10º DOMINGO DO TEMPO COMUM
09 de junho de 2013
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“Ele veio devolver a vida”
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Leituras:
Primeiro Livro dos
Reis 17, 17-24;
Salmo 29 (30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R/ 2a.4b);
Gálatas 1, 11-19;
Lucas 7, 11-17.
COR LITÚRGICA: VERDE
Nesta Páscoa semanal de
Jesus, somos convidados a ter os olhos abertos para encontrarmos o grande
profeta, capaz de trazer a vida e, mais que isso, capaz de restituir a vida até
mesmo onde a morte já plantara sua semente. A dinâmica da ressurreição cria na
comunidade a capacidade de se “revoltar” contra a morte de crianças e de jovens
não permitindo que as mesmas sejam consideradas como algo “normal”.
1. Situando-nos
Hoje, mais uma vez, nosso Deus, “fonte de todo o bem” (Cf. Oração da Coleta de hoje), nos
reúne e nos dá a graça de ouvirmos sua Palavra de vida e celebrarmos a
Eucaristia. Ele nos fala com muito carinho e, com mais carinho ainda nos
oferece depois um banquete em memória da morte e ressurreição de Jesus. Por
isso chamamos a Eucaristia também de “ceia memorial do Senhor”.
Esta nossa reunião acontece num contexto mais amplo da vida da Igreja.
Hoje, celebramos a memória do grande ‘apostolo do Brasil’, o beato José de
Anchieta. É bom também lembrar que estamos no mês de junho, mês das festas
juninas, como a do popular Santo Antônio, celebrado na próxima quinta-feira,
dia 13. Quais outros acontecimentos importantes nós poderíamos lembrar?
Neste domingo do Tempo Comum, advento da Jornada Mundial da Juventude –
Rio 2013 nos apresenta Jesus Cristo que “veio devolver a vida”, especialmente
aos nossos Jovens que vivem uma cruel Cultura de Morte: muitos abandonados
pelas Famílias; buscando uma melhor Educação Básica e Ensino Fundamental e
Médio; entregues à falta de oportunidades e perspectivas; engolidos pelas
drogas e balas de “acerto de contas” em tenra idade; inclinados à violência
disparada e à promiscuidade de contravalores.
Imaginemos os gritos para “Aquele que vem em nome do Senhor para a
Jornada Mundial da Juventude – Rio 2013, entre 23 e 28 de Julho próximo, o Papa
Francisco!” sob o tema da mesma: ‘Ide e
fazei discípulos entre todas as nações! (Mt 28,19)’. Quanta esperança
plantada no coração dos milhões de jovens e comunidades, que se preparam para
este evento ímpar em nosso
País.
Agora vamos partilhar um pouco sobre a Palavra do nosso Deus que
acabamos de ouvir. Tomara que, também nesta partilha, possamos sentir, de fato,
a presença do projeto do próprio Jesus que nos explica as Escrituras (Cf. Sagrada Congregação dos Ritos.
Instrução “Eucharistium Mysterium” sobre o culto eucarístico, n.55. Petrópolis:
Vozes, 1967, p.40 (Documentos Pontifícios, n.168).
2. Recordando a Palavra
Estamos em Naim, um povoado da Galileia. Próximo, portanto, de Nazaré.
Próximo também de Cafarnaum, aonde Jesus, como vimos domingo passado, curou o
empregado daquele oficial romano, portanto um pagão, que acreditou em Jesus
mais do que os judeus.
É para o povoado de Naim que Jesus se desloca e, claro, os discípulos e
“uma grande multidão” iam com ele. Podemos imaginar uma verdadeira procissão!
Apenas chegando ao povoado, eis que se depara com um cortejo fúnebre. Uma
senhora viúva, ao lado do caixão, chorava copiosamente a perda de seu único
filho. Jesus, ao ver a aflição daquela mulher, moveu-se de compaixão para com
ela e lhe dirigiu uma palavra de consolo: ”Não chore!”.
Aproximou-se, então, e tocou o caixão. As pessoas que o carregavam
pararam. Jesus, emite uma palavra de ordem: “Moço, levanta-te!”. O morto
levantou-se, começou a falar, sendo então entregue por Jesus à mãe. Observemos
um detalhe: o povo toda dali, que estava ao redor, ficou com muito medo e, ao
mesmo tempo, dava glórias a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre
nós e Deus veio visitar o seu povo”. Deus veio visitar o seu povo!
Evidentemente, a notícia logo se espalhou por todos os lados.
Encontramos história parecida com esta, de um defunto, filho único de
uma senhora viúva, voltar a viver, lá no século 8º antes de Cristo. Trata-se da
história do filho de uma viúva do povoado de Sarepta, generosa hospedeira do profeta
Elias (Cf. 1Rs 17,7-16). Tempo de seca. A situação do povo era grave. Para
piorar, o filho daquela dona de casa morre (v.17). Imaginem a situação daquela
mãe: viúva, e, agora, totalmente sem arrimo, e havendo possibilidade de aos
poucos bens do falecido passaram para as mãos de juízes gananciosos!
Consternada, com o filho morto nos braços, “se queixa contra o profeta.
Ela supõe que a presença do homem de Deus, que pune o erro dos pais e filhos.
Noção cruel de Deus (...) O profeta toma o menino no colo, sobe ao piso
superior, coloca-o na cama, suplica a clemência para a viúva, e procede a um
ritual estranho: deita-se três vezes sobre o menino e de novo suplica para que
torne a viver. O profeta se mostra, assim, instrumento de vida, suplicando ao
Deus da vida. E o menino revive” (J.
Bortolini. Roteiros homiléticos, p.613).
Elias desce, entrega o menino vivo à mãe que, diante do acontecido, muda
completamente de ideia. Ela reconhece que Elias é realmente o profeta por meio
do qual se cumpre a palavra do Senhor. Diz ela: “agora vejo que és um homem de
Deus, e que a palavra do Senhor é verdadeira em tua boca” (v.24).
Duas histórias parecidas, com conteúdos complementares. Enquanto, na
história vivida em Sarepta, a viúva reconhece o profeta como ”um homem de Deus”
(v.24), na história a ressurreição do jovem de Naim, Jesus é visto pelo povo
como “um grande profeta que apareceu no meio de nós” e, na sua pessoa, “Deus
veio visitar o seu povo”. O Evangelho o apresenta como sendo o próprio “Senhor”
(cf. v.13). É desse Senhor que Paulo nos diz que lhe foi revelado como Filho de
Deus a ser anunciado aos pagãos, como vimos na segunda leitura.
3. Atualizando a Palavra
Em Israel, no tempo de Jesus, a situação da mulher viúva era a pior que
existia. Ela tinha que se “virar sozinha” para sustentar a si e aos filhos. Os
filhos eram para ela a esperança de sua velhice. Agora, imaginem a situação de
uma viúva, cujo filho único vem a morrer. Pois bem, a Palavra de Deus nos conta
hoje ”como respectivamente Elias e Jesus ressuscitam um filho de uma viúva:
Elias, com muito trabalho; Jesus, com um toque de mão. Se Elias era um ‘homem
de Deus’, um profeta, Jesus é o ‘Senhor’, e o povo exclamou: ‘Um grande profeta
nos visitou! Deus visitou o seu povo’!” (J.
Konings. Liturgia dominical, p. 420).
Deus visitou seu povo! E como o fez? Sabemos que “quando um governador
ou presidente visita uma cidade, dificilmente vai parar para se ocupar com um
cortejo que casualmente cruza seu caminho. Vai ver o prefeito, isso sim. Mas o
Filho de Deus se torna presente à vida de uma pobre viúva que esta levando seu
filho – sua esperança – ao enterro. Deus visita os pobres e os pecadores: a
viúva, Zaqueu...Aqueles que são abandonados pelos outros. Em Jesus, Deus nos
mostra o caminho que conduz aos marginalizados” (Ibid, p.421).
A divina Palavra nos mostra que o sistema de Deus é bem diferente do
nosso. “Enquanto que nós gostamos de investir naqueles que já tem poder e
influencia, Jesus começa com aqueles que estão à margem da sociedade. O Reino
de Deus começou na periferia. E revela-se um Reino de vida para os deserdados”
(Ibid).
Há ainda mais outro detalhe. A visita de Deus leva o povo também a
sentir uma natural responsabilidade: a “responsabilidade da gratidão. O que
povo fez? Ele espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar
valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão por
Deus, que fez grandes coisas aos pequenos. Muitos ainda não são capazes disso.
Não sabem se alegrar com a visita de Deus aos pequenos. Por isso lhes escapa a
grandeza da visita. Mas, afinal, quando é que sentimos. Deus mais
verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade, ou quando
um gesto de amor atinge uma pessoa carente?” (Ibid).
4. Ligando a Palavra com a ação
eucarística
Logo mais, durante a liturgia eucarística, louvaremos e bendiremos nosso
“Pai misericordioso e Deus fiel” que nos deu “seu Filho Jesus Cristo, nosso
Senhor e Redentor, que sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e
pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e
marginalizados”.
Louvamos nosso Deus, porque esse Jesus nos mostrou, com sua vida e
palavra, que temos um Pai que cuida de todos como filhos e filhas. Ao mesmo
tempo, pedimos que o Senhor Deus, por seu Espírito, nos dê “olhos para ver as
necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs”; que ele nos inspire
“palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos”; e que, “a exemplo
de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a
eles”.
E pedimos que a Igreja de Deus, que somos todos nós, “seja testemunha
viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade
se abra à esperança de um mundo novo” (Cf.
Oração Eucarística VI D, para diversas circunstâncias).
Enfim, que Deus misericordioso, que por Jesus Cristo e seu Espírito vem
curar nossos males, modele nossos corpos por esta Eucaristia, libertando-nos
das más inclinações e orientando para o bem a nossa vida (cf. oração depois da
comunhão de hoje).
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