PROCLAMAMOS A VOSSA RESSURREIÇÃO!
O “mistério da fé, para a salvação do mundo”, não se fica, nem se fixa, no anúncio da paixão e morte do Salvador.
A inteira Páscoa de Cristo culmina na Sua ressurreição! Por isso, escutávamos, com grande espanto e enorme alegria, a mensagem que nos chegava do alto: «Não está aqui. Ressuscitou» (Lc 24,6).
A ressurreição de Jesus, é, de fato, um acontecimento, tão real e tão
histórico, como o da Sua paixão e morte na cruz. Mas, enquanto obra
suprema do amor de Deus (cf. CIC, nn. 648-650), o ato, em si mesmo, da
ressurreição de Jesus, não tem testemunhas oculares, que o descrevam;
ainda menos, a sua essência mais íntima, que é a passagem a uma outra
vida, poderia ser captada, pelos nossos sentidos (cf. CIC 647)! Por isso
justamente cantávamos, diante da luz nova do círio pascal: «Oh noite
bendita, única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo
ressuscitou do sepulcro».
A ressurreição de Jesus acontece na história, não passa à história, mas ultrapassa a própria história da nossa humanidade.
De resto, a ressurreição é uma surpresa completa, para a fé dos judeus,
para a esperança das mulheres e dos discípulos, que nem queriam crer,
nem podiam ainda entender. E, neste sentido, também a ressurreição,
constitui um mistério, um acontecimento que os transcende a todos, uma
realidade que supera todas as suas expectativas (cf. CIC, nn. 639-647), e
que só o olhar da fé, iluminado pela Palavra das Escrituras, poderá
alcançar! Por isso se diz, que o discípulo amado, “viu e acreditou” (Jo
20,8)!
O sepulcro vazio é apenas um sinal aberto, para a fé. Da
experiência, real e histórica do encontro divinal, com o Cristo
Ressuscitado, é que brotarão depois todos os testemunhos da Sua
ressurreição.
Devemos ainda aqui esclarecer o que, já devia ser
claro: não se trata, para Jesus, de voltar à vida de antigamente (cf.
CIC, n. 646), ou de ser reanimado, ao terceiro dia. Não. A fé dos
apóstolos proclama a todos, pela boca de Pedro: “Deus ressuscitou-O ao
terceiro dia e permitiu manifestar-se a algumas testemunhas” (At.10,40).
O Ressuscitado é o mesmo Cristo vivo, que passou fazendo o bem! Ele é o
mesmo Crucificado, suspenso no madeiro, mas agora vive, e vive para
sempre, numa plenitude e numa condição de vida, que não mais conhece a
morte!
Neste dia da Ressurreição do Senhor, estamos a professar, a
celebrar e a viver o mistério central da nossa fé cristã, a tal ponto
que São Paulo avisara os coríntios: “Se Cristo não ressuscitou é vã a
vossa fé.(…) Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícia dos
que morreram” (cf. I Cor.15,16-21). Por outras palavras, a ressurreição
de Jesus inaugura uma nova vida, para nós. Ela não é um acontecimento
isolado e do passado, que diga só respeito a um certo Jesus de Nazaré;
trata-se, de uma mutação decisiva, de uma transformação inteira, dentro
da nossa própria humanidade, que nos atinge e alcança a todos, que nos
leva e eleva da morte, para a vida inteira e verdadeira. A ressurreição
de Jesus é, por isso mesmo, o «princípio e fonte da nossa ressurreição
futura» (CIC, n. 655).
Crer que Jesus «ressuscitou ao terceiro dia»
significa reconhecer que o mal e a morte, o ódio e o pecado, a desgraça e
a injustiça, não têm a última palavra, pois o amor de Deus é mais forte
do que a própria morte! Na Páscoa de Cristo tem apenas início aquela
vida, para a qual o ser humano foi criado por Deus, e, com ela
inaugura-se a regeneração da humanidade inteira.
Até lá, até à nossa
ressurreição futura, até que Cristo venha, a nossa vida está em boas
mãos, está “escondida, com Cristo, em Deus” (Col.3,1-4). Até lá, até que
Ele venha, e se manifeste nEle a nossa vida, em toda a sua glória,
celebremos, com beleza e alegria, o mistério da fé, em cada Eucaristia,
anunciando a sua morte e proclamando a Sua Ressurreição!
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