção de amor ao Senhor. Suas numerosas cartas revelam um coração sensível e cheio de amor, terno e mergulhado no mistério que a envolve.
“Encontrei o meu céu na terra, pois o céu é Deus e Deus está na minha alma. No dia em que o compreendi, tudo se tornou luminoso para mim e eu gostaria de confiar este segredo, bem baixinho, àqueles que amo” (Carta 107).
Cada pessoa tem sua identidade, e esta identidade se estende também à área espiritual. Ou seja, como todos temos nossa maneira peculiar de agir, de nos relacionar com o outro, de expressar nossos sentimentos e afetos, também temos nosso modo pessoal de viver a intimidade com o Senhor. Ainda que o carisma do Carmelo Descalço seja o mesmo para todos e todas que se propõem a seguir a Jesus nesta Ordem, cada carmelita tem seu modo ‘personalizado’ de vivê-lo, segundo as próprias características e de sua época e lugar onde vive. Assim, vemos como Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha, Elisabeth da Trindade e tantos santos desta mesma Ordem viveram a oração com sua peculiaridade própria, contudo dando matizes diferentes à sua forma de expressar. Para Teresa de Jesus, oração é um trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama; para Teresinha, é um impulso do coração para Deus...
Para Elisabeth da Trindade, oração “é aquela elevação da alma a Deus em todas as coisas, que nos coloca numa espécie de contínua comunhão com a Santíssima Trindade, levando-nos, assim, a fazer tudo com simplicidade, sob o seu olhar” (C 191).
Em outro lugar, diz a uma jovem leiga: “Não é, porventura, verdade que sua alma sente a necessidade de fortalecer-se na prece, sobretudo na oração, nesse íntimo diálogo cordial em que a alma se derrama em Deus e Deus nela, a fim de transformá-la nele?” (C 234).
Vemos que, para a carmelita de Dijon, oração e comunhão são a mesma coisa. Oração é amor, e quem ama deseja identificar-se com a pessoa amada. Também o orante sente em si esse desejo de identificação com o Senhor, que o atrai ao deserto e lhe fala ao coração. Elisabeth da Trindade chegou ao cume de uma vida oracional, à união transformante – ou matrimônio espiritual – onde é o próprio Deus quem age e toma para si o ser inteiro da pessoa que se entrega. Seu desejo de transformação em Jesus Cristo, e Jesus crucificado, foi plenamente realizado e muito rapidamente Deus consumou sua obra na vida de Elisabeth, que se sentia “esposa do crucificado” e se apossou totalmente desse novo estado de vida.
“Ser esposa de Cristo! Não é só a expressão do mais doce dos sonhos: é uma realidade divina: é a expressão de todo um mistério de semelhança e união”. Com esse texto, escrito em 1902, vemos sintetizado o pensamento de Elisabeth da Trindade sobre o amor esponsal a Jesus Cristo. De fato, se no relacionamento dos esposos dentro do sacramento do matrimônio pode-se experimentar esta realidade de semelhança e união, ao ponto que, após alguns anos de convivência no verdadeiro amor, um já se assemelhe ao outro e se entendam mesmo à distância e sem usarem as palavras, muito mais num relacionamento com Deus.
Como o Verbo de Deus quis se assemelhar em tudo ao homem – com exceção do pecado – e para isso se encarnou e “armou sua tenda” no meio de nós, também o coração de Elisabeth tem esse sonho de identificação. E o realiza total e profundamente. De fato, no fim de sua vida, quando a doença já havia realizado nela toda uma obra de destruição física, suas Irmãs da comunidade do Carmelo de Dijon atestam que pareciam ver o próprio Crucificado estendido naquela cama. O amor tem a característica de transformar em si tudo o que toca.
Elisabeth elenca outras características do amor esponsal em suas obras. Já na sua célebre “Elevação à Santíssima Trindade”, diz a Jesus Cristo: “Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós, identificar minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa”.
É próprio do amor não buscar a própria glória. O egoísmo é o oposto do amor, e quem ama esquece-se para que o outro seja. “Convém que ele cresça e eu desapareça”, dizia João Batista sobre Jesus. E as pessoas que vivem o amor sabem desaparecer – sem que isso signifique anular-se como pessoa – para que o outro seja “coberto de glória”.
Sentem-se felizes ao ver isso se realizar, porque já se supõem uma mútua comunhão de dons. O que é de um é também do outro, e esta já é outra característica do amor esponsal apresentada por Elisabeth. “Ser esposa quer dizer abandonar-se como Ele se abandonou; quer dizer ser imolada como Ele, por Ele e para Ele – o Cristo se torna totalmente nosso e nós nos tornamos totalmente Dele”. Já não mais existe o “meu” e o “teu”, tudo o que é de um pertence ao outro e vice-versa.
Vemos na carmelita de Dijon uma delicadeza de percepção das realidades humanas do desponsório para depois transpô-las ao âmbito espiritual com simplicidade e profundidade. “É fixá-lo (o Esposo) sempre com o olhar para perceber o mínimo sinal e o mínimo desejo; é entrar em todas as suas alegrias, condividir todas as suas tristezas. Quer dizer ser fecundos co-redentores, gerar almas para a graça, multiplicar os filhos adotivos do Pai, os redimidos por Cristo, os co-herdeiros de sua glória”. Assim como é próprio do matrimônio a fecundidade, também no amor esponsal não pode haver esterilidade. “Pelos frutos os conhecereis”, dizia Jesus. E o fruto de um amor desse quilate são as almas conquistadas para o Reino. Por isso, quem atingiu esse grau de comunhão com Deus não pode ficar ocioso.
Quer trabalhar e se consumir para que todos possam encontrar esse “tesouro escondido”. A salvação das almas torna-se uma espécie de “obsessão” em sua vida. Faz tudo o que pode e sabe, para cativar as pessoas para Deus. Quer se consumir pelos irmãos assim como seu Esposo o fez numa cruz.
“Quantas coisas esse nome (esposa de Cristo) evoca sobre o amor dado e recebido, sobre a intimidade, a fidelidade, a dedicação absoluta!” Além dessas características até agora citadas, existe uma que resume e engloba todas as demais: a UNIDADE. De fato, não existe verdadeiro matrimônio sem uma total unidade. Os méritos de Jesus Cristo, as promessas, as palavras, o amor, enfim, tudo que lhe pertence se torna posse da esposa e tudo que é da esposa – dons, fraquezas, sonhos, ideais, limitações etc. – é assumido pelo Esposo. Por isso, tudo o que toca a Ele toca também a ela. É o mistério do amor que faz de dois UM.
Deus vai preparando a pessoa para este cume de um relacionamento no amor, que os místicos chamam “matrimônio espiritual”, e está magistralmente descrito nas sétimas moradas do livro “Castelo Interior”, de Santa Teresa de Jesus. Elisabeth entendeu-o bem, por isso encerra sua descrição de uma “esposa de Cristo” com estas palavras: “Quer dizer o Pai, o Verbo e o Espírito que invadem a alma, deificam-na, consomem-na no UM por amor. Quer dizer matrimônio, o estado estável, porque é a união indissolúvel das vontades e dos corações. E Deus disse: Façamos uma companhia semelhante a eles: eles serão dois num só ser”.
Em conclusão, vemos como a Beata Elisabeth estava consciente de sua missão de esposa junto ao coração de seu Esposo Jesus. Ela emprega esta expressão muitíssimas vezes em seus escritos e cita o livro bíblico do Cântico dos Cânticos também muitas vezes – livro que inspirou a tantos místicos no concernente à doutrina sobre o mais elevado grau de intimidade com Deus como sendo o matrimônio espiritual. Deus, ao criar o homem, capacitou-o a viver esse misterioso relacionamento de amor esponsal com Ele. Dando-lhe o Espírito Santo transformou-o em templo da Santíssima Trindade pelo Batismo e o convida de diversos modos a entrar em comunhão de amor com Ele. O homem, por sua vez, traz em si uma sede insaciável de infinito, sede do próprio Deus e busca, apesar das limitações impostas por sua condição de pecador, esta união plena com o Senhor num amor forte, transformante e unitivo.
Quem encontra o tesouro vai, vende tudo o que possui e volta para comprá-lo, mas depois não pode mais mantê-lo escondido, deve fazer a luz iluminar a todos, colocando o candeeiro sobre a mesa. Uma vida oracional tão profunda, chegando à união transformante de que fala São João da Cruz, não poderia ficar confinada apenas ao interior da própria beata Elisabeth da Trindade. É preciso responder a tamanho amor e gratuidade do Senhor com as obras. “Obras quer o Senhor”, dizia Santa Teresa de Jesus para quem chega às sétimas moradas de seu “Castelo Interior”.
Elisabeth não retém para si as graças que Deus lhe concede – sobretudo a de uma oração profunda e adoradora –, mas convida a todos, sacerdotes, leigos, jovens e adultos a buscar ao Deus Trindade que habita em seus corações pelo Batismo. Suas cartas são páginas do mais fino e delicado apostolado entre suas amigas e amigos. Abre a cada um deles um leque de possibilidades para o encontro com o Senhor em meio aos afazeres normais da vida que levam. Sua missão é atrair as pessoas ao interior de si mesmas para o encontro pessoal com Deus. A partir daí o próprio Senhor se encarrega de fazer sua transformação em suas vidas.
Os conselhos que dá a uma amiga revelam esse transbordamento de sua vida interior: “Sim, querida senhora, vivamos com Deus como com um amigo. Procuremos avivar a nossa fé para comunicar-nos com Ele através de todas as coisas, pois assim conseguiremos a santidade. Carregamos o céu dentro de nós... parece-me ter encontrado o meu céu na terra, porque o céu é Deus e Deus está na minha alma. O dia em que compreendi isso, tudo se iluminou dentro de mim e muito gostaria de sussurrar esse segredo àqueles que amo, para que também eles, através de todas as coisas, se unam sempre a Deus e se concretize aquela oração de Jesus Cristo: ‘Pai, que sejam perfeitos na unidade’ (Jo 17,23)” (C 107).
Ainda que sem esse título, Elisabeth da Trindade é ‘mestra’ na vida de oração. Basta tomar algum de seus escritos e todos nos sentimos envolvidos por um clima de interioridade. Nesta época em que vivemos, entre tantos desafios e questionamentos, Elisabeth nos desperta ao amor puro e genuíno para com o Senhor, para que possamos depois irradiá-lo, sendo agentes de transformação deste mundo.