A FOME E
A SEDE DOS QUE VIVEM O EVANGELHO
Se olharmos para os primeiros dias da Igreja,
poderemos ficar espantados com a sua força, especialmente no que diz respeito àqueles
que fundaram templos e comunidades.
Pois apesar do fato de que essas pessoas eram
homens simples e mesmo ignorantes sobre a Bíblia, suas vidas espirituais e as
manifestações de fé, amor e zelo que ofertaram foram poderosos exemplos de uma
existência vivida de acordo com os preceitos do Evangelho, de forma que até os
dias de hoje, nós continuamos a recorrer à sua fé e a cultivar as suas
tradições, ainda que tenhamos dificuldade de compreender a espiritualidade, que
era por eles facilmente compreendida e vivenciada.
Essas pessoas simples entendiam o
Evangelho, elas o compreendiam como uma vida para ser vivida e não como uma
coleção de princípios para serem alvo de debates.
Nisso se recusaram a compreendê-lo em um nível
puramente acadêmico.
E hoje, fiéis seguidores de Cristo ainda
buscam orientar a vida de acordo com o Evangelho com base nas mesmas percepções,
da primavera da vida dos primeiros cristãos.
Essas primeiras comunidades, inflamadas pelo
amor por Cristo, não tinham credos, estudo patrístico, exposições das
Escrituras, mas cultivavam as poucas palavras de Cristo, que ao atingirem os
seus ouvidos imediatamente tornavam-se o seu credo, não necessitando de
explicações de docência ou intrincadas interpretações, mas sim e
fundamentalmente, necessitavam, uma vez que haviam conhecido a Verdade,
vivenciar esta Verdade.
E era através da experiência, do viver a
Verdade, que estes homens descobriram o poder das palavras e assim trouxeram à
tona os mistérios que elas continham.
E assim o seu zelo, amor e fé em Cristo e no
Evangelho crescia.
Quando ouviam "Bem-aventurados os pobres
em espírito", e então vendiam tudo e colocavam seu dinheiro aos pés dos
apóstolos.
Quando ouviam "Bem-aventurados os que
choram”, eles desprezavam todo o sofrimento e cansaço natural ao serviço ao
Senhor.
Quando ouviam "Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça”, entregavam-se as mais cruéis humilhações,
ataques e insultos.
Quando ouviam "Vigiai e orai", reuniam-se
nas catacumbas para vigiar e orar a noite toda.
Quando ouviam "Amai os vossos inimigos”, não
ofereciam qualquer resistência aos seus perseguidores, curvando seus pescoços
para a espada com humildade e obediência, para honrar a palavra de Cristo.
Estas eram para eles as consequências práticas
da leitura e do entendimento sobre o Evangelho.
A partir de então nasceu neles uma tal fome e
sede da justiça de Deus, e é por essa fome e sede que o Espírito Santo se fazia
presente em sua forma mais ativa no trabalho desses homens.
Ele lhe dava o poder da palavra, fortalecia os
seus corações, os apoiava na fraqueza, os conduzia na escuridão, dando-lhes
conforto e os seguindo ao longo do caminho até a ida dos seus espíritos para as
mãos do seu Criador, com grande glória.
E este é
o nosso desafio:
Temos de aprender a ter esta sede de Deus, para que possamos amá-lo com todo o
nosso coração, com toda a nossa vontade, para que sigamos os seus mandamentos,
para termos um coração contrito, e quando não nos for mesmo possível fazer o
que Ele quer de nós, sejamos capazes de verdadeiramente pedir perdão, para que
assim nos seja possível buscar maneiras de mudar pelo zelo, o nosso
comportamento.
Com o nosso amor a Ele, que possamos receber a
Sua graça para que venhamos a amar os outros.
Isto é o que é necessário para desenvolvermos
um estilo de vida cristã.
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