Teresa de Los Andes
O
Carmelo Teresiano celebra hoje a memória litúrgica de Santa Teresa de
Los Andes, carmelita chilena que permaneceu 11 meses apenas no Carmelo
do Espírito Santo, próximo à Santiago do Chile, na região dos Andes.
Vítima da febre tifoide, Teresa professou na agonia da morte. Nos poucos
meses vividos no Carmelo, Teresa de Los Andes demonstrou a seriedade de
sua vida espiritual e da sua entrega a Deus! Filha de uma família
abastada, Teresa vê seus pais perderem pouco a pouco os seus bens , em
razão da má administração do seu pai. Filha querida amou sua família,
oferecendo se a Deus também por ela.
Exemplo para os jovens dos nossos
dias, viveu o que o Papa Francisco disse aos jovens na noite de ontem em
Assunção: teve um coração livre, solidário, cheio de esperança e
fortaleza, apaixonado por Jesus!
Alma contemplativa
Primeira santa carmelita
latino-americana, Santa Teresa de los Andes nasceu em Santiago do Chile, em 13
de julho de 1900, numa família católica e aristocrática. "Jesus não quis
que eu nascesse como Ele, pobre. E nasci no meio das riquezas, mimada por todos"
- escreve em seu diário.
Seus biógrafos coincidem em
ressaltar que ela era sempre o centro das atenções onde estivesse, pela sua
amabilidade, graça e simpatia. Era alegre e comunicativa, mas também séria e de
um temperamento enérgico.
Menina bela e encantadora, alegre e
comunicativa, ela era o centro de todos os
ambientes na aristocrática sociedade chilena de início de século.
Suas brincadeiras eram animadas e
entusiasmadas. À sua casa acorriam muitos parentes e amigos. Uma tarde anunciou
a todos os seus irmãozinhos e primos que presenciariam algo nunca visto por
olhos humanos. Eles teriam o privilégio de assistir à Assunção da Santíssima
Virgem. Os meninos se puseram diante de uma mesa sobre a qual estava uma imagem
de porcelana da Virgem Maria, com uma coroa de metal. Juanita escondeu-se atrás
de um biombo e "magicamente" a imagem começou a subir, ante a
admiração dos pequenos, até desaparecer por trás de um cortinado. O
"milagre" tinha sido operado por Juanita por meio de um delgado fio
amarrado na coroa da imagem.
* * *
Quando se tratava de brincar, era
a primeira de todas, a mais animada, a mais alegre, a mais ativa. Na fazenda
Chacabuco, de seus pais, andava a cavalo montada de lado como uma grande dama.
Era difícil ultrapassá-la nos passeios a galope com seus irmãos e primos. Nas
férias, no balneário de Algarrobo, perto de Valparaíso - num ambiente de pudor
e compostura hoje difícil de imaginar - era ela uma ousada nadadora. Jogava
tênis. Fazia caminhada com as amigas.
Mas sobretudo contemplava. Em
carta a uma amiga, escrevia: "Não podes imaginar paisagens mais bonitas
que as que víamos... colinas cobertas de árvores e no fundo uma abertura onde
se via o mar, sobre o qual se refletiam nuvens de diversas cores. E, por trás,
o sol ocultando-se. Não podes imaginar coisa mais bela, que faz pensar em Deus,
que criou a terra tão formosa. Que será o Céu? - pergunto-me muitas
vezes."
E à Madre Priora do Carmelo que a
iria acolher, contava: "O mar, em sua imensidade, me faz pensar em Deus,
na sua infinita grandeza. Sinto então uma sede do infinito." Estando já no
Carmelo, e sabendo que sua mãe passaria férias de novo na mesma praia, lhe
escrevia: "Cada vez que a senhora olhar o mar, ame a Deus por mim,
mãezinha querida."
A jovem Juanita ingressou no
convento de Los Andes no dia 7 de maio de 1919, tomando o nome de Irmã Teresa
de Jesus. Fez votos de pobreza, obediência e castidade em 27 de junho e recebeu
o hábito de noviça em 14 de outubro do mesmo ano. No dia 8 de dezembro,
consagrou-se como escrava de Maria, segundo o método ensinado por São Luís
Grignion de Montfort. Doravante, seus atos e sacrifícios seriam todos para
Nossa Senhora. "Combinei com a Santíssima Virgem que Ela passasse a ser
meu sacerdote, que me oferecesse a cada momento pelos pecadores e pelos
sacerdotes, mas banhada com o sangue do Coração de Jesus" - escreveu.
A vida de Santa Teresa dos Andes foi marcada
pela intensa alegria
de viver, pela grande devoção a
Nossa Senhora e pelo infinito amor por Jesus . No curto tempo passado por
Juanita no convento, sua superiora, com um extraordinário senso das almas,
determinou que continuasse seu apostolado por meio de cartas à sua família e às
suas amigas. Os resultados não se fizeram esperar. Sua mãe se fez terciária
carmelita. Sua irmã menor, Rebeca, ingressou no mesmo convento, meses após a
morte da Irmã Teresa. Várias de suas amigas, moças da melhor sociedade, tinham
por ela tal estima e admiração que decidiram também consagrar suas vidas a
Jesus, no Carmelo ou em outros institutos religiosos. Atravessando crises e
ambientes adversos, perduram até hoje os efeitos de seu bom exemplo, atraindo
muitas jovens para a vida contemplativa e para as atividades de apostolado
leigo na sociedade.
No dia 1º de abril de 1920, a
Irmã Teresa adoeceu gravemente. Ante a iminência de sua morte, e dada a
santidade de sua vida, a Superiora permitiu que fizesse os votos de carmelita
professa e Esposa de Cristo, in articulo mortis, no dia 7 desse mês.
Mas estavam por vir as grandes
provações espirituais que uma vítima expiatória costuma receber. Quis Deus que
ela, como outros santos, sofresse a terrível sensação de ter sido não só
abandonada mas condenada por Ele. Assim, ardendo em febre, fazia esforços para
retirar seu escapulário e afastar os objetos de piedade que a rodeavam. Num tom
de voz acabrunhador, exclamou: "Nunca pensei que a Santíssima Virgem fosse
me abandonar!". Depois de certo tempo de luta terrível, foi-se acalmando
aos poucos, até que num momento disse sorrindo, como se tivesse uma visão:
"Meu esposo!" ... Morreu suavemente três dias depois, em 12 de abril
de 1920.
De forma inesperada, o povo da
cidade de Los Andes acorreu em grande número ao velório dessa até então
desconhecida freira, que vivera apenas nove meses no Carmelo. Todos pediam para
tocar seus objetos de piedade no corpo da "santa", todos recebiam
graças de paz, de benquerença, de afervoramento e de piedade.
Em 3 de abril de 1987, S.S. João
Paulo II beatificou a Irmã Teresa. Sua fama de santidade cresceu de forma
impressionante no Chile e em todo o mundo, sem que ninguém se preocupasse em
difundi-la. Por fim, o mesmo Papa a canonizou, no dia 21 de março de 1993. Um
imponente santuário foi construído em sua honra, tendo como fundo de quadro uma
grandiosa vista da Cordilheira dos Andes.
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