Nosso Senhor
Jesus Cristo está verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento.
Porém, não O está sensivelmente, ou seja, não O podemos ouvir, ver ou
tocar, pois está oculto sob as sagradas espécies. Deus assim quis para
que, pelos méritos da fé, obtivéssemos a salvação eterna.É possível
sentir Jesus na Comunhão.jpg
Imaginemos se isto não fosse assim, e se Nosso Senhor Se fizesse perceptível aos nossos sentidos; se nós pudéssemos
ver,
por exemplo, "um pequeno movimento de sua mão divina, e observar seu
pulso, considerando que ali pulsa o Sagrado Coração de Jesus, uma vez que
a pulsação do Coração se reflete nas veias"[1]; ou se pudéssemos ouvir
sua santa voz, grave, séria e muito suave ao mesmo tempo, nos dizendo
palavras de consolação, ou mesmo de correção. Que respeito, que júbilo,
que alegria não teríamos em relação a esse sublime Sacramento!
Ora, Nosso Senhor está na Hóstia; nós
não O vemos, mas cremos.
Ao chegar a hora da comunhão na Santa Missa
quantas vezes pensamos: "Agora vou comungar, e Jesus estará realmente
presente em mim. Será que Ele não vai me dizer nada?" Sim! No interior
de nossas almas, Ele dirá: "Meu filho, quando dois estão juntos, um
sente o outro. Será que quando Eu estou em ti não sentes nada? Ouve a
linguagem silenciosa de minha presença, que não te fala aos ouvidos.
Presta atenção em Mim! Eu estou em ti, a graça te fala. Tu não sentes
nada?"[2]
Já dizia um sábio sacerdote do século
XIX: "Voz de Cristo, voz misteriosa da graça que ressoais no silêncio
dos corações, vós murmurais no fundo das nossas consciências palavras de
doçura e de paz".[3] É um silêncio que diz muito mais que mil palavras;
"é algo que comunica luz, amor, força. E permanece em nossa alma,
embora para muitos pareça ser passageiro".[4] Apesar de não O podermos
perceber através dos sentidos, Ele não deixa de nos falar à alma, e de
nos enriquecer com Sua presença.
A cada comunhão que, pelos rogos de
Maria Santíssima, recebemos, a inteligência se torna mais perspicaz para
os assuntos da fé, o amor a Deus e ao sobrenatural cresce, e nossas
forças para vencer as tentações e fazer sacrifícios, assim como à
vontade de lutar contra nossos pecados e más inclinações, se multiplicam
por si mesmas.[5]
Nesta vida, pode nos ser uma provação o
fato de não podermos ver a Nosso Senhor na Eucaristia. Porém, se
ficarmos firmes na fé, e formos ardorosos devotos desse sublime
Sacramento, na vida futura isso nos será motivo de grande alegria, como
diz São Pedro: "Deste modo, a vossa fé será provada como sendo
verdadeira, mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo, e
alcançará louvor, honra e glória, no dia da manifestação de Jesus
Cristo. Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele
acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa,
pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação". (I Pd 1, 7-9)
Sejamos assíduos frequentadores das
Santas Missas, fervorosos "ouvintes" das misteriosas vozes divinas que
clamam em nós, seja em meio às consolações ou durante as provações, e,
no Céu, poderemos, enfim, ver, sentir e até mesmo abraçar a Nosso Senhor
Jesus Cristo durante toda a Eternidade.
Por Bruna Almeida Piva
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[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A Eucaristia, eixo da piedade católica. Dr. Plinio, São Paulo, n. 156, mar. 2011, p. 30.
[2] Cf. Loc. cit.
[3] SAINT-LAURENT, Thomas de. O livro da Confiança. São Paulo: Teixeira, [s. d.], p. 9.
[4] CORRÊA DE OLIVEIRA. Op. cit., p. 30.
[5] Cf. Loc. cit.
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