Naquele tempo,
Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em
sua casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e
escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muitos
afazeres. Ela aproximou-se e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!" O Senhor, porém, lhe respondeu: "Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada".
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Existem
pessoas que se sentem angustiadas diante do sofrimento de outras
pessoas, das injustiças, das carências e necessidades dos outros e
também diante da descrença que existe no mundo de hoje, e, movidas por
essa angústia, se entregam de corpo e alma no trabalho evangelizador,
promocional e assistencial.
Porém, todos nós devemos levar em
consideração que o mais importante nem sempre é o que estamos fazendo,
mas a motivação pela qual agimos e a consciência de que, na verdade,
somos colaboradores com o próprio Deus na sua ação de salvação dos
homens e que nada podemos fazer por nós mesmos.
Assim, o ativismo é
estéril e, além de não atingir seus objetivos, nos esvazia, enquanto que
a mística, o encontro com Jesus, sustenta e dá eficácia ao nosso agir.
A
experiência de acolhida e hospitalidade na casa de uma família amiga é
um alívio para Jesus, depois dos tristes episódios de rejeição, na sua
longa marcha para Jerusalém. Afinal, a cena evangélica torna-se uma
ilustração viva das diferentes maneiras de acolher Jesus.
Marta e Maria
expressam duas formas de acolhimento: por um lado, o serviço generoso;
por outro, a escuta atenta.
Qual das duas atitudes apresenta-se como
mais conveniente? O texto evangélico recupera o papel da mulher, na
comunidade cristã. Marta representa o tipo tradicional de mulher,
ocupada nas lides domésticas.
A atitude de Maria tem um quê de novidade:
ela assume a condição de discípula, que se coloca aos pés do Mestre
para escutá-lo e, posteriormente, torna-se apóstola do Evangelho.
Evangelicamente, só tem sentido escutar a Palavra, se fôr para colocá-la
em prática. Esta é a situação de Maria. Sua escuta não é mero
passatempo, nem puro gesto de deferência a Jesus. A atitude de Maria
corresponde a um avanço em relação àquela de Marta. A mulher cristã pode
também tornar-se apóstola, superando o simples âmbito doméstico de sua
ação.
O único pré-requisito é estar em profunda comunhão com o Mestre,
compreender o sentido de suas palavras e esforçar-se para testemunhá-las
com a vida.
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