Nem um passo sequer podemos dar no caminho do Céu, sem que Deus preceda,
acompanhe e siga com auxílio de sua graça, como ensina o Concílio
Tridentino; nem dizer Senhor Jesus - podemos sem o Espírito Santo, como
afirma o Apóstolo Paulo (1Cor 12,3). E pois, nossa incapacidade para as
coisas sobrenaturais, nossa ignorância e debilidade, nossas vacilações e
quedas nos reduzem a condição de crianças.
Somos, sim, crianças na ordem da graça, como somos escravos na ordem da
natureza. E assim como a natural escravidão convém acrescentarmos a
escravidão de amor, assim também a esta forçosa infância de Espírito
havemos de juntar outra, voluntária e querida por nós. Esta infância
voluntária é, em certo grau, indispensável, porquanto disse Nosso
Senhor: Se não vos fizerdes como crianças, não entrareis no reino dos Céus (Mt
18,3).
E quanto mais crianças nos fizermos, isto é, quanto melhor
imitamos a humildade e simplicidade das crianças e mais nos abandonarmos
nas mãos de Deus como meninos nos braços de sua mãe, tanto mais
cresceremos na vida espiritual, assim nos ensinam os santos e místicos
da Igreja.
É verdade que poderíamos viver esta voluntária infância
espiritual sem a perfeita Consagração a Nossa Senhora. Sem embargo,
quanto é difícil ser bons meninos sem a educação maternal! Quando falta a
mãe, há na educação do filho um vazio que mais facilmente se
experimenta do que se define, porque se acha no profundo da alma.
Pode-se conjeturá-lo ao refletir nas intuições, nas ternuras, nos
desvelos, nas finas sensibilidades, nas delicadezas sutis que só se
aprendem nos corações das mães.
A direção de Maria devem as almas esse delicado sentido das coisas
divinas, essa fina sensibilidade sobrenatural aos toques da graça, sem a
qual dificilmente pode alguém chegar a ser perfeito. "assim a idéia de escravo de amor dulcifica-se e se idealiza, confundindo-se com a doce idéia de filho.
O
escravo de Maria, para Montfort, é um filho. Mas um filho criança. Não
um menino crescido que acaricia mais sua mamãe, e que, entanto, depende
menos dela. Mas, um pequenino que, sem Ela, não sabe viver. Dela
recebemos em alimento "um leite que é Todo Divino", isto é, a
graça de Deus, que, segundo a doutrina da Igreja, nos é dada por Maria.
Sim, Dela recebemos sempre todo o alimento espiritual, assim como a
criança nos primeiros dias, recebe de sua mãe todo o sustento.
Sem essa
graça, "não podemos começar, nem continuar, nem concluir nada que sirva para a vida eterna." Em todos os passos que damos para o Céu, Nossa Senhora nos leva pela mão...
Perez, Vida Mariana, pág. 66 ss.
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