«Os Céus foram consolidados pela palavra do Senhor e todo o seu
exército pelo sopro da sua boca» (Sl 32,6). […] É difícil deixarmos de
pensar na Trindade: o Senhor que ordena, a Palavra que cria, o Sopro que
consolida. O que quer dizer «consolidar», senão perfazer em santidade,
designando seguramente esta palavra o fato de estar solidamente fixado
no bem?
Mas, sem o Espírito Santo, não há santidade: as potestades do céu não são santas pela sua própria natureza, senão não se distinguiriam do Espírito Santo; cada uma delas detém do Espírito a medida da sua santidade.
A substância dos anjos é talvez um sopro aéreo ou um fogo imaterial.
Diz o salmo: «Tens os ventos por mensageiros, por servidor uma chama de
fogo» (Sl 103,4). É por isso que podem estar num sítio e de seguida
tornar-se visíveis sob um aspecto corporal para aqueles que são dignos
disso.
Mas a santidade […] é-lhes comunicada pelo Espírito.
E os
anjos mantêm-se na sua dignidade perseverando no bem, mantendo a sua
escolha; eles escolhem nunca se afastar do verdadeiro bem. […]
Como diriam os anjos: «Glória a Deus no mais alto dos céus» (Lc 2,14)
senão pelo Espírito? Na verdade, «ninguém pode dizer: “Jesus é o
Senhor”, senão no Espírito Santo, e ninguém, se falar no Espírito de
Deus, diz: “maldito seja Jesus”» (1Cor 12,3).
É precisamente o que terão
dito os espíritos maus, adversários de Deus, […] no seu livre arbítrio.
[…] Poderiam as potestades invisíveis (Col 1,16) ter uma vida feliz se
não vissem incessantemente a face do Pai que está nos céus? (Mt 18,10)
Ora, não se pode ter essa visão sem o Espírito. […]
Diriam os serafins:
«Santo, Santo, Santo» (Is 6,3) se o Espírito lhes não tivesse ensinado
esse louvor? Se todos os seus anjos e todas as potestades celestes
louvam a Deus (Sl 148,2), se milhares de milhares de anjos e inumeráveis
miríades de ministros se conservam perto dele, é pela força do Espírito
Santo que rege toda esta harmonia celeste e indizível, ao serviço de
Deus e em acordo mútuo.
São Basílio
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