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Deus é a comunhão que se manifesta na comunidade cristã
2Cor 13, 11-13
O texto é a conclusão de 2Cor, carta que, na forma atual, contém diversas cartas de Paulo escritas em ocasiões diferentes e com motivações diferentes. Lendo-a, pode-se perceber o estado de ânimo do agente de pastoral, suas convicções e lutas. Por outro lado, a carta revela também as peripécias da comunidade cristã, os avanços e recuos, as alegrias e sofrimentos, a necessidade constante de discernimento para continuar firme no projeto de Deus.
Não sabemos a qual dessas cartas pertence o texto de hoje. Mas isso não é importante. Importante é captar a mensagem que Paulo comunica à sua comunidade. O texto contém duas referências litúrgicas: o beijo fraterno (v. 12) e a saudação trinitária (v. 13).
A referência ao beijo fraterno faz parte das recomendações (vv. 11-12), ao passo que a saudação trinitária é o augúrio final do apóstolo (v. 13).
As recomendações revelam o rosto da comunidade cristã e suas características: alegria, busca da perfeição, encorajamento mútuo, união, paz, beijo fraterno. Todas essas características são como ferramentas para que a comunidade possa ser o lugar da presença e manifestação de Deus. A alegria é fruto dos tempos messiânicos. Provém da convicção de ser comunidade do Senhor amada por Deus. Esse clima de alegria é capaz de contagiar e transformar. A busca da perfeição denota que ser comunidade é constante caminhar. Para Paulo, os cristãos vivem entre o já e o ainda não. O já é o fato de ser depositário do projeto de Deus, de ser salvo em Jesus Cristo; o ainda não é a consciência de não ter feito tudo o que Deus deseja.
O encorajamento mútuo ajuda a superar as dificuldades. Na visão de Paulo, todos somos parte de um corpo social, em vista do bem comum. Esse bem comum é buscado na união e superação dos conflitos internos e externos à comunidade. A paz não depende da eliminação dos conflitos ou da sua ausência, mas da sua superação mediante a solidariedade. Essa solidariedade leva à plena comunhão com Cristo na eucaristia, em que os cristãos se saúdam com o beijo fraterno. Esse beijo fraterno é chamado por Paulo de “beijo santo” (tem sabor de santidade), isto é, manifesta a solidariedade de todos no objetivo comum, a santidade. Para Paulo, os cristãos são santos porque a eles foi confiado o projeto de Deus. E esse projeto é comum a todas as comunidades (cf. v. 12b).
Paulo encerra a carta exprimindo o desejo de que a Trindade seja a inspiração da comunidade cristã na busca da comunhão entre os membros (“com todos vocês”). A formulação trinitária se inicia mencionando “a graça de nosso Senhor Jesus Cristo”. É o dom da vida que Jesus trouxe à comunidade. Esta existe por obra de Jesus, que morreu e ressuscitou (é Senhor!) e agora se manifesta nos cristãos. Esse amor tem origem no “amor de Deus”, que tomou a iniciativa, enviando Jesus ao mundo. E continua na comunidade cristã mediante “a comunhão do Espírito Santo” que cimenta e organiza os cristãos, dando-lhes força para agir solidariamente entre si, em perfeita harmonia que reflita a harmonia da Trindade.
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