As provas da Realeza de Maria – Parte III (final)
2. A SAGRADA ESCRITURA
a) Maria, profetizada e prefigurada no Velho Testamento como "Rainha". No
Velho Testamento, a Realeza de Maria foi profetizada e prefigurada. Foi
predita por Davi, seu antepassado, no Salmo 44, quando, ao descrever as
núpcias do Rei incomparável, o Messias, disse: "Eis as filhas do Rei
para te honrar — a Rainha está a teu lado, com ouro de Ofir... Cheia de
glória é a real menina — pérolas e tecido de ouro são as suas vestes. —
Sobre tapetes bordados, é levada ao Rei — atrás dela, as virgens, suas
companheiras — são levadas a ti; — conduzidas com festiva exultação, —
entram no palácio real" (Sl 44, 10-17). Esta Rainha, como a Esposa do
Cântico dos Cânticos, em sentido alegórico e literal é, além da Igreja e
de modo especial, Maria, o membro mais eminente da Igreja.
Foi prefigurada, em seguida, de modo todo particular, por Betsabé, mãe
do Rei Salomão e por Ester, esposa de Assuero. No livro terceiro dos
Reis (3, 19-20), conta-se que Betsabé dirigiu-se para onde estava o rei
Salomão, seu filho, a fim de interceder a favor de Adonias. O Rei
levantou-se, foi a seu encontro e, voltando a sentar-se, quis que, à sua
direita, sobre outro trono, sentasse também sua mãe. E esta lhe disse:
Venho pedir-te uma pequena graça. Não me deixes voltar abatida! — Pede
então, minha mãe, respondeu o Rei, é muito justo que te satisfaça. — Eis
uma esplêndida imagem do quanto aconteceu e de quanto acontece
continuamente no céu entre Maria e seu divino Filho. Entretanto no céu
no dia da Assunção, onde ia interceder por nós, seu divino Filho foi a
seu encontro e a fez sentar-se à sua direita, sobre um trono vizinho ao
seu. E, às preces da Rainha, o Filho Rei não nega nada.
Outra figura radiosa de Maria Rainha é Ester, esposa do Rei Assuero (Est
2, 17; 5, 3). "O Rei", assim se lê, "amou-a mais do que a todas as
outras mulheres, pôs em sua cabeça um diadema real e a fez Rainha, em
lugar de Vasti. E ordenou que se fizesse um suntuoso banquete para todos
os príncipes e todos os servos, no matrimônio e nas núpcias de Ester...
E concedeu um feriado a todas as províncias, e distribuiu dádivas com
munificência de príncipe... Ester revestiu-se com o manto real e
penetrou no átrio interno do apartamento do Rei e se postou em frente da
sala deste. O Rei estava sentado no trono, colocado no fundo da sala.
Apenas Assuero a viu, apresentou-lhe o cetro de ouro que tinha na mão.
Então, Ester aproximou-se e beijou a extremidade do cetro. E o Rei lhe
disse: Que queres, Rainha Ester? Que pedes? Mesmo que pedisses a metade
de meu reino, ser-te-ia dada". O comportamento de Assuero para com Ester
não é, porventura, uma pálida imagem do procedimento de Jesus, Rei dos
Reis, para com Maria, Rainha das Rainhas?
b) Maria saudada como "Rainha" no Novo Testamento. Profetizada e
prefigurada no Velho Testamento, Maria Santíssima é saudada como Mãe do
Rei e, por isso mesmo, Rainha no Novo Testamento. É saudada como Mãe de
um Rei pelo Arcanjo São Gabriel, na Anunciação. Falando-lhe, com efeito,
do Filho que ela conceberá e dará à luz, diz: "E o Senhor Deus lhe dará
o trono de Davi, seu pai e reinará eternamente na casa de Jacó" (Lc 1,
32). É saudada como "Mãe do Senhor", isto é, do Rei dos Reis, por Santa
Isabel, a qual, como nota o Evangelista, falava sob a moção do Espírito
Santo; "cheia do Espírito Santo" exclamou: "Como me é dado que a Mãe de
meu Senhor venha a mim?" (Lc 1, 44). Também no Apocalipse (12, 5), a
Virgem Santíssima, a mulher vestida de sol e coroada com um diadema de
doze estrelas é apresentada como Mãe de um Filho que deve governar todas
as nações com uma mão de ferro. Isto posto, é muito pequeno e muito
fácil o passo da "maternidade do Rei" para o título de "Rainha". São,
com efeito, expressões que se equivalem.
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