Amor
eucarístico de Quinta-Feira Santa, amor em que Jesus lava os pés com a
humildade de escravo, em que institui a Eucaristia como sacramento de
amor, em que institui o sacramento da Ordem para que homens possam
perpetuar a sua oferta e os outros sacramentos, em que Se dá a nós na
entrega mais generosa e mais total, como Sacerdote e Vítima, em que faz a
bela e longa Oração sacerdotal que S. João coloca no capítulo 17 do
seu Evangelho. Amor eucarístico que prova a eloquência da dádiva do
novo Cordeiro pascal que Se entrega para ser nosso alimento, em que
Jesus quer ficar connosco no sacramento da Eucaristia, em que há a
oração pela unidade de todos, com Ele, por Ele e n’Ele. Amor
eucarístico em que o Bom Pastor Se dá em alimento às suas ovelhas, em
que o Pão Vivo se torna manjar celeste, em que homens são investidos do
poder sacerdotal. Que maravilhoso dia, o de Quinta-Feira Santa! Que
manifestação tão bela do amor de Jesus Eucaristia e de Jesus Sacerdote!
Temos que aprender com Ele a amar e a servir, a viver gestos de
lava-pés e a ser Eucaristia viva para nos darmos sempre mais aos
outros. A Eucaristia é escola de amor, de dom, de serviço, de entrega. E
são estas atitudes que nos faltam muito cada dia da nossa vida.
Precisamos de amar, de amar mais, de aprender sempre a arte de um novo
amor. É o que o mundo à nossa volta mais necessita.
Amor
crucificado de Sexta-Feira Santa, em que a vítima Se oferece em
holocausto na Cruz, em que se dá a maior prova de amor, a morte pelos
amigos, em que o Cordeiro que tira o pecado do mundo Se deixa matar para
nos remir e salvar, em que a misericórdia se torna operante,
perdoando, remindo e fica perpetuada com a palavra «Pai, perdoa-lhes
porque não sabem o que fazem». Amor crucificado em que o Cordeiro
Imaculado Se oferece pela salvação de todos, em que o Bom Pastor vai
até ao extremo do dom da vida, em que a oferta é feita em pleno
holocausto. Amor crucificado simbolizado no Coração aberto, para provar
a «loucura» apaixonada do nosso Deus, em que todos somos aspergidos
pelo sangue redentor, em que Jesus estabelece o Reino, em que a Igreja
sai do seu lado aberto no símbolo da água e do sangue, os sacramentos
do Batismo e da Eucaristia. Amor crucificado em que Jesus continua a
ter sede de nós, da nossa amizade, do nosso amor, da nossa entrega
generosa e fiel. Amor crucificado que nos quer ajudar a assumir o
sacrifício e a dor, ajudar a sermos uma oferta permanente para que o
mundo à nossa volta sofra menos e tenha a vida de Deus em abundância,
tenha mais pão, mais amor, mais paz, mais justiça.
Amor
ressuscitado de Domingo de Páscoa, continuado em todo o tempo pascal,
em que a paz e alegria invadem o coração e vida dos cristãos, começando
pelos apóstolos, em que lhes é dado o poder de perdoar e a primeira
efusão do Espírito, em que Jesus nos envia em missão, para ser no mundo
suas testemunhas. Amor ressuscitado em que nos é dito que Deus é nosso
Pai e que somos irmãos de Jesus, em que se gera a fraternidade
universal e a comunhão de irmãos, em que o Cristo Pascal nos introduz
na comunhão trinitária. Amor ressuscitado em que a Igreja é consolidada
pela força do Espírito, em que Jesus nos convida, como a Tomé, a
entrar em seu Coração aberto, em que somos enviados pelo mundo inteiro a
batizar, a anunciar o amor, a fazer discípulos. Amor ressuscitado em
que Jesus, doravante, fica presente e atuante na Igreja, na Palavra, na
Eucaristia, em nós, em todos, sobretudo nos mais pobres e nos que
sofrem (cf. Mt 25, 31 e seg.). Que maravilha nos oferece o amor
Ressuscitado! E esse Senhor continua presente em nós, sempre vivo para
ser nossa paz, nossa força, nossa esperança, como o mundo à nossa volta
necessita.
Trilogia
do amor, amor-perfeito com três pétalas: eucarístico, crucificado,
ressuscitado. O mistério pascal torna-se a revelação mais esplendorosa
do amor. Viver o mistério pascal é entrar neste circuito divino do amor.
Vamos vivê-lo mais a sério, com mais oração, mais partilha com os
outros, mais desejo de sermos testemunhos vivos do amor.
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