Lembro-me de um senhor que conheci uns anos atrás que me dizia que, para dar certo uma relação, um casamento, bastava ou basta o amor. Ele já estava casado fazia muitos anos, por volta de quarenta. Era a sua experiência. De fato, quando o amor é muito grande, ele passa por cima de tudo, vence qualquer obstáculo.
Porém, o orgulho é um senhor obstáculo. Ainda mais quando pensamos que o orgulho, como todos os defeitos, tem graus e pode chegar a níveis muito altos.
Como poderíamos definir o orgulho? Poderíamos defini-lo como um defeito que leva a um enaltecimento do eu. Todos nós temos um valor, uma dignidade. E essa dignidade, ou esse valor, deve ter uma medida certa. O defeito está tanto no enaltecimento desse valor como no seu apequenamento. O enaltecimento é o orgulho.
O orgulhoso, sem estar numa altura superior à dos demais, põe-se nessa altura. Acha-se mais inteligente, mais sábio, mais perspicaz, com mais qualidades etc. Muitas vezes essa postura não é consciente. No entanto, vê-se que uma pessoa é orgulhosa pelas suas reações. O orgulhoso, por achar-se superior aos demais, mesmo que não esteja consciente dessa atitude, teima, discute, não tem paciência, acha que tem razão, não cede etc.
Imaginem viver com uma pessoa que sempre acha que tem razão... Ela torna o amor impossível.
A essência do amor é a alegria de fazer o outro feliz. Ora, o orgulhoso, levado pelo seu defeito, não está preocupado em fazer o outro feliz, mas em mostrar que tem razão. Está preocupado consigo mesmo e não com o outro. Está certo de que há coisas nas quais não se pode ceder.
Será que sou uma pessoa que:
- quer sempre, ou na maioria das vezes, ter razão?
- sabe ceder em realidades que não são, por assim dizer, dogmas, ou seja, incontestáveis?
- percebe que um objeto ou uma realidade têm várias perspectivas, vários lados pelos quais podem ser observados?
- percebe que muitas vezes as pessoas estão olhando a mesma realidade mas de pontos de vista diferentes e, portanto, não estão erradas como às vezes pensamos?
- percebe que os outros olham as coisas sob um aspecto, pois dão mais valor a ele? E que, para mim, talvez, esse aspecto não seja tão relevante e, portanto, devo respeitar esse ponto de vista?
- percebe que o mais importante não é ter razão, mas amar? Que o mais importante não é quem ganha ou quem perde, mas que os dois saiam ganhando, saiam felizes?
- percebe que é mais sábio, muitas vezes, ceder em algo que para nós parece muito claro, mas que para o outro não é tão claro assim, e que o mais importante é a união, a sintonia, mesmo até que se comprove dentro de pouco tempo que estávamos certos e o outro errado, pois muitas vezes o outro precisa errar para aprender?
Façamos muitas vezes esta pergunta fundamental: o que eu quero, afinal de contas, ter razão ou amar?
Saibamos ser pessoas maleáveis, pois essa é a atitude sábia.
Se queremos amar, saibamos lutar diariamente contra o nosso orgulho.
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