Os missionários de Jesus portam a paz!
Jesus escolheu um grupo de pessoas, não quis a missão toda
para si. Nem quis somente os doze apóstolos envolvidos com o trabalho
missionário, pois escolheu também outros setenta e dois. Hoje, o mandato do
Senhor é pra todos. Jesus nega uma Igreja clericalista, morta, sem
envolvimento...
O grupo dos setenta e dois simboliza não somente a
descentralização do poder, como também a universalidade da salvação, pois a
numerologia se remeta a quantidade dos povos da terra, para os quais a salvação
deveria ser trazida. A missão transpõe os próprios muros da Igreja...
Jesus envia. Não nos envia para uma missão fácil: “Eis que
vos envio como cordeiros no meio de lobos!” (Lc 10,3). O missionário traz no
corpo as marcas do crucificado e se identifica com o crucificado (2ª. Leitura).
Trata-se da dureza da missão.
O missionário vai encarar o desânimo, a falta de
boa vontade das pessoas, ouvidos que não desejam a Palavra do Senhor, a
ingratidão, a incoerência daqueles que somente se preocupam com os seus
próprios interesses.
Os discípulos são frágeis e não podem contar com as suas
próprias forças, mas com o Senhor que os defende e consola: “Sereis
amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os joelhos.” (Is 66,12).
Não nos apeguemos ao triunfalismo da Igreja propagado ainda hoje. Não nos
arroguemos os já vencedores, mas os
pequenos discípulos que enfrentam os lobos do mundo do pecado para anunciar a Boa
Nova daquele que não nos abandona, e morreu de amor por cada uma de suas
ovelhas.
Os missionários de Jesus não levam muita coisa na mochila
(Lc 10,4), sendo despojados. Não confiam nas coisas, no dinheiro, nos
instrumentos deste mundo. Ainda que não tenhamos os melhores recursos
financeiros ou os melhores canais de televisão, podemos contar com a graça da
confiança na providência. Ele vai à nossa frente, Ele é o dono da missão, Ele
fala por nós.
Os missionários não param nem para cumprimentar, pois este
gesto gasta um tempo precioso se se deseja cumprir a etiqueta judaica. O tempo
urge! Não existe tempo a perder, porque a missão é primordial.
Os missionários de Jesus portam a paz! (Lc 5,10). Não trazem
a guerra e a espada. Não trazem o medo, o terror, a culpa, ou o castigo, não
propagam a ira sobre os pecadores e nem a vitória fácil dos seguidores. Propagam
o Shalom – a paz messiânica, a
felicidade plena para todo aquele que se abrir a Boa Nova do Senhor! Trazem
ainda a cura da dor, expulsam os demônios deste mundo endemoniado pelo egoísmo!
Mas diante de tais carismas, não se envaidecem, porque a alegria está na
inscrição dos nomes no Céu.
Por fim, cabe uma pergunta fundamental: para que missão? Para
encher os bancos das igrejas? Para reunir uma multidão de pessoas
descomprometidas que desejam algum milagre do Céu? Queremos uma multidão de
participantes de devoções? Queremos que nossas ofertas aumentem? Precisamos
realizar uma missão desinteressada e coerente que não se preocupa com os
resultados numéricos, que não se apega ao dinheiro ou ao fascínio de palavras
enganadoras. Precisamos de uma missão que se preocupe com a vida verdadeira dos
destinatários.
Sonhemos com uma Igreja missionária. Sonhemos com uma Igreja
coerente com a missão de Jesus. Uma Igreja acolhedora, que crie comunidade, que
se interesse pela pessoa. Sonhemos e construamos uma Igreja que não se deixe
sucumbir diante do apelo fácil do triunfalismo, do poder, da mídia, do dinheiro,
da imagem falsa. Uma Igreja mais missionária que ouse ir entre os lobos sem
bagagem para propagar a Paz do Senhor.
Hoje a Igreja ora e pede ao dono da Colheita que mande mais
operários para a sua Messe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário