São Lucas 9,57-62
Naquele tempo,
enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a
Jesus: "Eu te seguirei para onde quer que fores". Jesus lhe respondeu: "As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Jesus disse a outro: "Segue-me". Este respondeu: "Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai". Jesus respondeu: "Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus".
Um outro ainda lhe disse: "Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me
primeiro despedir-me dos meus familiares". Jesus, porém, respondeu-lhe: "Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
*******************
Seguir
Jesus significa muito mais do que ser um repetidor doutrinário,
significa ser capaz de assumir o seu Projeto como algo próprio, ser
capaz de olhar para o futuro e visualizar o Reino de Deus, fundamentar a
própria existência nesse Reino, fazer da esperança da sua realização o
motor propulsor da própria vida e entregar-se de corpo e alma, com tudo o
que se é e que se tem na luta em prol da plena realização desse
Projeto, renunciando a todas as conquistas humanas obtidas e a todas as
formas de segurança que este mundo pode oferecer.
É ser totalmente livre
de todos os apegos deste mundo para amar a Deus de forma total e
exclusiva e fazer desse amor a grande motivação da construção do Reino e
a causa da própria felicidade.
Cada
uma das três cenas de encontro de Jesus com pessoas chamadas a
segui-lo, ilustra a radicalidade do seguimento. É preciso uma grande
dose de despojamento para dar o passo. Sem isto, essa experiência
ficaria sem feito, já nos seus inícios.
A primeira cena aponta para o
destino de pobreza e insegurança a que estão fadados os seguidores de
Jesus. Ele mesmo sabia-se desprovido de segurança oferecida por uma
estrutura familiar, ou qualquer outra. Não podia contar com nada que lhe
pudesse oferecer estabilidade. Sua existência era realmente precária,
sob o ponto de vista material. Estava sempre na dependência da
generosidade alheia.
A segunda cena, sem pretender pôr em discussão as
obrigações próprias da piedade filial, indica estar o discípulo a
serviço do Reino da vida. É inútil preocupar-se com a morte física, pois
esta é vista na perspectiva da ressurreição. Assim, não é falta de
piedade, no caso do discípulo em missão, estar ausente por ocasião do
enterro do próprio pai.
A certeza da ressurreição permite-lhe manter-se
em comunhão com o ente querido, para além da morte física.
A terceira
cena mostra como o chamado do Reino não suporta delongas. Nada de
despedidas demoradas, adiamentos sem fim, desculpas sucessivas. Ao ser
chamado, o discípulo deve estar disposto a romper com o passado e
lançar-se, de cheio, no serviço do Reino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário