«Dar bons frutos»
S. Mateus 7,15-20.
«Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes.
Pelos seus frutos, os conhecereis.
Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos.
A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má, dar bons frutos.
Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo.
Pelos frutos, pois, os conhecereis.»
Reflexão:
«Dar bons frutos»
Amemos a Deus, irmãos, sim, mas à custa dos nossos braços e do suor do nosso rosto. Com efeito, os atos de amor a Deus, de bondade, de benevolência, e de outros afetos parecidos, e as práticas interiores do coração sensível são, embora bons e desejáveis, inúmeras vezes assaz suspeitos por não chegarem a ser prova dum amor real. «Nisto, diz Nosso Senhor, se manifesta a glória de Meu Pai: em que deis muito fruto» (Jo 15,8).
É em relação a isso que devemos redobrar a nossa atenção, porque muitos há que, tendo o seu exterior bem cuidado e o seu interior cheio de nobres sentimentos de Deus, ficam por aí; frente aos fatos ou chamados a agir perante as ocasiões, perdem o fôlego. Orgulham-se da sua imaginação fecunda, contentam-se com os doces diálogos que mantêm com Deus na oração e falam até deles como se fossem anjos; mas, saindo daí, quando se trata de trabalhar por Deus, de sofrer, de mortificar-se, de ensinar os indigentes, de ir à procura da ovelha perdida (Lc 15,4), de gostar que lhes falte alguma coisa, de aceitar a doença ou outra desgraça qualquer, pronto! não fica ninguém, foge-lhes a coragem. Não, irmãos, não tenhamos ilusões: toda a nossa missão consiste em passar aos atos.
São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas
Exercícios Espirituais aos Missionários, fragmento 171
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