«Pedi ao senhor da messe que envie trabalhadores para a sua
messe»
Muitos são os que, por terem o exterior bem cuidado e o interior cheio de
grandes sentimentos de Deus, se ficam por aí [...], contentando-se com as
doces conversas que mantêm com Deus na oração. [...] Não nos enganemos: é
nosso dever passar aos atos. E isso é de tal modo verdade, que o apóstolo
São João nos declara que nada, além das nossas obras, nos acompanha para a
outra vida (Ap 14,13). Tenhamos pois atenção a isto; tanto mais que, neste
século, há muitos que parecem virtuosos, e que na verdade o são, mas que
pendem mais para uma via mole e adocicada do que para uma devoção laboriosa
e sólida.
A Igreja é comparada a uma grande ceifa que precisa de trabalhadores,
mas de trabalhadores que trabalhem. Não há nada mais conforme com o
Evangelho do que, por um lado, reunir luzes e forças na oração, na leitura
e na solidão, e depois ir partilhar com os homens esse alimento espiritual.
É fazer como fez Nosso Senhor, e depois dele, os apóstolos; é juntar a
ação de Marta com a de Maria; é imitar a pomba que digere até meio a
comida que apanhou, e depois a vai metendo no bico das crias para as
alimentar. É assim que devemos fazer, é assim que devemos testemunhar a
Deus, pelas nossas obras, quanto O amamos. É nosso dever passar aos atos.
São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades
religiosas
Conversas Espirituais com os Missionários
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