DIGNIDADE SACERDOTAL
Há dias que sinto no coração o desejo de escrever sobre o sacerdócio.
Na verdade mal sei como começar, sei apenas que devemos ver a questão desde o início, o como, desde sempre, Deus quis que se portassem os seus representantes aqui na terra. De fato, desde os tempos imemoriais, os sacerdotes foram suscitados por Deus entre os filhos do seu povo, para cumprir a mais sublime de todas as missões jamais havidas na terra: a de conduzir os filhos de Deus, para os braços do Pai Eterno.
E nada, além disso, lhes será pedido. Assim, mais importantes que os reis, príncipes e governantes, os sacerdotes foram criados para serem os luzeiros do povo de sacerdotes, e sua importância na história da nossa salvação é singular e indispensável.
O grande problema em nossos dias é a constatação de que 99% - vejam o número assustador que o meu coração aponta – dentre todos os sacerdotes do planeta – mesmo os bons – não fazem a mínima idéia do que seja o verdadeiro sacerdócio nem da responsabilidade tremenda que ele acarreta.
E vou emendar colocando mais uma coisa que dará vigor àquilo que disse na frase anterior: metade da soma total das penas sofridas no Purgatório, por todas as almas que lá caem é cumprida pelos sacerdotes que não respondem a Deus na altura do chamado, pelos dons recebidos.
De fato, se eles tivessem sequer uma noção daquilo que Deus espera deles, muitos fugiriam antes de receber o sacramento da ordem. Nem entrariam nos seminários!
Nós divulgamos largamente no Livro Salvai Almas 1, uma mensagem aos sacerdotes, onde os elevamos em poder e dignidade, até mesmo acima de Nossa Senhora – cada um no sentido que lhe é inerente – e sei que muitos padres leram.
E muitos gostam que seja assim, mas existem os que se fiam na doce ilusão de que isso serve para todos os sacerdotes sem exceção, sem se dar conta de que para ter direito a este tratamento régio, requer-se deles a correspondente santidade, exigida por Deus e assim também devida, que seu sagrado ministério exige.
Aquele texto é para os padres santos, para os que buscam a santidade, jamais para os que desonram seu chamado, tornando-se atém em causa de juízo e de condenação, para si e para s almas.
Tudo começa exatamente pela falta completa de noção do que seja uma alma; do valor que Deus dá a cada uma delas.
Jesus nos tem dito que uma alma sozinha vale mais do que o Universo inteiro, com tudo aquilo que ele contém de material.
Significa então que a responsabilidade por este tesouro infinito é multiplicada pelo número de fiéis que são colocados por Deus sob a guarda de cada sacerdote. Isso torna nossos padres nos guardiões do mais infinito dos tesouros de Deus, numa conta que excede a todos os cálculos, e ultrapassa todas as matemáticas humanas. E será mesmo que algum deles, no fundo de seu coração, cumpre com toda a força de sua alma a extraordinária missão que Deus lhe confiou? O sacerdote deve arder de zelo pelas almas, dar a sua vida por elas como O fez o Mestre e para mais nada existe o sacerdócio católico.
Claro, entram aqui as fragilidades humanas. Entram também as ocasiões cada vez mais escancaradas de pecado, e acima de tudo entra a má formação dos sacerdotes. O fato é que milhares deles agem erradamente, porque são ensinados desta forma. Todo aquele padre que é vacinado, induzido e totalmente cegado pela lavagem cerebral da falsa teologia marxista da libertação, não pode jamais chegar à santidade, exatamente porque – contrariando o Evangelho do Amor – prega em síntese a violência e o ódio. Prega o desamor! Prega a luta de classe! Prega o ódio da opção apenas pelos pobres, quando Jesus veio para todas as ovelhas perdidas da casa de Israel. Ricos ou pobres! Livres ou escravos! Deus quer que todos sejam salvos e conheçam a verdade!
Da mesma forma se pode falar de todos aqueles sacerdotes que se afundam em mil estudos teológicos, cheios de elucubrações verbais, de palavras difíceis e cheios de citações que lhes acabam esmagando os miolos. Saem das faculdades pensando que entendem de Deus, quando nem sequer O estudaram de fato. Se estudassem a Deus eles aprenderiam que Aquele que é Eterno e Infinito, não comporta estudos nem teologias complexas, exatamente porque Deus é a essência da simplicidade.
Eu não consigo entender um só estudo filosófico ou teológico, por maior que seja o dom do discernimento que a graça de Deus me concedeu, e sem mérito particular algum. E creio que em tantos séculos, se pode dizer que foram raríssimas as conversões com estes livros. Porque o povo que busca a conversão não os entende! Mas há milhares de conversões com nossos livrinhos simples. E sem imprimatur! Que doutores não lêem!
Claro, temos os escritos dos grandes santos, mas não se trata disso. E estes podem ser considerados como doutrina, não teologia divagante como a que ainda hoje se vê. Isso tem sido a causa da formação deturpada de milhares de sacerdotes, que saem dos seminários conhecendo os escritos de todos os hereges, mas desconhecem tudo, mesmo o mais elementar sobre a vida dos grandes santos e verdadeiros doutores.
Isso, porém não lhes serve de desculpa, uma vez que o simples fato de não entenderem tais verdades se deve á quase absoluta falta de oração, à quase nenhuma adoração praticada por eles, pois querem os seminários atuais como fábricas de doutores, não de santos. Se a Igreja precisasse de doutores, Jesus os teria formado! Se precisassem de teologias, teria se aliado ao Sinédrio, não ido buscar reles pescadores.
A Igreja de hoje carece profundamente de padres santos. Carece antes de seminaristas santos, jovens que desde o berço se acostumaram a uma vida de oração, mais austera e firme, jovens de bom caráter adquirido em famílias santas.
Já escrevi outras vezes e volto a repetir: se o seminário admitir um jovem, que ao final do primeiro ano não tiver fortaleza interior suficiente para rezar o Rosário, todos os dias sem exceção, pode mandar embora, porque nunca será um sacerdote santo. Será perda de tempo e de dinheiro investir na formação dele, até porque nem será um bom pai de família se assim permanecer.
O seminário deve ser um celeiro de santos, que começa com um reitor santo, e com formadores também santos. Seminário de doutores se tornará em fábrica de hereges, em fundadores de igrejas particulares e em células desobedientes. Ademais, estudar filosofia e teologia com os professores do diabo, jamais produzirá bons pastores, antes uma alcatéia de lobos.
Fato é que o mundo morre sem os sacerdotes... Santos! Em verdade existe hoje em nossos seminários uma maligna tendência de preparar teólogos, quando volto sempre a insistir, este tipo de título não entra no Céu. Os grandes teólogos assim considerados pela Igreja, não converteram os hereges pela glória dos seus títulos e sim pela santidade de vida.
Pelos joelhos cravados no chão e não pelos traseiros sentados em bancos de teologias. Doutor não converte ninguém, só perverte. Doutor em Deus logo vira dono Dele, e assim jamais O compreenderá.
Sim, porque Deus não age no orgulho nem na grandeza, somente na humildade e na pequenez. Padre doutor nunca entenderá seu povo simples, nunca o escutará, e sempre quererá fazer um deus de acordo com seu umbigo. Achará que toda a paróquia deve girar em torno dele, não de Jesus.
Eis ai o motivo pelo qual tem caído tanto a qualidade dos nossos sacerdotes, nem sempre por culpa deles, mas sempre por culpa de alguém da Igreja. Basta olhar para a humildade curvada de um Padre Pio, ou da face macilenta do Cura de Ars, para sentir de onde brota a força que converte ou para um beato João Paulo II.
O Espírito Santo não habita nos títulos, quem se O encontre nos joelhos ao chão e as mãos postas em oração. Olhem os grandes santos da Igreja, que converteram milhares de hereges e batizaram milhares de pagãos. A força que os impeliu a isso, não foi jamais a que brota dos longos estudos filosóficos, mas do zelo incansável pelas almas que Deus lhes confiou.
E vejam que o zelo pelas ovelhas e a santidade do sacerdote não foi pedida por Deus, apenas para os dias de hoje, e mais do que nunca hoje.
No livro do Levítico, capítulo 21, Javé passa a Moisés e este a Aarão e seus filhos – e dali pelas gerações – uma série de exigências e de obrigações que realmente deveriam preocupar a todos os sacerdotes, e isso ainda hoje. São textos assim que eles deveriam estudar e neles se aprofundar, para saberem o quanto Deus preza aos que recebem o Sacramento da Ordem. E também o quanto exige deles.
Abaixo seguem alguns versículos, dos quais retirei as partes relativas ao casamento deles e das coisas relacionadas a sua prole.
1 O Senhor disse a Moisés: "Dize aos sacerdotes, filhos de Aarão, o seguinte:... 4 Ele, sendo chefe no meio de seu povo, não se tornará impuro, para não se profanar. 5 Os sacerdotes não rasparão a cabeça, nem os lados de sua barba, e não farão incisões em sua carne. 6 Serão santos para o seu Deus e não profanarão o seu nome, porque oferecem ao Senhor os sacrifícios consumidos pelo fogo, o pão de seu Deus. Serão santos. .... 8 Terás, pois, o sacerdote por santo, porque ele oferece o pão de teu Deus: ele será santo para ti, porque eu, o Senhor que vos santifico, sou santo...
Vejam, aqui a referência seguida á obrigação da santidade de vida. Percebam o quanto descumpre a missão um sacerdote impuro, destes que tantos escândalos têm causado à Santa Igreja.
E tantas lágrimas a Jesus. Claro que podem mudar certos conceitos com o evoluir da sociedade, como por exemplo, a questão da barba e o corte dos cabelos, mas sem duvida o cuidado e o asseio exterior deve ser preocupação de cada um deles, sem exageros. Eles que hoje distribuem o ‘Pão de Deus’, quando estão no lugar de Deus – porque são de fato o próprio Deus em serviço – devem manter-se em santidade de vida, para que não contaminem as ovelhas.
10 O sumo sacerdote, superior aos seus irmãos, sobre cuja cabeça se derramou o óleo de unção, e que foi estabelecido para revestir as vestes sagradas, não descobrirá a sua cabeça, e não rasgará as suas vestes. ... 12 Não sairá do santuário de seu Deus, e não o profanará, porque o óleo da unção de seu Deus está sobre ele como um diadema. Eu sou o Senhor. ... 15 Não desonrará sua linhagem no meio de seu povo: pois sou eu, o Senhor, que o santifico."
O Papa e os bispos, superiores aos sacerdotes em dignidade, sem dúvida carregam também sobre os ombros maior responsabilidade. Eles nunca deveriam de fato se apresentar sem a cabeça coberta e sem ostentarem os sinais de sua comenda, como o fazem os generais e outros comandantes dos exércitos. Eles não são pessoas comuns, mas absolutamente incomuns! Sua missão e responsabilidade atingem o infinito! E quantos deles desonram suas dioceses, respaldando atitudes indignas cometidas por seus sacerdotes, para a ruína da Igreja. Felizmente, embora os prejuízos financeiros havidos com indenizações, no fundo isso trás um bem para a Igreja, porque a torna pobre, a faz voltar á manjedoura, de onde nunca deveria ter saído. Da humildade! Dos braços e do colo de Maria.
16 O Senhor disse a Moisés: 17 "Dize a Aarão o seguinte: homem algum de tua linhagem, por todas as gerações, que tiver um defeito corporal, oferecerá o pão de seu Deus. .... 21 Homem algum da linhagem de Aarão, o sacerdote, que for deformado, oferecerá os sacrifícios consumidos pelo fogo. Sendo vítima de uma deformidade, não poderá apresentar-se para oferecer o pão de seu Deus. ... 23 Não se aproximará, porém, do véu nem do altar, porque é deformado. Não profanará meus santuários, porque eu sou o Senhor que os santifico". 24 Tais foram as palavras de Moisés a Aarão e a seus filhos, bem como a todos os israelitas.
Se o Senhor Javé nos tempos idos exigia dos seus sacerdotes serem tão perfeitos no corpo, mais ainda exigirá hoje deles em perfeições na alma. Ele jamais deverá então se por diante do altar em estado de falta, especialmente falta grave, para não cometer o mais nefando de todos os pecados sacerdotais, o sacrilégio. Quantos templos, quantas igrejas profanadas por estes comportamentos. Quantas comunidades afundadas na divisão! Quantas ovelhas fugindo do redil, rumo às verdadeiras prisões das almas, lá onde nunca encontram água fresca e pastos verdes, apenas água salobra e grama seca, exatamente por causa do mau comportamento de alguns sacerdotes.
O falar mal significa denegrir a imagem do padre, nem sempre tendo a devida certeza de tudo que se diz dele, significa enlamear seu nome ainda mais, sentindo como que prazer em fazer isso. Nunca se deve esconder os erros e vícios, mas jamais colocar isso aos quatro ventos. Acima de tudo, devemos rezar muito pelos sacerdotes, porque se cada pessoa comum tem um demônio que o tenta, cada padre tem cinqüenta. Claro, se cada pessoa tem um anjo da guarda, cada padre tem cem deles.
E todo sacerdote que tiver de fato a humildade pedida por Jesus, se for um homem de oração, sempre entenderá estes mistérios que Deus tem nos mostrado, e jamais nos combaterá. Somente os doutores negam o óbvio ululante, porque transformam Deus em propriedade particular e fazem-se igualmente proprietários da Igreja. Tanto que a maioria já tem a sua.
O sacerdote então, para ser grande diante de Deus, precisa ser servo entre os homens. Se Jesus veio para ser e não para ser servido, que se dirá do sacerdote? Na realidade o sacerdote é – como Jesus, e no lugar Dele – o próprio Deus em serviço. Será tão duro ou tão difícil seguir os passos de Jesus, que é manso e humilde de coração?
Vejam o quanto é extraordinária a missão de um sacerdote santo, que no confessionário se coloca no lugar de Deus e pode perdoar pecados. Que felicidade e alívio ele pode trazer às almas, quando as atende com humildade, com caridade cristã e as absolve. Que extraordinário quando ele ouve a um leigo atentamente, quando este o alerta para um possível erro. Que fantástico quando ele celebra a Santa Missa com amor e verdadeira dignidade, com a alma limpa, com unção e devoção. Que supremo efeito quando ele se entrega como Jesus ao Mistério do Calvário, onde se faz outro Cristo.
Por outro lado, não existe erro mais terrível cometido por um sacerdote, do que quando ele nega uma confissão, seja em que circunstância for. Se um sacerdote fecha os ouvidos aos brados de uma alma, torna-se num pastor surdo, e Deus se tornará surdo também para ele. No confessionário é que o sacerdote se santifica. É ali que ele ganha o grande Céu, porque torna possível às ovelhas o se alimentarem dignamente do Pão da vida eterna. No confessionário o sacerdote senta-se no tribunal de Deus – que vem para salvar e não condenar – e pelo perdão abre as portas do céu para as suas ovelhas. Multidões delas. É o perdão que abre as portas da eternidade feliz!
A†Ω
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